Enfraquecimento do governo

PMDB já define data para abandonar governo da presidente Dilma Rousseff

Por Agnaldo Araujo
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12/03/2016 10h16 - Atualizado há 5 anos
O grupo oposicionista do PMDB acertou com o vice-presidente Michel Temer transferir para o Diretório Nacional do partido a decisão sobre a permanência ou não no governo Dilma Rousseff. A proposta foi negociada por vários deputados, senadores e outros dirigentes da legenda nas últimas horas e será feita na convenção da sigla que acontece neste sábado (12/03) em Brasília, marcada para a escolha da nova direção. Os dissidentes esperam aproveitar o desgaste natural do governo, com o agravamento da crise econômica, para sair do governo com poucos traumas políticos internos e unificados em torno de Temer. O novo diretório vai se reunir em 30 dias para a decisão final. O acordo foi fechado na tarde da última sexta-feira (11/03) depois de um longo encontro de deputados e outros convencionais do PMDB no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. Temer, que será reeleito neste sábado presidente nacional do partido, avalizou o acordo e teve o apoio do primeiro vice-presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO). Depois de eleger o novo diretório, a convenção do PMDB aprovará uma moção com as regras do desembarque do governo, o que obrigará todo militante que exerça cargo de confiança na União a pedir demissão. Será uma espécie de aviso prévio de que o partido estará formalmente fora do governo, apesar do posto de vice-presidente da República ser ocupado por Temer. Esta solução dará tempo para que os seis ministros e outros representantes da legenda que ocupam cargos em estatais, bancos oficiais, autarquias, fundações e no segundo escalão do governo na cota do PMDB possam deixar seus cargos com poucos traumas pessoais, políticos e eleitorais. Para evitar um embate desgastante entre governistas e oposicionistas, a convenção se concentrará na reeleição de Michel Temer como presidente do partido, o que já foi negociado e é consenso entre convencionais. A ideia de apresentar uma moção pelo desembarque do governo foi descartada pelos dissidentes para evitar constranger os seis ministros da legenda – Kátia Abreu (Agricultura), Marcelo Castro (Saúde), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Helder Barbalho (Portos) e Eduardo Braga (Minas e Energia). O governo tinha negociado a nomeação do secretário-geral da sigla, Mauro Lopes, como ministro da Aviação Civil. Além disso, se fosse colocada para discussão e votação, a moção do desembarque do governo poderia ser contestada na Justiça, já que a convenção foi convocada formalmente, inclusive com edital, sem esta pauta. “Precisamos sair da convenção unificados em torno de Michel Temer”, disse o deputado Lucio Vieira Lima (BA), parlamentar que nunca apoiou o governo Dilma e nas eleições de 2014 fez campanha para o tucano Aécio Neves (MG). Na convenção com tendência claramente oposicionista serão toleradas as manifestações pró-governo. Mas sem uma decisão formal sobre sair ou abandonar Dilma. A estratégia do grupo oposicionista do PMDB é desistir da aprovação de uma moção mais radical, rompendo com o governo na convenção deste sábado, e atrair o senador Renan Calheiros (AL) para a proposta de desembarque. O presidente do Congresso resiste a deixar a base de apoio do governo Dilma, mas pode ser convencido pelo agravamento da crise econômica. Outro peso pesado da legenda que os oposicionistas querem convencer a abandonar o governo é o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). A possibilidade de Temer assumir a presidência da República no lugar de Dilma com o impeachment colaborou para o acordo, que prevê o adiamento da decisão sobre a saída do partido do governo. O novo diretório do PMDB que será escolhido neste sábado deverá ser majoritariamente oposicionista. Com isto, crescem as chances da decisão pela saída do governo na reunião da instância máxima da legenda. “Vamos fazer neste sábado a maior convenção anti-PT já realizada pelo PMDB”, disse o deputado Darcisio Perondi (RS). É entre os convencionais dos três estados do Sul que há maior resistência à permanência do partido no governo. Os deputados e senadores nordestinos são os mais temerosos do rompimento. (Congresso em Foco)
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