Tem volta?

Governo Federal avalia retorno do horário de verão após pressão de classe empresarial

Medida visa economizar energia em meio à crise hídrica no país.

Por Joselita Matos 677
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16/09/2021 10h29 - Atualizado há 2 anos
Ministério de Minas e Energia deve fazer novo estudo sobre o horário de verão.

O Ministério de Minas e Energia informou que deverão ser feitos novos estudos para avaliar os impactos do horário de verão na economia. A medida foi tomada após pressão de empresários dos setores de hotelaria, turismo e serviços de vários estados junto ao Governo Federal. O Ministério já ressaltou que adiantar os relógios uma hora não traz benefícios, mas está disposto a rever a posição. 

O responsável por apresentar o estudo será o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), com objetivo de dar uma resposta aos setores que cobram a volta do regime.

Segundo o próprio Ministério, a contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno.

"Assim, no momento, o Ministério de Minas e Energia não identificou que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda", informou a nota, mas pediu que o ONS "reexaminasse a questão".

RELATÓRIO DO SETOR ELÉTRICO

Um relatório, chancelado por entidades como Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Instituto Clima e Sociedade (ICS), International Energy Intiative (IEI), Mitsidi Projetos, Projeto Hospitais Saudáveis e Fórum de Energias Renováveis, foi apresentado ao Governo Federal pedindo o retorno do horário de verão. As entidades afirmam que a iniciativa levaria à redução de até 5% do consumo de eletricidade no início da noite.

A medida, de acordo com as entidades, provocaria a redução do acionamento das usinas termelétricas, mais caras que as hidrelétricas e eólicas e que têm provocado os sucessivos aumentos nas contas de luz.

O documento pede ainda a realização de leilões de eficiência energética. Isto é, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propõem uma redução no consumo de energia elétrica em alguma praça, e as empresas disputam para oferecer o menor custo para efetivar essa redução de demanda.

As entidades pedem ainda a realização de planos municipais de energia e que o tema seja incluído nos códigos de posturas e de obras de cada prefeitura, além da inclusão da eficiência energética nos próximos leilões de capacidade, promovidos pelo governo federal. Há um previsto para 21 de dezembro deste ano.

O setor acredita que medidas como essas aumentarão a resiliência do sistema elétrico, que suportaria melhor crises em outras matrizes.

MEDIDA EMERGENCIAL

O segmento entende que o retorno do horário de verão é uma medida emergencial para enfrentar o atual momento de baixa dos reservatórios das usinas hidrelétricas. O documento diz que, apesar de o Brasil já ter enfrentado esse problema outras vezes, não foi implementada nenhuma medida nova e mais eficiente para evitar a crise energética atual.

A grande questão é que, hoje, o Brasil está vivenciando uma crise hídrica. Se há alguns anos uma economia de 2% a 3% no consumo poderia ser tímida e pouco representativa, hoje ela pode fazer a diferença, aliviando um pouco a demanda em um de seus horários de pico”, diz outro trecho.

No início de setembro, empresários do setor de turismo e alimentação, como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs) enviaram ofício ao presidente Jair Bolsonaro com o mesmo pedido.

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