Escutar mais e falar menos pode ser a melhor forma de ajudar.
Para muita gente, a notícia de que há um câncer no corpo é um impacto que poucos conseguem ter ideia. Mesmo com todo o avanço da medicina, os tratamentos aperfeiçoados e as maiores chances de cura, ainda assim o abalo emocional acontece em boa parte dos casos.
Essa individualidade na hora de lidar com a doença é uma parte muito importante do tratamento, conforme explica a psico-oncologista Cristhina Ramos.
“A condição emocional do paciente está fortemente ligada à forma de enfrentamento deste diagnóstico e aos possíveis tratamentos que se submeterá. Sendo assim, os cuidadores, os familiares e os amigos têm importante papel na hora de contribuir para o melhor enfrentamento desta vivência”, destaca.
Preste um pouco mais de atenção nas suas palavras
Você já falou alguma dessas frases ou ouviu alguém dizer para um paciente com câncer:
“Meu tio morreu disso aí”
“Se a doença voltar, você morre?”
“Essa doença é castigo”
“Ah, o cabelo vai crescer de novo”
“Você tem que mudar seu estilo de vida”
E ainda têm as clássicas receitas de “remédios caseiros” capazes de curar até o câncer. Sempre tem o relato de uma vizinha, sobrinha ou amiga que fez e deu certo.
Por mais inofensivas que algumas dessas frases possam parecer, ou até uma tentativa de ajudar o paciente com dicas ou mensagens de motivação, nem sempre elas serão ouvidas dessa forma.
“É muito difícil controlar o que as outras pessoas pensam ou falam, mas você pode se controlar, por isso é importante evitar fazer comentários e suposições. É muito mais útil ouvir do que falar”, pontua a psicóloga.
Apoio desde o começo
Macilon Nonato Irene, médico oncologista da Oncoradium, centro responsável pelo serviço oncológico pelo SUS no Hospital Regional de Araguaína, reforça que, na unidade, o paciente recebe apoio multiprofissional, entre eles uma equipe com psicólogos, desde o primeiro dia de tratamento.
“Na luta contra o câncer, o apoio psicológico é um dos pilares para a boa evolução e vai desde o diagnóstico até as fases subsequentes”, reforça
Como ajudar então?
Para muitos pacientes, a perda provisória do cabelo e, às vezes, o emagrecimento por causa do tratamento são os fatores menos importantes. O que interessa é se tudo está evoluindo da melhor maneira possível, se o câncer está regredindo ou controlado e se a cura está próxima.
Por isso, ter empatia e colocar-se à disposição para ouvir a pessoa é o ato mais significativo.
“O que se pode fazer primeiro é conversar com o paciente, perguntar como pode ajudá-lo. Daí surgirá uma ótima oportunidade para criar um vínculo de confiança. Aja com empatia, se coloque no lugar do outro”, finalizou Cristhina.