Dia dos Pais

Pai modelo ou pai inspiração: Qual deles é você? - artigo do professor e escritor Francisco Neto

Francisco Neto Pereira Pinto é escritor, professor e psicanalista,

Por Redação
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09/08/2024 09h48 - Atualizado há 3 horas
Artigo assinado pelo escritor, professor e psicanalista, Francisco Neto Pereira Pinto.

Este artigo é assinado pelo escritor, professor e psicanalista Francisco Neto Pereira Pinto, em homenagem ao Dia dos Pais.

"Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-los?"

(Vinicius de Moraes)

A PATERNIDADE HOJE EM DIA

Em um mundo pós-moderno, frequentemente descrito pelo sociólogo Zygmunt Bauman como um mundo líquido, a figura paterna se desdobra em múltiplas facetas. Nesta sociedade fluida, o conceito de paternidade evolui constantemente, refletindo a diversidade de experiências e expectativas, não de uma coletividade como um todo, mas de cada indivíduo quanto ao que é ser um pai. Assim, o que vem a ser um bom pai para um pode significar algo bem diferente para outro.

É importante reconhecer também que a paternidade transcende a biologia. Quer seja um pai biológico, quer adotivo, ou através de métodos de reprodução assistida, o que prevalece é o compromisso e a responsabilidade de um adulto em relação a criança - que ele diga para seu filho, sua filha: você é meu, é minha, e eu sou teu pai. Em meio a essa ampla gama de interpretações, dois modelos de paternidade se destacam, cada um refletindo valores e práticas distintas. Neste Dia dos Pais, convidamos você a refletir: entre as várias maneiras de ser pai, qual ressoa mais em você?

O PAI MODELO

No contexto familiar, o papel do pai modelo é visto como um alicerce na formação dos filhos, especialmente dos meninos, ao estabelecer um padrão de comportamento e valores, colocando-se como um ideal. Acredita, nesse caso, que é dever do pai ser um exemplo a ser seguido, criando um modelo identificável para o filho, enquanto a mãe faria o mesmo para a filha. Essa noção remonta a um tempo não tão distante, quando as expectativas sociais em relação aos papéis de liderança eram mais definidas e amplamente aceitas.

Segundo o psicanalista Jorge Forbes, havia um consenso sobre o que significava ser um pai, um chefe ou um governante, com o pai sendo tipicamente o provedor, o protetor e a autoridade dentro da família. O filho, diante desse modelo, tinha a opção de se identificar ou se rebelar contra ele. De qualquer forma, o pai era o farol que guiava ou desafiava, ou seja, o filho poderia se aproximar, e seguir os passos do pai, ou então tomar um caminho contrário e se afastar, tornando-se um rebelde. Hoje, apesar de um mundo em constante mudança e de valores tradicionais questionados, muitos ainda valorizam e cultivam esse modelo paternal, vendo-o como um meio de oferecer direção e segurança aos filhos em tempos de muita insegurança.

O PAI INSPIRAÇÃO

O pai inspiração, por sua vez, representa uma nova era na paternidade, onde os rígidos padrões de comportamento dão lugar a uma abordagem mais flexível e afetuosa. Ele não se prende à nostalgia de um mundo com poucas regras, mas claras e definidas; pelo contrário, vê a diversidade de padrões como uma oportunidade para exercer a liberdade de escolha. Essa liberdade lhe permite ser o pai que ele escolher ser, não aquele que a sociedade supostamente espera que ele seja. Mais inclinado à afetuosidade do que à imposição de autoridade, ele compreende que a verdadeira autoridade é uma conquista, diferente do autoritarismo, que geralmente é visto como uma espécie de tirania.

O pai inspiração busca ser uma referência de vida para seus filhos, oferecendo um ponto de partida a partir do qual eles possam tecer suas próprias histórias. Enquanto o modelo tradicional enfatiza a disciplina e uma hierarquia vertical, o inspiração valoriza a paixão e uma relação mais horizontal com seus filhos, muitas vezes agindo até mesmo como um amigo brincalhão do que como alguém a ser reverenciado ou temido. Ele mantém seu papel de adulto responsável, mas aborda a relação pai-filho com leveza, entendendo que a hierarquia não deve ser um fardo, mas um meio para guiar e inspirar.

Concluir um artigo sobre o Dia dos Pais é reconhecer que, em meio a tantos exemplos e formas de paternidade, não existe um único modo de ser pai. O pai inspiração e o pai modelo são modos de experiências que refletem a diversidade de estilos parentais, sem que um seja superior ao outro. A verdadeira essência da paternidade reside na capacidade de amar e se dedicar aos filhos, independentemente do modelo seguido.

Inspirado no Poema Enjoadinho de Vinicius de Moraes, que abre este texto, ser pai é embarcar numa jornada repleta de desafios e alegrias únicos, onde o sacrifício se entrelaça com o amor incondicional. No fim, o que realmente importa é o compromisso sagrado de um pai que, por amor, está disposto a tudo pelos seus filhos. E é essa aventura, com todas as suas delícias e angústias, que faz da paternidade uma experiência sem igual.

Sobre o autor

Francisco Neto Pereira Pinto é Psicanalista, Escritor e Professor. Doutor em Letras. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura da UFNT. É autor dos livros infantis O gato Dom e Você vai ganhar um irmãozinho, que estão disponíveis na Amazon. Siga o autor no instagram: @francisconetopereirapinto

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