O Governador do Tocantins Marcelo de Carvalho Miranda (PMDB), denunciado pelo Ministério Público no escândalo de superfaturamento de uma centena de obras e pontes, cujos prejuízos somaram R$ 600 milhões aos cofres públicos, conseguiu autorização da Assembleia Legislativa para contratar empréstimo de 36 milhões de euros para a construção de outra ponte, dessa vez sobre o Rio Tocantins, em Porto Nacional, no valor de R$ 101,3 milhões. O empréstimo será captado junto a instituição italiana Unicredit – Atividades Bancárias Coorporativas e de Investimento. A obra foi licitada em 2014 pela Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto), tendo como vencedora a empresa Rivoli S.A. Após o início dos trabalhos, o prazo para conclusão é de 900 dias. A empresa Rivoli, juntamente com EMSA, Construsan, também são alvos do Ministério Público do Tocantins na investigação de superfaturamento em cerca de 170 obras durante os governos de Marcelo Miranda e Siqueira Campos. Há casos de superfaturamento de preço, construções superdimensionadas e outros em que as obras não ocorreram. Com base em perícias do Instituto de Criminalística e em análise do Tribunal de Contas do Estado, a força-tarefa do MP concluiu que ‘houve reiterado superfaturamento de preços, serviços pagos em duplicidade, entre diversas outras irregularidades que redundaram em lesão ao patrimônio'. Em contrapartida, segundo o MP, as empresas citadas no suposto escândalo foram responsáveis, ao menos indiretamente, pelo financiamento da campanha eleitoral de Marcelo de Carvalho Miranda em 2006. O Ministério Público do Tocantins já ajuizou 55 ações por ato de improbidade administrativa e 10 ações de ressarcimento de danos causados ao erário referentes a irregularidades em construção de pontes, execução de obras de terraplanagem, pavimentação asfáltica em todo o Estado. A Promotoria busca condenações em aproximadamente R$ 600 milhões.
Ponte de Porto Nacional Já a nova ponte terá 1.488 metros de extensão, sendo 1.088 de vão e 400 de aterro. Além do valor do empréstimo o governo também deve entrar com uma contrapartida de 15% do valor total. A obra deve começar após o término do processo de captação de recursos. A antiga ponte tem apenas 900 metros e liga o tráfego da TO-050, pelo trevo da TO-255 com a TO-070 até a BR-153. Ela foi construída entre os anos de 1976 e 1979. Danos estruturais fizeram com que o trânsito pesado fosse limitado. Em 2011, um relatório elaborado pelo Laboratório de Sistemas Estruturais (LSE) apontou que a ponte estava impossibilitada de receber o trafego de caminhões de cargas. Desde então, somente veículos com até 30 toneladas de peso podem passar pelo local. Para chegar à Palmas, veículos que ultrapassam o limite de peso precisam ir até Paraíso do Tocantins, aumentando a distância em 100 km.