Em Palmas

Terapia com cães muda rotina de crianças com problemas psicológicos em hospital de Palmas

Por Agnaldo Araujo
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10/03/2018 11h24 - Atualizado há 6 anos
Nielcem Fernandes//AF Notícias  A Cinoterapia está sendo utilizada no Hospital Infantil Público de Palmas (HIPP) desde outubro de 2017 para auxiliar no tratamento de crianças com problemas psicológicos e de relacionamento social ou afetividade. O projeto é fruto de uma parceria entre o Corpo de Bombeiros Militar e a equipe multiprofissional de humanização do hospital. A Cinoterapia é realizada por psicólogos com o auxílio de cães. Projeto Cinoterapia O sargento do Corpo de Bombeiros, Raphael Mollo, um dos responsáveis pelo projeto, explicou ao AF Notícias como funciona a terapia. "Desde outubro de 2017, nós estamos vindo para o hospital com um ou dois cães, todas as quintas feiras, e permanecemos por cerca de uma hora", conta. As crianças atendidas são selecionadas pela equipe de fisioterapia e psicologia e quem faz o trabalho com os cães são os psicólogos e fisioterapeutas, segundo o sargento. "Só fica caracterizada a cinoteriapia quando existe o acompanhamento desses profissionais. Acreditamos que esse tipo de terapia estimula as crianças e ajuda no desenvolvimento neurológico e motriz”,explicou. Anita Coelho dos Santos é uma das psicólogas e idealizadora do projeto Cinoterapia no HIPP. Ela afirmou que essa terapia é muito abrangente, auxilia no tratamento das crianças e lembrou o caso da pequena Ester Alves Rodrigues, de apenas 7 anos, internada há mais de três meses no HIPP. "Na parte psicológica, nos casos de crianças como a Ester, que ainda não tem um diagnóstico concreto, essa terapia ajuda muito. Ontem ela estava muito agitada e amenizou o stress e a agitação com a interação com o cão", afirmou. Conforme a psicóloga, a terapia comprovadamente funciona para pessoas acamadas e também para as crianças do hospital. A cinoterapia, ainda segundo a psicóloga, é fundamental para que as crianças se desvinculem do ambiente hospitalar e interajam com a equipe multiprofissional. "A cinoterapia tende a minimizar o sofrimento causado pela internação por que ela sai do foco da hospitalização e entra no foco da relação como o animal. Essa terapia ajuda também nos casos de timidez", disse. Ela também acrescentou que a terapia auxilia ainda nos casos de relações interpessoais e melhora a convivência no ambiente hospitalar, além de desenvolver o sistema neurológico das crianças, pois os pequenos fazem movimentos com o cão, que antes não faziam, desenvolve a coordenação motora. "É uma terapia excelente", pontuou. Essa iniciativa do Corpo de Bombeiros já vem sendo desenvolvida em outros Estados. Até agora cerca de 50 crianças já foram atendidas no Hospital Infantil de Palmas, segundo Anita Coelho. BENEFÍCIOS Para Aucierene Alves Ferreira, mãe da paciente Ester Alves, o tratamento trouxe resultados imediatos. “Ela ficou muito irritada e estressada com a redução da medicação. Estou vendo que ela reagiu bem à terapia, está bem descontraída e para mim foi muito positivo essa interação com o hospital. Eu gostei bastante. Quero que ela participe mais vezes”, declarou. Marina Cordeiro de Abreu é mãe do paciente Sidnei Santos Júnior, internado há 50 dias no HIPP e também aprovou os benefícios da cinoterapia. Ela contou que o menino estava muito triste e não falava com ninguém, nem com os médicos, mas a partir do momento em que teve contato com os cachorros ele começou a sorrir. "Ele não estava movimentando a perna e passou a fazer os movimentos através das brincadeiras com os cães. Mesmo com a dor ele passou a fazer esses movimentos sem perceber. Depois disso ele ficou mais sorridente e até já fala com os médicos. Ele tem dois cachorros em casa e isso pode ter despertado uma lembrança desse vínculo", afirmou emocionada. CÃES O sargento Raphael Mollo ressaltou os cuidados que é dedicados aos animais que participam do projeto e a importância da personalidade do cão para esse tipo de tratamento. Uma das cadelas pertence a um voluntário do projeto. A equipe do Corpo de Bombeiros fez uma avaliação do animal em relação ao aspectos comportamentais para verificar se era adequada para interagir com crianças. "Precisamos saber se o cão não vai morder e se não vai reagir de maneira inadequada diante de determinadas situação. Os animais que participam desse projeto podem acidentalmente ser apertados e ter o pelo puxado", exemplificou. O bombeiro também destacou os cuidados com a higiene e a saúde dos animais. "O animal passa por uma rigorosa avaliação médica feita pelos profissionais do Hospital Veterinário da ULBRA, que é parceiro do projeto. São feitos vários exames e, se o cão estiver apto a adentrar o ambiente hospitalar, é emitido um laudo que atesta a saúde do animal e que o capacita a participar do projeto", afirmou. Além disso, o animal tem que estar com a carteira de vacinação em dia e ter tomando banho no máximo até 24h antes da visita. Além disso, após o banho, o animal não pode ter contato com outros animais e fica em ambiente fechado até o momento da visita. "Esse é um projeto que se paga por si só. É gratificante quando você chega aqui e percebe o quanto o cão muda a vida de uma criança, mesmo no primeiro contato. Você se sente bem em participar e trabalhar nesse projeto. Todo o trabalho que o cão dá se paga quando observamos a reação das crianças”, finalizou o sargento.

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