Entidades são suspeitas de desviar R$ 10 milhões por ano da saúde

Por Redação AF
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17/12/2012 07h51 - Atualizado há 5 anos
<div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:14px;">Duas entidades que no papel eram sem fins lucrativos s&atilde;o suspeitas de desviar R$ 10 milh&otilde;es por ano da &aacute;rea da sa&uacute;de, segundo investiga&ccedil;&otilde;es do Minist&eacute;rio P&uacute;blico. Dinheiro de impostos que deveria ser investido em hospitais.<br /> <br /> Segundo reportagem do Fant&aacute;stico, quase R$ 1 milh&atilde;o em dinheiro vivo foi encontrado num apartamento em Higien&oacute;polis, &aacute;rea nobre de S&atilde;o Paulo, durante opera&ccedil;&atilde;o deflagrada na &uacute;ltima segunda-feira (11), pelo Minist&eacute;rio P&uacute;blico de Sorocaba (SP).<br /> <br /> Foram apreendidos R$ 952 mil, 8 mil euros, US$ 3.200 e 1 mil pesos argentinos e chilenos. As malas de dinheiro foram encontradas na casa de Fabio Berti Carone. Segundo os promotores, ele &eacute; suspeito de comandar o esquema de desvio de recurso.<br /> <br /> &ldquo;Aquele era um dinheiro que deveria ser aplicado na sa&uacute;de p&uacute;blica&rdquo;, afirma o promotor Luiz Fernando Guinsberg Pinto.<br /> As organiza&ccedil;&otilde;es chamadas Sistema Assistencial &agrave; Sa&uacute;de (SAS) e Instituto SAS eram respons&aacute;veis pela gest&atilde;o de hospitais em Itapetininga, S&atilde;o Miguel Arcanjo, Americana, Ara&ccedil;ariguama e Vargem Grande Paulista, al&eacute;m do Rio de Janeiro e de Ararangu&aacute;, em Santa Catarina. O papel dessa entidades &eacute; o de gerenciar os hospitais, e isso inclui compra de medicamentos e contrata&ccedil;&atilde;o de pessoal. As entidades fazem a gest&atilde;o e o governo paga a conta.<br /> <br /> Para o Minist&eacute;rio P&uacute;blico, no caso dos hospitais administrados pelo SAS e instituto SAS, a conta apresentada &agrave;s prefeituras era maior que os valores realmente gastos. A apura&ccedil;&atilde;o revelou que, embora constitu&iacute;dos na forma de rganiza&ccedil;&otilde;es n&atilde;o-governamentais independentes uma da outra, o SAS e Instituto SAS se confundiriam em uma &uacute;nica organiza&ccedil;&atilde;o criminosa, administrada e comandada pelo mesmo l&iacute;der.<br /> <br /> &ldquo;A finalidade era desviar verbas p&uacute;blicas atrav&eacute;s da emiss&atilde;o de notas frias e contratos superfaturados&rdquo;, disse o delegado Wilson negr&atilde;o.<br /> <br /> &ldquo;A investiga&ccedil;&atilde;o demonstrou que o &uacute;nico objetivo de Fabio Berti Carone &agrave; frente do SAS era desviar recursos p&uacute;blicos em proveito pr&oacute;prio&rdquo;, afirma o promotor.<br /> <br /> <u><strong>Presos foram soltos</strong></u><br /> <br /> Segundo os promotores, os contratos somavam R$ 100 milh&otilde;es por ano.&nbsp; De acordo com as investiga&ccedil;&otilde;es, 10% do valor dos contratos eram desviados. Ou seja, R$ 10 milh&otilde;es por ano n&atilde;o iam para a Sa&uacute;de.<br /> <br /> Nesta semana, a pol&iacute;cia prendeu Fabio Carone e outras nove pessoas suspeitas de envolvimento com os desvios de dinheiro. Todas foram soltas.<br /> <br /> Em entrevista ao Fant&aacute;stico, um funcion&aacute;rio do setor de compras que n&atilde;o quis se identifcar confirmou a fraude. &ldquo;Teve alguns casos l&aacute; que foi 10%, mas ele cobrou da empresa. Ele for&ccedil;ava a empresa&rdquo;, contou.<br /> <br /> <strong><u>Grava&ccedil;&otilde;es</u></strong><br /> <br /> Em grava&ccedil;&atilde;o telef&ocirc;nica, o funcion&aacute;rio comenta a propina de 10% para Fabio.&nbsp; A hora que eu mostrei pra ele a conta, um milh&atilde;o e duzentos, que eu achei que ele ia ficar contente, falei assim, um milh&atilde;o e duzentos, ele tem dez, n&eacute;? &Eacute;... Ent&atilde;o, cento e vinte pau&rdquo;, conta o funcion&aacute;rio.<br /> <br /> Em outro telefonema, uma funcion&aacute;ria cita uma reportagem do Fant&aacute;stico sobre fraudes em hospitais.&nbsp; &ldquo;&Eacute; a &eacute;tica do mercado, entendeu? O mercado pratica 10%. Se eu ganho 1 milh&atilde;o e 300, dou 130. &Eacute; o normal&rdquo;, diz.<br /> <br /> Mulher: Voc&ecirc; viu o Fant&aacute;stico ontem?<br /> <br /> Homem: Vi, vi. &Eacute;, &eacute; exatamente isso que o F&aacute;bio faz! &Eacute; exatamente isso!<br /> <br /> Mulher: Ent&atilde;o, voc&ecirc;, cuidado, hein! Toma cuidado! Agora voc&ecirc; tem que botar ele na parede e falar: &quot;escuta, &eacute; s&oacute; voc&ecirc; que ganha e eu n&atilde;o ganho nada.&quot;<br /> <br /> Pra conseguir fechar alguns contratos, o grupo de F&aacute;bio, segundo os promotores, pagava propina para servidores p&uacute;blicos. &Eacute; o que teria acontecido aqui na cidade de Americana, interior de S&atilde;o Paulo.<br /> <br /> <u><strong>Propina de R$ 100 mil</strong></u><br /> <br /> Os documentos da investiga&ccedil;&atilde;o a que os advogados tiveram acesso indicam que o prefeito e o secret&aacute;rio de Sa&uacute;de tamb&eacute;m estavam envolvidos e receberam propina de R$ 100 mil.<br /> <br /> O prefeito de Americana nega. &ldquo;N&atilde;o, isso &eacute; inverdade. Isso &eacute; uma mentira. &Eacute; um absurdo, n&atilde;o existe. N&atilde;o existiu e nem nunca vai existir&rdquo;, afirmou Diego de Nadai. Ele admite ter encontrado F&aacute;bio, &ldquo;mas nunca pra tratar nada referente a negociata&rdquo;.<br /> <br /> O secret&aacute;rio de Sa&uacute;de, Fabio Bordon, tamb&eacute;m nega irregularidades. &ldquo;Eu tenho total tranquilidade em afirmar que n&atilde;o tive nenhum recebimento de qualquer favor em meu benef&iacute;cio em raz&atilde;o desse contrato com o Instituto SAS&rdquo;, disse.<br /> <br /> Na cidade de Itapetininga, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico diz que a entidade desviava dinheiro desde 2007. Depois das pris&otilde;es, a prefeitura reassumiu a gest&atilde;o do hospital. &ldquo;Eu acredito que a nossa equipe fez o melhor, mas agora eu pedi uma avalia&ccedil;&atilde;o rigorosa de tudo pra que n&oacute;s possamos, com o acompanhamento dos fatos, inclusive evitar que situa&ccedil;&otilde;es como essa ocorram mais vezes&rdquo;, disse o prefeito Roberto Ramalho Tavares.<br /> <br /> Na farm&aacute;cia do hospital, a pol&iacute;cia diz ter encontrado rem&eacute;dios vencidos.<br /> <br /> O Fant&aacute;stico procurou todas as prefeituras. A de Ara&ccedil;ariguama e do Rio dizem que n&atilde;o constataram irregularidades. A prefeitura de S&atilde;o Miguel Arcanjo informa que as metas da entidade est&atilde;o sendo cumpridas. A de Vargem Grande Paulista diz que vai notificar a organiza&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> Sobre o hospital de Ararangu&aacute;, a Secretaria de Estado da Sa&uacute;de de Santa Catarina afirma que vai analisar a presta&ccedil;&atilde;o de contas.<br /> <br /> O advogado Celso Vilardi, que defende Fabio Carone, informou que s&oacute; vai se manifestar depois de estudar a investiga&ccedil;&atilde;o. O SAS e o instituto SAS afirmam que os diretores negam as acusa&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> &ldquo;A imagem do dinheiro apreendido na casa do Fabio &eacute; muito forte e fala por si. Penalizando quem mais precisa dos servi&ccedil;os de sa&uacute;de p&uacute;blica que &eacute; a popula&ccedil;&atilde;o mais carente&rdquo;, diz o promotor Wellington dos Santos Veloso.</span></div>
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