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'Estou pagando até hoje', diz homem preso injustamente por causa de traição da primeira-dama

Matéria conta detalhes da trama forjada contra promoter de eventos.

Por Redação 3.880
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20/11/2021 09h19 - Atualizado há 2 anos
Mauro Carlesse com a ex-primeira-dama Fernanda Mendonça.

A Revista Veja (Edição nº 2.765) revelou mais um capítulo do enredo por trás do afastamento do governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL). Segundo a reportagem, ele teria tramado e forjado uma prisão contra o promoter de eventos de rodeio, Ernandes Araújo, por supostamente ter divulgado vídeos e fotos de uma possível traição da então primeira-dama Fernanda Mendonça.

A revista inicia a reportagem dizendo que os eleitores do Tocantins não têm tido muito sucesso em escolher seus governantes. “Desde 2006 nenhum dos eleitos conseguiu concluir o mandato. O último a entrar nessa lista foi Mauro Carlesse. No mês passado, o governador foi afastado por decisão do Superior Tribunal de Justiça, depois que a Polícia Federal descobriu que ele estava envolvido em múltiplas falcatruas”, expõe. 

Carlesse é apontado como chefe de uma quadrilha que teria desviado 44 milhões de reais dos cofres públicos por meio de pagamento de propina relacionada ao plano de saúde dos servidores (Plansaúde).

A revista afirma que “o nível das tramoias se superou” ao entrar na esfera investigativa da Polícia Civil.

O INQUÉRITO

A revista VEJA teve acesso à íntegra do inquérito que levou ao afastamento do governador por 180 dias. Além das evidências de corrupção, a PF apurou que Carlesse usava o aparato estatal para outros fins. 

No terreno político, investigava e perseguia adversários. Foram colhidos indícios de que o governador estava por trás de uma investigação ilegal que foi feita contra o deputado Vicentinho Júnior (PL/TO). O parlamentar teve os telefones interceptados clandestinamente e as informações colhidas foram parar em um dossiê apócrifo. 

Ainda segundo a revista, foi na seara pessoal que Carlesse surpreendeu, ao colocar a polícia no rastro de um caso de traição envolvendo a então primeira-dama, Fernanda Mendonça, 35 anos.

De acordo com a matéria publicada, a história teria começado em junho do ano passado, quando o promoter de eventos Ernandes Araújo procurou os federais para pedir ajuda. Ele havia passado 11 dias na cadeia, acusado de uso e tráfico de drogas. 

“O rapaz, abatido e amedrontado, contou que tinha sido vítima de um flagrante forjado. Agentes sem mandado judicial e supostamente investigando uma denúncia anônima invadiram a casa dele e encontraram pacotes de cocaína escondidos. Ernandes foi algemado e preso em flagrante”, explica a revista.

Ainda segundo a VEJA, dias antes da operação policial, o promoter tinha sido apontado como autor de um vídeo postado na internet que revelava um caso amoroso entre a primeira-dama e o vaqueiro Welisson Barbosa de Souza. O vídeo mostrava fotos íntimas de Fernanda e cópias de mensagens que ela trocou durante um bom tempo com o suposto amante através de um aplicativo. Na agenda de contatos da primeira-dama, Welisson era identificado como "Natália".

A PF, que já investigava o governador por outras denúncias, acrescentou mais essa ao rol - e, depois de meses de diligências, comprovou que o rapaz estava dizendo a verdade. Ele tinha mesmo sido vítima de uma baita armação. 

Os federais recuperaram imagens de câmeras de segurança que mostravam um carro a serviço do Departamento de Inteligência da polícia do Tocantins parado nas proximidades da casa de Ernandes às vésperas do flagrante. Também colheram provas de que a casa do promoter foi invadida no mesmo dia, certamente para "plantar" a droga. E nenhuma das autoridades estaduais conseguiu explicar de onde partiu a tal denúncia anônima. A PF apontou o governador como o mentor da trama.

O PROMOTER

"Fiquei na prisão e estou pagando por isso até hoje, psicologicamente e também na minha vida profissional. Não consigo arrumar um emprego, já que na minha ficha consta esse flagrante forjado", diz Ernandes a revista. 

Ele contou para a revista que, desde que seu nome apareceu envolvido no caso da traição, sua vida virou um inferno. Por causa da amizade com Welisson, o suposto amante, o promoter logo foi apontado como autor do vídeo, o que ele nega. 

A retaliação não tardou, primeiro com ameaças de todo tipo e, depois, com o tal flagrante. Com medo de ser morto, o promoter tenta ingressar no programa de proteção a testemunhas”, informou a revista. "Minha vida sofreu uma tremenda reviravolta", ressalta ele, o único dos personagens que, aparentemente, teve de mudar radicalmente sua rotina.

O vaqueiro, que confirmou ao amigo o caso com a primeira-dama, continua morando com a esposa em Gurupi, no interior do estado. Procurado pela revista, ele não quis se manifestar.

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