Mizael Bispo pega 20 anos pela morte da ex-namorada Mércia Nakashima

Por Redação AF
Comentários (0)

15/03/2013 10h38 - Atualizado há 5 anos
<div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:14px;">O policial militar aposentado Mizael Bispo de Souza foi condenado na tarde desta quinta-feira (14) pela morte da advogada M&eacute;rcia Nakashima, ocorrida em 2010. A pena &eacute; de 20 anos de pris&atilde;o em regime inicial fechado.<br /> <br /> O j&uacute;ri popular durou quatro dias e terminou por volta das 17h40 no F&oacute;rum de Guarulhos, na Grande S&atilde;o Paulo. O juiz Leandro Cano afirmou, na senten&ccedil;a, que o r&eacute;u demonstrou &quot;insensibilidade&quot; e conduta &quot;desprez&iacute;vel e repugnante&quot;.<br /> <br /> M&eacute;rcia era ex-namorada de Mizael e foi encontrada morta em uma represa em Nazar&eacute; Paulista, no interior de S&atilde;o Paulo, em junho de 2010. Ela havia desaparecido em 23 de maio, ap&oacute;s sair da casas dos pais em Guarulhos.<br /> <br /> O juiz falou, na senten&ccedil;a, sobre uma das qualificadoras do crime, motivo torpe ou f&uacute;til. Segundo o magistrado, n&atilde;o foi &quot;amor&quot;, mas &quot;del&iacute;rio de posse&quot; que levou ao crime. &quot;Sentimento amor n&atilde;o faz sofrer. O instinto de propriedade, que &eacute; o contr&aacute;rio do amor, &eacute; que faz sofrer.&quot;<br /> <br /> Presente em plen&aacute;rio, a fam&iacute;lia de M&eacute;rcia ficou feliz com a decis&atilde;o. A irm&atilde; Cl&aacute;udia Nakashima comemorou a pena e gritou &quot;assassino&quot; e &quot;maldito&quot;. Enquanto isso, a m&atilde;e, Janete Nakashima, chorou. Mizael ouviu a senten&ccedil;a quieto e cabisbaixo.<br /> <br /> <u><strong>Debates</strong></u><br /> <br /> Antes da decis&atilde;o dos jurados, houve os debates entre defesa e acusa&ccedil;&atilde;o. O promotor Rodrigo Merli Antunes afirmou que Mizael tinha motivos para cometer o crime. Segundo ele, o r&eacute;u se sentia rejeitado pela ex-namorada. O promotor ainda declarou que, para tirar o PM aposentado da cena do crime, seria preciso que todas as provas presentes no inqu&eacute;rito fossem coincid&ecirc;ncias.<br /> <br /> &quot;O r&eacute;u Mizael Bispo de Souza matou, sim, M&eacute;rcia Nakashima e tinha, sim, motivos para isso, se sentia rejeitado, se sentia &#39;o lixo dos lixos&#39; em email trocado [com a v&iacute;tima] em abril de 2010&quot;, declarou o promotor.<br /> <br /> Na sua fala, ele rebateu a tentativa da defesa de Mizael de desqualificar a s&eacute;rie de provas. &quot;N&atilde;o existem excesso de coincid&ecirc;ncias. &Eacute; preciso acreditar que o sangue n&atilde;o &eacute; sangue, que a alga n&atilde;o &eacute; alga, que a prostituta existe, que o rastreador falhou, que o Evandro foi torturado para que ele seja inocente&quot;, afirmou o promotor.<br /> <br /> Para o Antunes, as provas t&eacute;cnicas colocam o r&eacute;u na cena do crime. &ldquo;As antenas de celular demonstram que ele ficou no encal&ccedil;o da v&iacute;tima junto com o senhor Evandro&quot;, observou. Ele lembrou que Mizael tinha uma linha telef&ocirc;nica cujo n&uacute;mero n&atilde;o foi informado para pol&iacute;cia. Com ele, Mizael fez diversas liga&ccedil;&otilde;es no dia do crime para o vigia Evandro Bezerra da Silva. Ao ser questionado por que parou de usar essa linha ap&oacute;s dia 23 de maio, segundo Antunes, Mizael responde: &ldquo;[Parei] porque eu virei suspeito&rdquo;. &ldquo;Para mim, isso &eacute; confiss&atilde;o. Se n&atilde;o fez besteira nenhuma, n&atilde;o precisava [parar de usar]&rdquo;, observou.<br /> <br /> O advogado de defesa, Samir Haddad J&uacute;nior, afirmou que o r&eacute;u &ldquo;&eacute; incapaz de matar algu&eacute;m&rdquo;. A apresenta&ccedil;&atilde;o da defesa durou cerca de duas horas, e Mizael acompanhou a argumenta&ccedil;&atilde;o sentado, com a cabe&ccedil;a baixa e as m&atilde;os no rosto. O Minist&eacute;rio P&uacute;blico abriu m&atilde;o da r&eacute;plica.<br /> <br /> O defensor afirmou que a equipe de advogados que representa Mizael &lsquo;desmontou&rsquo; toda a tese da acusa&ccedil;&atilde;o e disse que nos autos existem &ldquo;pin&oacute;quios e mentirosos&rdquo;. A cr&iacute;tica foi na mesma linha da feita pelo advogado Ivon Ribeiro, que disse que o promotor Rodrigo Merli e o assistente de acusa&ccedil;&atilde;o &ldquo;n&atilde;o foram capazes de abrir um volume e mostrar onde est&aacute; a prova&quot;.<br /> <br /> Ribeiro chamou de &quot;fanfarr&atilde;o&quot; o delegado Ant&ocirc;nio de Olim, que investigou o caso no Departamento de Homic&iacute;dios e Prote&ccedil;&atilde;o &agrave; Pessoa (DHPP) e disse que &quot;todo mundo quis a cabe&ccedil;a&quot; de Mizael. &quot;O doutor Olim chegou aqui com a maior cara de pau. Estou para ver um cara mais mentiroso do que ele&quot;, afirmou. &quot;Precisaram mudar o hor&aacute;rio do crime para encaixar as liga&ccedil;&otilde;es&quot;, disse, em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s liga&ccedil;&otilde;es feitas por Mizael em Guarulhos e que tirariam o r&eacute;u da cena do crime.<br /> <br /> <strong><u>Interrogat&oacute;rio do r&eacute;u</u></strong><br /> <br /> Nesta quarta-feira, Mizael dep&ocirc;s no Tribunal do J&uacute;ri. A acusa&ccedil;&atilde;o afirmou que n&atilde;o faria perguntas em raz&atilde;o de ele j&aacute; ter apresentado diferentes vers&otilde;es sobre o caso e que as provas s&atilde;o claras.<br /> <br /> O r&eacute;u mostrou a m&atilde;o direita, onde n&atilde;o tem um dos dedos, afirmando que n&atilde;o consegue atirar com essa m&atilde;o. Mizael &eacute; destro. O policial reformado usou a palavra &quot;Deus&quot; diversas vezes e afirmou que n&atilde;o tem &quot;coragem de tirar a vida de nenhum ser humano&quot;. Suas duas armas estavam regularizadas, relatou, e tinham at&eacute; &quot;casa de aranha dentro&quot; pela falta de uso.<br /> <br /> Sobre o fato de ter ficado foragido, o policial reformado disse que &eacute; atitude normal de um inocente. &quot;Quem deve tem que pagar. Quem n&atilde;o deve tem que se rebelar&quot;, afirma. &quot;Estou sofrendo tanto com isso. Tr&ecirc;s anos. Melhor a morte do que ficar preso&quot;, afirmou.<br /> <br /> Mizael afirmou que foi v&iacute;tima de uma arma&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;cia, que &quot;queria um culpado&quot;. Foi o argumento usado para justificar a alga compat&iacute;vel com a da represa de Nazar&eacute; Paulista achada em seu sapato. &quot;Levaram meu sapato l&aacute; [para a represa]. Eu nunca estive na represa de Nazar&eacute;. Juro pela vida da minha filha.&quot; Mizael afirmou que foi torturado, assim como seus irm&atilde;os, e que policiais chegaram a apontar-lhe uma arma em um posto de gasolina obrigando que ele confessasse que tinha matado M&eacute;rcia.<br /> <br /> O r&eacute;u disse que tinha um relacionamento normal com M&eacute;rcia, e que tinha apenas brigas de casal comuns. Um jurado perguntou por que a fam&iacute;lia quer culpar Mizael. O r&eacute;u recordou ent&atilde;o que n&atilde;o foi ao casamento da irm&atilde; de M&eacute;rcia, no qual seria padrinho, e que isso causou m&aacute;goa na fam&iacute;lia.<br /> <br /> <u><strong>Testemunhas</strong></u><br /> <br /> As testemunhas de defesa e acusa&ccedil;&atilde;o falaram nos tr&ecirc;s primeiros dias de julgamento. Entre os ouvidos, estavam o delegado Antonio Assun&ccedil;&atilde;o de Olim e o irm&atilde;o da v&iacute;tima, M&aacute;rcio Nakashima. O delegado foi o respons&aacute;vel por investigar o caso pelo Departamento de Homic&iacute;dio e de Prote&ccedil;&atilde;o &agrave; Pessoa (DHPP). &ldquo;Eu n&atilde;o tenho d&uacute;vida nenhuma de que o Mizael matou a M&eacute;rcia&rdquo;, disse Olim no j&uacute;ri.<br /> <br /> Durante mais de cinco horas, o delegado falou sobre o percurso feito pelo r&eacute;u no dia da morte de M&eacute;rcia, com base no rastreador instalado no ve&iacute;culo. Segundo Olim, Mizael desconhecia o fato de seu ve&iacute;culo possuir um rastreador que foi instalado pela seguradora a pedido de M&eacute;rcia. O delegado falou tamb&eacute;m sobre liga&ccedil;&otilde;es telef&ocirc;nicas feitas por Mizael e que, segundo o registro das antenas de telefonia, mostram que o r&eacute;u esteve em Nazar&eacute; Paulista.<br /> <br /> Durante quatro horas, M&aacute;rcio Nakashima alinhou os argumentos que sustentam sua desconfian&ccedil;a em rela&ccedil;&atilde;o a Mizael , que ele o descreveu como possessivo. &quot;No in&iacute;cio era um relacionamento normal. Depois ele se transformou, virou um sujeito possessivo&quot;, afirmou.<br /> <br /> <strong><u>J&uacute;ri</u></strong><br /> <br /> Segundo o Tribunal de Justi&ccedil;a, o julgamento de Mizael foi o primeiro do pa&iacute;s transmitido ao vivo. Pelo v&iacute;deo foi poss&iacute;vel acompanhar n&atilde;o s&oacute; os depoimentos como as brigas quase que di&aacute;rias entre acusa&ccedil;&atilde;o e defesa, que j&aacute; chegaram a chamar a outra parte de &#39;mentirosa&#39;.<br /> <br /> O vigia Evandro Bezerra Silva, que tamb&eacute;m &eacute; r&eacute;u do caso, acusado de ajudar Mizael, s&oacute; ser&aacute; levado a julgamento no dia 29 de julho.</span></div>
ASSUNTOS

Comentários (0)

Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

(63) 3415-2769
Copyright © 2011 - 2024 AF. Todos os direitos reservados.