Refugiados

Araguaína cria comitê de assistência emergencial aos mais de 100 indígenas da Venezuela

São 18 famílias que estão abrigadas em uma casa no Setor Tiúba.

Por Joselita Matos
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29/06/2021 15h59 - Atualizado há 2 anos
Mais de 100 indígenas estão vivendo em Araguaína

Para resolver a situação dos imigrantes venezuelanos em Araguaína, a Prefeitura criou o Comitê Municipal Consultivo de Assistência Emergencial. Atualmente, há 105 indígenas da etnia Warao na cidade residindo em uma casa no Setor Tiúba.

O objetivo do Comitê é aprimorar suas ações e atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade social, com a participação de diversas instituições governamentais e civis na busca por uma atuação conjunta e coordenada. A primeira reunião foi realizada nessa segunda-feira, 28, em modo remoto.

Situação dos indígenas venezuelanos

De acordo com o secretário da Assistência Social, José da Guia, a assistência social é tripartite, entre Município e governos Estadual e Federal. “Nós precisamos nos unir para investimentos nessas pessoas e discutir as abordagens, porque é uma situação muito diferente do que estamos habituados”, explicou.

As famílias venezuelanas fizeram seu cadastro junto ao CadÚnico, possibilitando os benefícios do Governo Federal, o que garante alguma renda às famílias. Enquanto isso, o comitê se mobiliza para traçar um plano de atuação, que inclui ações de capacitação para que as famílias possam gerar renda própria.

Até o momento, a atuação da Funamc (Fundação de Atividade Municipal Comunitária) visa garantir segurança alimentar a essas pessoas por meio da doação de dezenas de cestas básicas e cestas verdes.

Desafios culturais

Para o procurador Thales Cavalcanti Coelho, do MPF (Ministério Público Federal), o principal motivo para imigração do povo Warao é a grande situação de miserabilidade na qual se encontra seu país natal e que é preciso respeitar as diferenças culturais.

Eles têm um conceito de família diferente. Todos têm responsabilidades de proteger e educar as crianças. Outro traço cultural relevante é que eles consideram pedir dinheiro na rua, uma atividade digna econômica e por isso vemos de maneira bem difundida”, disse o procurador.

O professor linguista da UFT (Universidade Federal do Tocantins) Francisco Edviges ressaltou que por não terem conhecimento do nosso idioma e as diferenças culturais, questões que podem parecer de fácil solução são um desafio. O educador ressaltou ainda a importância de se considerar a instalação de uma sala de aula exclusiva para os indígenas venezuelanos, já que a tentativa de inclusão imediata em nosso sistema educacional traria prejuízos, em termos de aprendizado e cultura.

Dados

Os 105 estão divididos entre 18 famílias, compostas por homens (38), mulheres (24), crianças com menos de 14 anos (38), adolescentes de 14 a 17 anos (2), idosos (2) e autodeclarado transsexual (1). Dentre as mulheres, há quatro grávidas. Outra pesquisa realizada pela Assistência Social indica que dos 105, 84 têm CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) e 21, não.

União de forças

O comitê foi criado pelo prefeito Wagner Rodrigues, com Decreto 052, que foi publicado no Diário Oficial de 21 de junho.

O grupo, que tem gestão da Secretaria Municipal da Assistência Social, Trabalho e Habitação, é composto pelas também secretarias municipais da Saúde, Educação, Captação e Gestão de Recursos, Procuradoria Geral do Município, Demupe (Departamento de Postura e Edificações), instituições de ensino superior, polícias Civil, Militar e Federal, ministérios públicos Federal, Estado e do Trabalho, DPE (Defensoria Público do Estado), Conselho Tutelar, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), FUNAI (Fundo Nacional do Índio), NUAMAC (Defensoria Pública do Estado) e entidades religiosas.

Além desses descritos do documento, participaram também da reunião representantes da Procuradoria Geral do Estado e Ministério da Cidadania.

105 indígenas venezuelanos vivem em uma casa no Setor Tiúba, em Araguaína

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