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Mensalão tocantinense e o crescimento patrimonial de políticos, por Liberato Póvoa

Por Redação AF
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13/07/2017 08h40 - Atualizado há 5 anos
Liberato Póvoa//Artigo A fisiologia dos nossos deputados, copiando, em regra, as Assembleias de todos os Estados e todo o Congresso (claro que com exceções) sempre foi evidente: a chamada oposição a Siqueira Campos no início de cada período de seus governos muitas vezes era expressiva, mas logo havia "adesões" para partidos da base aliada. Não se conhece um só caso em que matéria do Executivo tocantinense não fosse aprovada pela Casa de Leis. E é claro que isto não ocorria de graça. Houve deputados que subiram verticalmente de vida. O livro 'Políticos do Brasil', do jornalista Fernando Rodrigues, mostra, pleito a pleito, a evolução patrimonial de praticamente todos os políticos. Deixo para o leitor investigar e ver que os adesistas foram os que mais enriqueceram. Basta pesquisar. Mas houve um caso exemplar de um político: depois de três mandatos, Siqueira empobreceu; ocorreu o inusitado, quando se constatou que ele diminuiu seu patrimônio nos últimos anos: em 1998, eleito governador do Tocantins, sua declaração de bens junto ao Tribunal Regional Eleitoral somava exatos R$ 699.345,00. No pleito seguinte, quando perdeu para Marcelo Miranda, apresentou ao TRE sua declaração de bens, no valor de R$ 431.879,45. Ou seja, seu patrimônio diminuiu em R$ 267.466.55. Deve ter distribuído aos pobres. Mas em 2010, quando venceu Gaguim por apertada margem, houve uma leve recuperação patrimonial: subiu para R$ 436.991,29 (ou seja, aumentou R$ 5.011,00). O filho de Siqueira Campos, o empresário Siqueira Campos Júnior, após tecer comentários sobre os bens do pai, em declarações ao jornal virtual 'Estado de Goiás', de 08/09/2006, na matéria "Filho acusa Siqueira Campos de chefiar máfia no Tocantins", afirmou que "os bens de seu pai em nome de terceiros somam dezenas de milhões de reais. Só que Siqueira Campos declarou à Justiça Eleitoral ter um patrimônio de R$ 431 mil, do qual não faz parte nenhuma empresa. Apesar disso, declarou ser empresário no seu registro de candidatura". O mesmo não aconteceu com seu filho Eduardo, que na eleição para o Senado, em 1998, apresentou uma declaração de bens no valor de 380.632 reais, e na sua tentativa de reeleição (quando perdeu para Kátia Abreu), seu patrimônio, segundo declaração prestada ao TRE, quase triplicou: R$ 1.056.030,00. Arquitetando a perpetuação da dinastia, o sonho do patriarca Siqueira Campos era ver seu filho, Eduardo, governador de direito, como já o era de fato nos últimos mandatos. Para tanto, convenceu seu vice, João de Oliveira, a renunciar no dia 3 de abril de 2014, e no dia 4 ele próprio renunciou. Com isto, o presidente da Assembleia, deputado Sandoval Cardoso, assumiria o Governo para ser eleito indiretamente e completar o mandato. E Eduardo poderia candidatar-se ao Governo em 2014. Mas a política é como nuvem, segundo a velha raposa mineira Magalhães Pinto: uma hora está de um jeito; outra hora, de outro. E o certo é que surgiram fatos novos, como o escândalo do IGEPREV, que deram uma guinada na rota política do Tocantins. E Eduardo contentou-se com uma vaga de deputado estadual, prevendo-se que ficaria na quase solitária oposição, já que nas últimas eleições fora ferrenho opositor de Marcelo Miranda, ficando difícil admitir a costura de um acordo (isto, pra quem tem vergonha). E Sandoval governou de 04/05/2014 a 1/01/2015, quando entregou o bastão para Marcelo Miranda, que iniciaria seu segundo mandato, quando foi cassado em 2009. Da assunção de Sandoval até os dias atuais, o Tocantins foi alvo de operações da Polícia Federal, vivendo um conturbado período, com prisões, conduções coercitivas de políticos e empresários, que ainda estão a exigir explicações. Mas o leitor vai comprovar pessoalmente o que digo: entre no site 'politicosdobrasil.com.br' e verá, muitas vezes estarrecido, como os políticos vão ficando ricos a cada pleito (de vereador a presidente da República). Quanto aos magistrados, não têm como ser aferidos desta forma. Só se for através do Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, como fez o então Corregedor Nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp no CNJ comigo, quebrando meu sigilo sem ordem judicial, mas acabou mesmo foi 'quebrando a cara', pois o laudo do COAF concluiu que meu patrimônio era perfeitamente compatível com meus rendimentos. Se fizerem o mesmo com alguns magistrados que estão por aí, que são empresários, pecuaristas, sócios alaranjados de companhias de seguro etc, vão achar surpresas. Mas certamente os governistas permanecerão governistas e até conquistarão outros: mudam-se as moscas, mas o mel é o mesmo. É preciso que o eleitor, antes de votar agora em 2018, dê uma espiada no site que mencionei (politicosdobrasil.com.br), pois acompanhará a evolução patrimonial de todos e verá quais são os aproveitadores, que vieram de outros Estados para saquear o nosso. Liberato Póvoa - é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Tocantins.

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