Segurança Pública

Déficit na Polícia Civil do Tocantins será de 39,4% mesmo após nomeação de aprovados em concurso

Por Redação AF
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20/03/2017 14h11 - Atualizado há 5 anos
Três anos após a realização do concurso da Polícia Civil, o Governo do Tocantins anunciou que vai finalmente nomear os aprovados do certame, iniciado em fevereiro de 2014. A nomeação, segundo o governador Marcelo Miranda deve começar em abril. Mesmo com o anúncio, o Estado ainda não definiu uma data para essas convocações. Além da falta de um prazo concreto, somente 50 delegados, 13 médicos legistas 35 peritos, 14 papiloscopistas, 44 agentes e 60 escrivães vão ser nomeados. Ou seja, menos da metade dos aprovados devem tomar posse inicialmente. Desta forma, o concurso que teve 500 candidatos aprovados, vai deixar quase 300 esperando a convocação. Em um certame que se arrasta há três anos, o anúncio da tão esperada nomeação, que deveria vir com alívio, causa frustração. Tanto para os aprovados que ainda precisarão esperar a segunda chamada, quanto na população, que continua à mercê da insegurança, com um efetivo de polícia insuficiente para atuar no combate ao crime. Segundo levantamento realizado pela comissão de candidatos aprovados, com base em dados do Portal da Transparência, o 'Defasômetro da Polícia Civil' apresenta, hoje, um déficit total de 1.166 policiais civis no estado do Tocantins. Com as nomeações, esse número cairia para 924, o que mesmo assim, ainda representa um déficit de 39,42%. Ansioso para assumir o cargo de perito e também para contribuir com o trabalho de proteger a sociedade, Cirino de Sousa Passos ressalta que o quantitativo ideal de profissionais deste cargo, dentro da Polícia Civil, seria de no mínimo 85. Porém, o governo anunciou que apenas 35 vão ser nomeados, o que representa uma vacância de 50 cargos, ou seja, ainda persistira um deficit residual de 23,04% no efetivo". “O Estado precisa entender que não são apenas os aprovados que perdem com esse déficit, mas toda a população que fica à mercê da insegurança, com mais crimes e menos investigações”, conclui. Antônio Onofre Oliveira, 26 anos, foi um dos aprovados para o cargo de delegado. O jovem conta que dedicou tempo e gastou dinheiro para fazer a prova, mas até o momento não colheu os frutos desse investimento. O aprovado comenta que seu nome não vai entrar nessa primeira lista de convocação, o que torna todo este processo ainda mais frustrante. Para ele, a partir do momento que o Estado possui uma lista, com cerca de 130 delegados devidamente formados pela academia de polícia civil para nomear, dos quais 97 integram vagas de provimento direto e 29 para cadastro de reserva, e anuncia que irá nomear apenas 50 pessoas desse quantitativo, é possível observar a contradição da própria administração pública, já que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) chegou a afirmar, em vários momentos, que para um quadro satisfatório há a necessidade de mais de 120 delegados na ativa – ressaltando-se ainda o grande número de cidades tocantinenses que não possuem nenhuma autoridade policial presente. “É um avanço sim. Mas é complicado não deixar nada concreto para o restante dos aprovados, que não sabem quando serão, ou se realmente vão ser chamados, já que nenhum cronograma foi estabelecido. Desta forma, o anúncio de nomeação de 50 delegados, acredito que não seja suficiente para suprir a necessidade do Estado, porque a violência no Tocantins, de acordo com as estatísticas, vem crescendo em escala de progressão geométrica, inclusive repercutindo em nível nacional”, comentou. Criminalidade Prova disso são as reportagens na imprensa nacional relatando situações de descaso e falta de estrutura na segurança pública do Estado. Recentemente o Tocantins ganhou uma matéria de destaque no programa ‘Fantástico’ que mostrava o grande número de roubos às agencias bancárias, Correios e caixas eletrônicos espalhados pelas cidades do interior. A reportagem mostrou o drama, principalmente dos aposentados, para sacar dinheiro e pagar as contas básicas do dia a dia. Isso porque a onda de violência fechou bancos e Correios em vários municípios. Um dos exemplos foi Babaçulândia, cidade localizada no norte do estado, a 436 quilômetros de Palmas. Somente lá foram mais de 10 ataques às agências dos Correios nos últimos cinco anos. Para mudar essa realidade, a comissão de aprovados do concurso acredita que o Estado deveria se preparar, com antecedência, para o enfrentamento do crime e assim garantir mais segurança à população, por isso eles insistem em bater na mesma tecla: “Só podemos fazer isso com o aumento do efetivo da polícia civil”, finaliza Antônio.

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