Operação da Polícia Federal

"Eu não sou bandido e quem cometeu crime precisa ser punido", afirma ex-governador Siqueira

Por Redação AF
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13/10/2016 16h17 - Atualizado há 5 anos
O ex-governador Siqueira Campos (sem partido), um dos alvos da Operação Ápia da Polícia Federal no Tocantins, recebeu a imprensa no início da tarde desta quinta-feira (13) em sua residência, após ser conduzido coercitivamente para depor sobre supostas fraudes em licitações de R$ 1,2 bilhão, ocorridas nos anos de 2013 e 2014. Muito tranquilo, o ex-governador afirmou que foi apenas prestar esclarecimentos à Polícia Federal, no entanto, não está sendo indiciado e nenhum documento foi apreendido em sua residência. Siqueira disse que cumpriu o seu dever enquanto gestor público e jamais faria qualquer coisa ilegal para ter o nome manchado na história do Tocantins. - “Eu não sou bandido, infelizmente tem muitos políticos que são. Não é justo que bandido que esteja à frente das coisas do Estado, dos Municípios ou do país. Chegamos a uma situação deplorável [na política]. Eu cumpri o meu dever e jamais faria qualquer coisa para a história dizer que o primeiro governador do Tocantins foi um bandido desonrado. Não quero desonrar minha família e nem as pessoas que construíram minha família no passado”, afirmou. Questionado sobre as supostas fraudes investigadas pela Polícia Federal, Siqueira Campos afirmou que cada secretário era responsável pela sua pasta. “Eu não tenho responsabilidade direta em nada porque não sou ordenador de despesas. Cada uma [secretaria] tem os responsáveis. Quem cometeu crime precisa ser punido. Isso é dinheiro roubado do povo, que gera desemprego, miséria e deixas as crianças nas ruas”, ressaltou. O ex-governador também afirmou que ficou "surpreso" ao receber a Polícia Federal logo cedo em sua residência, mas que está sempre à disposição para colaborar e lamentou o fato de que a maior parte da população esteja largada de qualquer maneira, sem atenção dos governantes. Siqueira finalizou ressaltando que não é "candidato a nada" e demostrou arrependimento pela renúncia em 2014, que levou Sandoval Cardoso (SD) ao Governo. "O governo ficou a mercê", declarou, acrescentando que  "tem algumas pessoas que nem para ir para o céu eu vou", referindo-se a Sandoval. O ex-governador também explicou o motivo da renúncia: "Se o Eduardo for um dia governador será o melhor para o Estado. Eu renunciei para o Eduardo ser candidato a governador mas não fui buscar acordo com ninguém, apenas eu e Eduardo conversamos isso”, disse Entenda O ex-governador do Tocantins Siqueira Campos foi conduzido coercitivamente – quando o investigado é levado a depor obrigatoriamente -nesta quinta-feira, 13, na Operação Ápia, que apura fraudes em licitações no Estado de R$ 1,2 bilhão do BNDES. Por meio de sua assessoria de imprensa, Siqueira Campos informou que está ‘prestando esclarecimentos à PF’. A Polícia Federal, com o Ministério Público Federal e a Controladoria Geral da União deflagrou a Operação Ápia contra um esquema de fraudes no Tocantins à licitações públicas e execução de contratos administrativos celebrados para a terraplanagem e pavimentação asfáltica em diversas rodovias estaduais. Participam da operação cerca de 350 policiais federais. Ao todo estão sendo cumpridos 113 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal sendo, 19 mandados de prisão temporária, 48 de condução coercitiva e 46 de busca e apreensão nas cidades de Araguaína, Gurupi, Goiatins, Formoso do Araguaia, Riachinho e Palmas, no Tocantins. Em Goiás, nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. No Maranhão, em São Luís, Governador Nunes Freire e Caxias. Também estão sendo cumpridos mandados em Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Brasília e Cocalinho (MT). A investigação apontou um esquema de direcionamento de concorrências envolvendo órgãos públicos de infraestrutura e agentes públicos do Estado, nos anos de 2013/2014. Essas obras foram custeadas por recursos públicos adquiridos pelo Estado, por meio de empréstimos bancários internacionais e com recursos do BNDES, tendo o Banco do Brasil como agente intermediário dos financiamentos no valor total de cerca de R$1,2 bilhão. Os recursos adquiridos tiveram a União como garantidora da dívida. O foco da investigação são as obras nas rodovias licitadas e fiscalizadas pela secretaria de infraestrutura, que correspondem a 70% do valor total dos empréstimos contraídos. Os investigadores apontam que, em um dos contratos, uma empreiteira pediu complemento para realização da obra de mais de 1.500 caminhões carregados de brita. Se enfileirados, esses veículos cobririam uma distância de 27 quilômetros, ultrapassando a extensão da própria rodovia. “Em outra situação, a perícia demonstrou que para a realização de determinadas obras, nos termos do contrato celebrado, seria necessário o emprego de mão de obra 24 horas por dia, ininterruptamente, o que, além de mais oneroso, seria inviável do ponto de vista prático”, aponta a PF em nota divulgada nesta quinta. Estima-se que o prejuízo aos cofres públicos gire em torno de 25% dos valores das obras contratadas, o que representa aproximadamente R$ 200 milhões. Os investigados responderão pelos crimes de formação de cartel, desvio de finalidade dos empréstimos bancários adquiridos, além de peculato, fraudes à licitação, fraude na execução de contrato administrativo e associação criminosa. Somadas as penas podem ultrapassar 30 anos. O nome da operação se refere à Via Ápia, uma das principais estradas da antiga Roma.

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