<div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:14px;"><u><strong>Arnaldo Filho</strong></u><br /> <em>Portal AF Notícias</em><br /> <br /> A cobrança de um eleitor ao par de sapatos supostamente prometido por um vereador durante a campanha eleitoral repercutiu muito, principalmente nas redes sociais. Não seria para menos, visto a desenvoltura do fato, digamos inusitado. No entanto, duas coisas me chamaram atenção neste caso: <strong>a identidade assumida por muitos eleitores araguainenses</strong> e a <strong>postura adotada pela Câmara diante de assuntos tão ínfimos</strong>, visto por uma problemática maior chamada ARAGUAÍNA.<br /> <br /> <strong><u>O eleitor</u></strong><br /> <br /> Independente do perfil do eleitor que tenha cobrado o par de sapatos prometido durante campanha eleitoral, essa situação é mais comum do que se imagina, tanto por parte do povo [que pede] quanto dos representantes [que prometem]. Esse caso me fez lembrar a fala de um vereador quando eu questionei sua avaliação durante a campanha eleitoral. Ele me respondeu: “Arnaldo, estamos sendo muito cobrados”. Fiquei inicialmente satisfeito com a resposta: “Muito bom. Isso mostra como o eleitor quer mudanças”. No entanto, para minha tristeza, o candidato deu sequência ao raciocínio: “Não! O povo tá cobrando é dinheiro, emprego, materiais de construção e tudo mais”.<br /> <br /> Uma situação dessas reflete o atual cenário político-eleitoral do Brasil. Dessa forma, não mais apenas o político leva a carapuça da corrupção, mas muitos eleitores infelizmente estão se rendendo a ela também.<br /> <br /> Episódios como esses enfraquecem a democracia e permitem a manutenção do poder nas mãos dos poucos privilegiados, aqueles que têm condições de atender aos pedidos meramente eleitoreiros. Infelizmente, vejo essa má tendência do “voto vendável” já impregnada inclusive na juventude. <br /> <br /> Agora, apesar de estarmos vivendo uma época em que a palavra já não tem mais tanto valor, promessa é dívida. Se o candidato fez a promessa, tem que cumprir. Mas não é esse o foco de nossa discussão.<br /> <br /> <u><strong>Os nossos representantes</strong></u><br /> <br /> O que deixou os vereadores irritados não foi o fato da cobrança ter sido feita no plenário da Casa de Leis, mas sim a postagem no Facebook do estudante Stoff Vieira com a frase: “Paga o sapato do homem vereador...”. Já era de se esperar que a situação rendesse muitos comentários.<br /> <br /> Quem assume uma função pública, seja como vereador ou prefeito, precisa está emocionalmente preparado para lidar com situações indesejadas e muitas críticas, inclusive destrutivas. Afinal de contas, isso é bastante natural quando expomos nossos pensamentos. O político precisa saber quando se deve avançar, quando recuar, e principalmente, quando é preciso levar a situação, digamos, na esportiva.<br /> <br /> Não foi o que aconteceu nesse caso. Houve parlamentar que sugeriu à Presidência da Câmara que fossem tomadas medidas judiciais. No meu entendimento, precipitadas já que a intenção é preservar a imagem da Casa de Leis e dos parlamentares. Uma atitude dessas irá apenas expor ainda mais a imagem do Legislativo, diga-se de passagem, amplamente desgastada pela legislatura passada. <br /> <br /> Na vida tudo é passageiro, entretanto, essa passagem pode ser rápida ou demorada, tudo vai depender da relevância dada a alguns fatos. O “caso do sapato” só está tendo tanta repercussão pela relevância que foi dada ao assunto pelos próprios parlamentares. Não fosse isso, logo cairia no esquecimento. <br /> <br /> Ademais, dada a significância de ARAGUAÍNA e a insignificância de se criar uma discussão em torno de um par de sapatos, não custa nada lembrar que temos assuntos importantíssimos para serem debatidos. Avante Legislativo!</span></div>