Menino foi levado ao hospital, mas não resistiu. Segundo a polícia, ele tinha várias lesões
Notícias do Tocantins – Um casal foi preso em flagrante no Tanque, na Zona Oeste do Rio, após a morte de um menino de 3 anos. O menino foi levado com diversas lesões para o Centro Municipal de Saúde Jorge Bandeira de Mello, que fica na Avenida Geremário Dantas, em Jacarepaguá. Ele já deu entrada na unidade de saúde em parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Daniel Alves Brasil e Laryssa Bezerra Aguiar, padrasto e a mãe da criança, respectivamente, foram presos nessa quinta-feira (12/9) por tortura com resultado morte, sem direito à fiança.
Os médicos tentaram a criança durante 30 minutos, mas, apesar da tentativa de socorro, o menino não resistiu. Há ainda a suspeita de abuso sexual.
Maus-tratos
O menino foi levado para o hospital pelo próprio padrasto. Os médicos suspeitaram de maus-tratos depois que o homem relatou que o menino se afogou ao tomar banho de balde. Um exame de corpo delito será feito para atestar a causa da morte.
A mulher levou a criança junto com o homem para a unidade hospitalar e, por conta da proximidade, a Polícia Civil logo foi acionada.
O homem teria tentado fugir do posto médico enquanto a polícia não chegava.
“As lesões são evidentes e o relato do padrasto não era compatível. O que chamou atenção foi a quantidade e intensidade dos ferimentos. Em uma breve análise podemos verificar que ele tinha hematomas, lacerações, e pela coloração contatamos que as marcas tanto eram recentes quanto antigas, então tinha um espancamento constante”, disse o delegado Ricardo Barboza ao g1.
De acordo com uma vizinha da criança de 3 anos que morreu após agressões na Zona Oeste do Rio, era comum ouvir gritos do menino. Segundo ela, a criança também ficava trancada e passava dias sem comparecer a creche.
Foi a vizinha quem viu que o menino estava desmaiado e gritou com o padrasto. Em uma tentativa de argumentar, Daniel Alves Brasil disse que o garoto tinha se afogado em uma bacia enquanto tomava banho.
De acordo com a mulher, ela disse ainda que já tinha visto o suspeito beijar a boca da criança. Segundo os depoimentos, a mulher sabia das agressões e nada fazia.
Mãe era conivente
Testemunhas contaram para a polícia que o padrasto costumava ficar sozinho com o menino, e que a mãe sabia das agressões. Mais de 10 depoimentos foram colhidos pela polícia.
Para o delegado, a criança, que tinha marcas de agressões no rosto, braço e tórax, sofria ainda violência psicológica.
“A sociedade falhou com essa criança, todos nós falhamos com essa criança porque ela precisava de um socorro e não teve. A tragédia emocionou muito os policiais, os médicos também. Todos temos familiares. Os médicos lamentaram que não conseguiram salvá-lo. Todos nós imaginamos o quanto essa criança sofreu”, disse o delegado.
Histórico criminal
Segundo a polícia, essa não foi a primeira prisão de Daniel. Ele já tinha sido preso em flagrante em 2019 por roubo e, depois, em 2022 por associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo.
Em sua primeira prisão, Daniel e mais um comparsa, que não foi localizado, teriam participado de um roubo a uma policial civil em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Enquanto a mulher tentava fugir, ela acabou batendo o carro em um ônibus, o que impediu que eles fugissem usando o veículo.
Ainda assim, celular e bolsa da vítima foram levados. Poucas ruas depois, Daniel foi preso em flagrante por PMs e reconhecido pela policial. Por esse crime, ele foi condenado a 6 anos em regime fechado.
Depois de sair da cadeia em um relaxamento de prisão, Daniel voltou a ser preso junto a outros dois homens em uma boca de fumo na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião, em julho de 2022, ele foi flagrado com munição, drogas, celulares e uma moto roubada.
Daniel ficou preso por quase um ano, e saiu do presídio em maio de 2023, depois de um alvará de soltura, que foi expedido com a absolvição dos crimes.
Além disso, o homem é investigado em vários inquéritos policiais por violência doméstica e familiar contra mulher.