Operação Lava Jato

Empresa investigada utilizou CPFs de aprovados em concurso no Tocantins para operações irregulares

Por Redação AF
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22/01/2016 11h39 - Atualizado há 5 anos
A corretora TOV, que fechou as portas a mando do Banco Central no último dia 7 de janeiro, realizou diversas operações de câmbio com dados de pessoas mortas e CPFs que saiam em publicações de Diários Oficiais, segundo documentos analisados pelos investigadores da Operação Lava Jato. A empresa registrou ao menos 143 contratos de venda de moeda estrangeira emitidos em nomes de gente que constava no sistema de controle de óbitos do INSS. A suspeita é que essas transações tenham sido feitas com o objetivo de ocultar o destinatário final do dinheiro. Além de operar com dados de clientes mortos, a corretora também utilizou CPFs de aprovados em concurso público para fazer transações financeiras. Uma amostra de 20.070 contratos feita pelo Banco Central revela que um grupo de pessoas nomeadas para trabalhar na rede de saúde do estado do Tocantins, cujo resultado foi divulgado no Diário Oficial do Estado em janeiro de 2010, teria realizado um volume de venda de moeda em espécie no valor de US$ 49,4 milhões em dois períodos distintos – entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013 e de outubro de 2014 a janeiro de 2015. Os servidores públicos envolvidos nesse esquema aparentemente não tinham conhecimento das operações. Essa mesma prática teria se replicado com CPFs cadastrados num programa habitacional do governo do Distrito Federal, cuja lista de participantes foi divulgada no Diário Oficial em outubro de 2009. A TOV utilizou as informações dessas famílias para registrar 5.264 contratos de câmbio no valor total de US$ 13,7 milhões, sem o conhecimento dessas pessoas, de acordo com os investigadores. A maior parte das operações suspeitas realizadas pela TOV está concentrada em contratos de câmbio de importação e transferências de dinheiro para o exterior feitas por pequenas empresas sem tradição comercial e sem porte compatível com volume das transações financeiras.  Dos 30 maiores clientes de remessas ao exterior, com pagamentos de US$ 647, 5 milhões, 45% do volume total, 21 são microempresas com “enquadramento fiscal totalmente incompatível com os valores transacionados”. “Estendendo a amostragem para os 75 maiores clientes em contratos de câmbio de importação, verifica-se que 54 deles (com pagamentos no valor total de US$ 647,8 milhões, representando 45% do volume dos contratos de importação e 24% dos contratos no mercado primário celebrados pela corretora no período) não possuem uma só declaração de importação registrada no período pesquisado (janeiro de 2012 a outubro de 2015)”, diz o documento que está sendo analisado pela Polícia Federal em Curitiba. A suspeita dos investigadores é que doleiros e operadores escolhiam a TOV porque sabiam que o seu sistema de controle de dados era falho. No escândalo do Petrolão, a TOV foi utilizada por uma rede de doleiros, entre eles Alberto Yousseff, como um veículo de remessas de dinheiro para o exterior por meio de importações fictícias justificadas com contratos de câmbios. Com informações da Revista Época.  

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