Ele chegou a fazer greve de fome de 98 horas pela criação do Tocantins.
Grande responsável pela criação do Tocantins, após uma luta que durou quase 200 anos, o ex-governador José Wilson Siqueira Campos faleceu aos 94 anos, no início da noite desta terça-feira, 4 de julho.
Até o final da década de 1980, o antigo norte de Goiás era conhecido como 'Corredor da Miséria'. Após a criação do Estado, a região ganhou muita prosperidade e atraiu a atenção de muitas pessoas que migraram para cá em busca de uma vida melhor.
Visionário, Siqueira chegou no antigo norte goiano na década de 1960, em Colinas do Sul, hoje Colinas do Tocantins, onde ele fundou a Cooperativa Goiana de Agricultores e iniciou o movimento popular pela criação do Tocantins, retomando uma luta muito antiga do histórico Joaquim Teotônio Segurado, ainda nos anos 1800.
Siqueira foi vereador na cidade de 1965 a 1969 e presidente da Câmara em 1966. O destaque na política o impulsionou para a carreira em Brasília, onde foi deputado federal por quatro mandatos: 1971-1975, 1975-1979, 1979-1983 e deputado federal constituinte 1987-1988.
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Na Assembleia Nacional Constituinte, Siqueira Campos protagonizou a luta pela emancipação do chamado Norte Goiano. Ele chegou a fazer greve de fome de 98 horas pela criação do Tocantins. A então região viveu séculos de isolamento e chegou a ser conhecida como “Corredor da Miséria” no Brasil.
Depois de muita luta e articulação política, o resultado: Siqueira foi relator da Subcomissão dos Estados da Assembleia Nacional Constituinte, redigindo e encaminhando a fusão de emendas, depois conhecida como Emenda Siqueira Campos. Aprovada, ela deu origem ao Estado do Tocantins com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
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Após a criação do Estado, Siqueira Campos governou o Estado por quatro vezes. Com isso, nascia toda a estrutura pública da administração do governo do Tocantins, os primeiros concursos e migração de remanescentes de Goiás para a atual estrutura.
“Afirmo com toda a certeza que nós não estaríamos aqui se não fosse Siqueira Campos. Ele foi visionário, guerreiro e um verdadeiro estadista. Como sindicalista, reconheço que nem sempre concordei com ele, afinal os interesses do comando da gestão muitas vezes diferem dos trabalhadores, mas isso não diminui em nada o grande legado”, afirmou o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos (Sisepe), Elizeu Oliveira.
O velório de Siqueira Campos está sendo no Palácio Araguaia. O sepultado será no final da tarde desta quarta-feira (5/7) no cemitério Jardim das Acácias, em Palmas.