Educação pública

Seduc não contrata profissionais e prejudica alunos com deficiência no Tocantins

Virginia Reis Figueira é mãe de uma aluna autista e cobrou alguma solução para o caso.

Por Redação 1.066
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26/02/2019 11h02 - Atualizado há 5 anos
Acompanhante ao lado de estudante

Muitos estudantes da rede estadual de ensino do Tocantins que necessitam de acompanhamento especial em sala de aula estão sem frequentar as escolas por falta de profissionais especializados.

As aulas começaram ainda no dia 4 de fevereiro e os profissionais já deveriam ter sido contratados pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc). Esses mediadores acompanham crianças com diversos tipos de deficiência em salas regulares. Sem eles, o jeito é ficar em casa.

A professora Virginia Reis Figueira é mãe da aluna Lauane Figueira Souza, 13 anos, diagnosticada com autismo no grau severo. Virginia leciona no Colégio Estadual Adolfo Bezerra de Menezes, em Araguaína, onde a filha é matriculada.

No entanto, Lauane ainda não foi à escola este ano por falta de profissional para acompanhá-la. Segundo a professora, este ano o Colégio Adolfo recebeu 30 alunos com deficiência, 24 deles têm laudo médico, mas nenhum tem acompanhante.

"Assim como a Lauane, só na minha escola há mais 29 crianças especiais que deveriam estar acompanhadas, mas ou estão em casa ou 'excluídas' em algum lugar da escola. Porque é humanamente impossível o professor conseguir conciliar tudo sozinho. Apesar de todo esforço da direção e de denúncias no Ministério Público, nada aconteceu”, relatou Virginia.

Na semana passada a filha de Virginia sofreu um acidente doméstico no horário que deveria estar na escola. Lauane derrubou um copo e caiu por cima dos pedaços de vidro. Ela se cortou e levou 14 pontos na perna e 4 no braço.

“Eu tive que tirar uma licença médica porque não tive condições psicológicas de deixar ela em casa depois do que aconteceu. E quantas escolas públicas não estão do mesmo jeito [sem acompanhantes?] Na minha escola são 30 alunos", desabafou.

Importância dos acompanhantes

Virginia explicou ainda que no ano passado a escola contava com mais de 10 alunos especiais e cada um deles tinha seu próprio acompanhante. Com o sucesso das atividades em 2018, a escola atraiu a atenção de pais que esperavam uma atenção melhor aos filhos.

Com o aumento da demanda, a diretora até montou uma Sala de Recursos Especiais, mas o Estado não autorizou contratação de acompanhantes. Esses profissionais são responsáveis por adaptar o conteúdo repassado pelo professor conforme a capacidade do aluno com deficiência. Eles também acompanham o estudante durante o horário de aula.

“Minha aluna escuta pouco, ela conseguia ouvir a voz da mediadora por leitura labial. Tinha um aluno cego que a professora [acompanhante] ajuda com braile” explicou Virginia sobre a importância dos profissionais.

Já a Sala de Recursos oferece reforço no contraturno, com atendimento individualizado para dois alunos por vez. No entanto, sem esses profissionais, ela conta que os casos graves são orientados a ficar em casa.

Os casos mais graves como a minha filha, eles estão pedindo pra ficar em casa", lamentou.

Com informações do portal Araguaína Notícias.

O QUE DIZ A SEDUC

"A Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc) informa que a Diretoria Regional de Educação (DRE) de Araguaína está finalizando o processo de levantamento das demandas de alunos que necessitem de acompanhamento especial durante o ano letivo de 2019. A Secretaria reforça que, tão logo este levantamento seja finalizado, irá dar prosseguimento aos processos de autorização e contratação desses profissionais que atuarão na rede estadual de ensino". 

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