Secretários que fazem parte do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Tocantins (COSEMS-TO) cobraram do Governo do Estado o retorno imediato das cirurgias eletivas, que estão suspensas desde o início da pandemia.

Segundo os gestores, a demanda só está aumentando, fazendo com que alguns pacientes façam os procedimentos na rede particular, mesmo sem condições financeiras, e quem não pode pagar, acaba morrendo enquanto espera.

Um dos diretores do Conselho, Wilkey Fernando Lourenço, cobrou a retomada das cirurgias eletivas e fez um desabafo. Ele disse que essa discussão vem ocorrendo antes mesmo da pandemia e citou como exemplo mulheres que esperam há anos por procedimentos simples.

“Até quando vamos conversar e até quando vamos enterrar nossos pacientes? Estamos cansados de participar de reunião e não resolver essa situação. No meu Hospital (Cristalândia) eu fiz o primeiro mutirão de eletivas e o Estado não consegue? Precisamos refletir mesmo sobre isso”, desabafou.

DEMANDA REPRIMIDA

O presidente do Conselho, Rondinelly Souza, falou sobre a demanda reprimida nos municípios e disse que essa situação precisa começar a ser resolvida, mesmo que gradualmente. Para Souza, é importante debater o assunto que, em muitos Estados do Brasil, começou a ser resolvido.

“Estamos há um ano e meio com as nossas cirurgias eletivas paralisadas. Com todo respeito, não devemos condicionar a decisão de outros entes nesta pauta, pois quem decide sobre essa questão somos nós. Há uma discussão sobre profissionais não realizarem cirurgias via poder público, mas podem verificar que muitos estão fazendo procedimentos de forma particular. Precisamos atender a nossa gente, que está na ponta, e que tanto precisa”, declarou.

A REUNIÃO

O Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Tocantins (COSEMS-TO) reuniu-se nesta quinta-feira (19/8), durante Reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), e na pauta foi feita a cobrança pelo retorno imediato da realização de cirurgias eletivas no Estado. O pedido foi solicitado após diversos secretários e secretárias municipais de Saúde pedirem intervenção do COSEMS-TO nesta pauta.

O QUE DIZ A SAÚDE?

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) justificou que "devido à pandemia da Covid-19, o Governo do Tocantins - seguindo recomendações do Ministério da Saúde - suspendeu a realização de procedimentos eletivos, em virtude da falta de segurança, alto índice de contaminação em unidades hospitalares, baixo estoque de insumos e a falta de sangue para a realização das cirurgias".

A Saúde informouque já tem preparado um Plano de Retomada das Cirurgias Eletivas e aguarda mudanças no cenário da pandemia para adotar outras providências.

"Além disso, estudos estão sendo feitos para viabilizar a realização destes procedimentos, utilizando-se recursos do próprio tesouro do Tocantins, uma vez que o Governo Federal não está efetuando as remessas de verbas para essa finalidade, em razão do próprio decreto de risco pandêmico", diz a nota.

Por fim, a Saúde disse que está trabalhando, a princípio, no redirecionamento das cirurgias eletivas de média e pequena complexidade, a serem realizadas nos Hospitais de Pequeno Porte (HPP), onde não há internações de pacientes acometidos pela Covid-19. "Na oportunidade, reforça-se que tais ações seriam custeadas pelo Governo Estadual, em parceria com os municípios que administram tais unidades hospitalares, condicionadas a produção executada", apontou a secretaria.