<span style="font-size:14px;">O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, disse que o "Brasil é o país dos conchavos, do tapinha nas costas" na madrugada deste domingo (22) em entrevista ao canal GloboNews.<br /> <br /> Barbosa disse que não pretende se candidatar a cargo político em 2014 - ele já negou que iria tentar a Presidência - mas não descartou investir na vida política durante as próximas eleições. <em>"Recebo inúmeras manifestações de carinho, pedido de cidadãos comuns para que me lance nessa briga [candidatura], mas não me emocionei com a ideia ainda",</em> relatou.<br /> <br /> O ministro defendeu que o Brasil tem responsabilidade por estar entre as 10 maiores democracias do mundo: "Isso aqui não é lugar para brincadeira". Também criticou a tomada de decisões dos três poderes: <em>"Se faz muita brincadeira no Brasil no âmbito do Estado, dos três poderes. Muitas decisões são tomadas (...) superficialmente. Não se pensa nas consequências".</em><br /> <br /> Questionado sobre se as penas aos condenados no processo do mensalão foram muito pesadas, discordou: "ao contrário". Ele deu a entender que a Corte tem histórico de penalizar mais quem chamou de "pessoas comuns". "O Supremo chancela em habeas corpus coisas muito, mas muito mais pesadas", completou.<br /> <br /> Ao conversar sobre racismo no Brasil, Barbosa disse esperar que os presidentes nomeiem homens e mulheres negras "de maneira natural" e que "não façam estardalhaço disso". O ministro criticou convites que Lula teria feito a ele quando era presidente para ir à África. Entre outros motivos para a recusa, Barbosa entendeu que "era uma estratégia de marketing para os países africanos".<br /> <br /> Ele lembrou que fez uma acusação contra o jornalista Ricardo Noblat por crime racial.<br /> <br /> <u><strong>Ministro foi relator do mensalão</strong></u><br /> <br /> Barbosa foi o relator do processo do mensalão, que acabou com a condenação de nomes importantes do PT, como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.<br /> <br /> O ministro foi nomeado à Corte em 2003 pelo então presidente Lula e atinge a idade de aposentadoria compulsória no tribunal, 70 anos, em 2024.<br /> <br /> Em novembro, quando completa a gestão de dois anos como presidente do STF, ele será substituído na liderança da Corte pelo ministro Ricardo Lewandowski.<br /> <br /> Na entrevista ao canal, Barbosa sinalizou que não deve esperar a aposentadoria para deixar a Corte: "Pretendo ficar mais um 'tempinho', mas vou decidir o que fazer".<br /> <br /> <u><strong>Ministro pode se filiar até 6 de abril</strong></u><br /> <br /> Pela lei, Barbosa pode deixar o cargo e se filiar a algum partido até 6 de abril (seis meses antes das eleições) caso queira disputar algum cargo.<br /> <br /> Pesquisa do Datafolha realizada em fevereiro apontou que só uma eventual candidatura de Joaquim Barbosa e Marina Silva à Presidência poderiam forçar o 2º turno com Dilma. Barbosa já disse que não será candidato à Presidência.<br /> <br /> <u><strong>Debates e provocações com colegas</strong></u><br /> <br /> Barbosa já entrou em debates acalorados com colegas do STF. Ele acusou Lewandowski de fazer "chicana" durante sessão do julgamento do mensalão em agosto de 2013 - em termos jurídicos, chicana é o ato de retardar um processo judicial com base em um detalhe ou em um ponto irrelevante. A palavra também pode ser entendida como "trapaça" ou "tramoia".<br /> <br /> Em fevereiro de 2014, sugeriu que o colega Luís Roberto Barroso, mais novo integrante do colegiado, tinha "voto pronto" sobre o mensalão antes mesmo de se tornar ministro. Também criticou os argumentos de Teori Zavacki e Barroso quando estes votaram pela absolvição de oito réus do mensalão do crime de formação de quadrilha. <em>(</em></span><em><span style="font-size:14px;">Do UOL, em São Paulo)</span></em>