<div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:14px;"><u><strong>Arnaldo Filho</strong></u><br /> <em>Opinião</em><br /> <br /> Não quero ser injusto, nem tampouco expor a classe, ao fazer uma comparação entre o salário de um professor tocantinense e as benesses que a vida pública oferece aos ditos “políticos”. Esse parâmetro justifica-se pelo fato de que o Governo do Estado, hora ou outra, divulga que a educação tocantinense está entre as mais bem pagas do Brasil. <br /> <br /> <strong><u>Auxílio-moradia</u></strong><br /> <br /> Nós tocantinenses assistimos recentemente mais uma farra com o dinheiro público, o que demostra nitidamente o nível de imoralidade com que os agentes políticos tratam o suado dinheiro proveniente dos nossos tributos. O auxílio-moradia aos deputados estaduais, instituído em 21 de março, apenas justifica que a justiça social no Tocantins é apenas uma farsa, e que a classe política dificilmente será os representantes do povo, mas sim dos próprios interesses.<br /> <br /> Como justificar que um deputado estadual receba R$ 3.429,50 para aluguel enquanto milhares de tocantinenses não têm condições de pagar um aluguel de 300 reais? Como justificar ainda este benefício no mesmo Estado em que o “professor mais bem pago do Brasil”, pós-graduado, recebe pouco mais de R$ 3.200,00 por 40 horas semanais em sala de aula? Como justificar também um auxílio aos que já são agraciados com salários de R$ 20 mil e outras verbas que somam mais de R$ 60 mil mensais?<br /> <br /> E pasme: apesar do auxílio, mais da metade dos deputados estaduais já têm mansões na Capital. Mas defenderam ou simplesmente concordaram com o benefício.<br /> <br /> <u><strong>Do lado oposto</strong></u><br /> <br /> Para termos noção do absurdo, dados apontam que só em Araguaína o déficit habitacional chega a 15 mil casas. Aqui, o auxílio-moradia às famílias vítimas das enchentes e áreas de risco é de 300 reais mensais.<br /> <br /> É justamente a ausência de respostas convincentes para estas perguntas que nos faz olhar para o político como alguém sempre corrupto, covarde e preocupado apenas com os próprios interesses. E tudo isso tem seu custo: o jovem Tocantins está entre os dez estados com maior carga tributária do Brasil.<br /> <br /> <u><strong>Quem abriu mão do benefício</strong></u><br /> <br /> Apenas dois deputados abriram mão do benefício, são eles: Sargento Aragão (sem partido) e Marcelo Lélis (PV). Os demais veem como justo e necessário.<br /> <br /> <u><strong>Quem são os beneficiados</strong></u><br /> <br /> Esta é a relação dos deputados que concordam com o benefício, seja por defendê-lo explicitamente ou por manterem uma postura de conivência e não se posicionarem sobre o assunto.<br /> <br /> São eles: Sandoval Cardoso (presidente da AL que instituiu o benefício); Josi Nunes, Eduardo do Dertins, Vilmar do Detran, Iderval Silva, Eli Borges, José Augusto Pugliesi, Wanderlei Barbosa, Raimundo Palito, Manoel Queiroz, Luana Ribeiro, José Geraldo, José Bonifácio, Amélio Cayres, Stalin Bucar, Marcelo Lelis, Freire Junior, Raimundo Moreira, Solange Duailibe, Amália Santana, Zé Roberto , Toinho Andrade, Osires Damasco.<br /> <br /> Além destes, são também beneficiados os suplentes Jorge Frederico e Carlão da Sanetins.<br /> <br /> As justificativas dos nobres deputados estaduais para aprovar ou concordar com certas imoralidades são sempre as mesmas: “se os deputados federais têm direito nós também temos”. Uma imoralidade justificando a outra. Ou seria, imoralidade em efeito dominó? <br /> <br /> <strong><u>Nossa responsabilidade</u></strong><br /> <br /> Apesar de não respondermos diretamente pelas ações dos deputados, somos responsáveis pelo nosso voto. Aqui devemos pensar se queremos manter no rol dos privilegiados aqueles que elencam os próprios interesses como prioridades. Portanto, temos a reponsabilidade de acompanhar estas ações e não esquecê-las posteriormente. <br /> <br /> <u><strong>O impacto do auxílio-moradia</strong></u><br /> <br /> O impacto do auxílio-moradia aos cofres da Assembleia Legislativa será de R$ 82.308,00 ao mês. Por ano, cada parlamentar receberá R$ 41.154,000 para esta finalidade o que significa que, num mandato de quatro anos, será gasto a quantia de R$ 164.616,00 com cada parlamentar. Multiplicando-se pelo total de deputados, significa dizer que o gasto, durante um ano, do parlamento será de R$ 987.696,00. Durante os quatro anos de mandato, a Assembleia vai gastar com o pagamento do benefício um total de R$ 3.950.784,00.<br /> <br /> Quantas casas populares poderiam ser construídas com esse valor? Pense você mesmo.<br /> <br /> Isso é uma IMORALIDADE!</span></div>