<span style="font-size:14px;">O doleiro Alberto Youssef decidiu fazer a delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A informação é de Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do doleiro no Superior Tribunal de Justiça. "É uma pena, temos uma tese jurídica que era importante no STJ", disse o criminalista ao Jornal <a href="http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/09/1521277-youssef-decide-fazer-delacao-premiada-diz-advogado.shtml" target="_blank">Folha de São Paulo</a>.<br /> <br /> Ele dizsse ter sido avisado que o doleiro tomou a decisão por pressão familiar e porque vários outros decidiram fazer a delação. O advogado deixará o caso.<br /> <br /> "A família convenceu o Youssef a fazer a delação. Por mais que eu tenha afirmado que nossa tese no STJ é forte", disse Kakay.<br /> <br /> O advogado acreditava na hipótese de anular todo o processo da Lava Jato, mas, segundo ele, a família do doleiro ''cansou''. "Ele pediu para me avisar que não pode segurar a família, pediu desculpas e disse saber que eu ia sair, como combinado [se aceitasse fazer a delação]".<br /> <br /> Apontado pela PF como chefe do esquema bilionário investigado na Operação Lava Jato, Alberto Youssef seria responsável por lavar dinheiro e repassar os recursos desviados a políticos.<br /> <br /> <u><strong>Parceria com o Igeprev</strong></u></span><br /> <br /> <span style="font-size:14px;">Segundo denúncias, o Instituto de Previdência do Tocantins (Igeprev) aplicou R$ 12 milhões em fundos controlados pelo doleiro Youssef. Na semana passada, o</span><span style="font-size:14px;"> juiz Gilberto Clovis Farias Matos, da 3ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decretou a falência do Grupo Marsans, operadora de turismo onde o Igeprev detém 17,4% das cotas.</span><br /> <br /> <span style="font-size:14px;">Outros seis fundos de previdência de funcionários públicos injetaram, junto com o Igeprev, R$ 23 milhões nessa empresa falida. Ela é controlada, desde 2010, pelo doleiro Alberto Youssef, conhecido também como um dos pivôs do esquema de lavagem de R$ 10 bilhões, investigado pela Polícia Federal na operação Lava-Jato.<br /> <br /> Segundo Gustavo Licks, administrador judicial da companhia, os próximos passos serão o bloqueio e a venda dos bens da Marsans para dar início ao pagamento de credores. No entanto, ele alertou que o valor não será suficiente para saldar as dívidas, estimadas em R$ 57 milhões. </span><br /> <br /> <span style="font-size:14px;">Youssef é réu em 12 processos e pode ser condenado a mais de cem anos de prisão.<br /> <br /> <u><strong>Pena de prisão</strong></u><br /> <br /> Mesmo com o acordo da delação premiada, é provável que o doleiro tenha que, além de entregar todos os seus bens ilícitos, cumprir quatro anos de prisão em regime fechado e outros quatro em regime aberto.<br /> <br /> A exigência do cumprimento de uma pena mínima é da força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Lava Jato. Sem o acordo, Youssef, 46 anos, poderia ficar mais de 20 anos no regime fechado.<br /> <br /> O rigor adicional que os procuradores têm com Youssef deve-se ao fato do doleiro já ter descumprido o acordo de delação que assinou em 2004, quando foi investigado por remessas ilegais que fez usando o Banestado, banco do governo do Paraná.<br /> <br /> Youssef se comprometeu a deixar o mercado paralelo de dólares, mas, em vez disso, aumentou ainda mais o volume de seus negócios.<br /> <br /> Como desrespeitou a promessa, o processo do Banestado foi reaberto em maio deste ano pelo juiz federal Sergio Moro e Youssef foi condenado a quatro anos de prisão. A ação penal havia sido instaurada em 2003 e os crimes de Youssef, perdoados em 2004.</span>