Foram indiciados

Vereadores acusados de corrupção trocaram 16.444 ligações e mensagens, aponta polícia

A polícia transcreveu mais de 120 páginas de conversas sobre conchavos políticos.

Por Raimunda Costa 1.146
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09/02/2019 08h47 - Atualizado há 5 anos
Câmara de Augustinópolis

A Polícia Civil indiciou 10 dos 11 vereadores de Augustinópolis pelos crimes de corrupção passiva, praticada 25 vezes, concussão e organização criminosa. 

Os dez parlamentares foram presos durante a Operação Perfídia no dia 25 de janeiro, mas já estão soltos. Eles são suspeitos de integrar uma organização criminosa que cobrava propina para aprovação de projetos enviados pela prefeitura à Câmara. Na época, apenas o presidente da Casa de Leis não teve a prisão decretada, mas foi levado para depor.

De acordo com o delegado Jacson Wutke, os vereadores Edvan Neves da Conceição e Antônio Silva Feitosa exerciam forte influência e comando dentro da organização criminosa enraizada na Câmara. Eles que determinavam os caminhos a serem explorados.

Já os vereadores Ângela Maria Silva Araújo de Oliveira, Antônio Barbosa Sousa, Antônio José Queiroz dos Santos, Francinildo Lopes Soares, Marcos Pereira de Alencar, Maria Luisa de Jesus do Nascimento, Ozeas Gomes Teixeira e Wagner Mariano Uchôa Lima integravam o grupo, seguindo direcionamentos para aprovação e omissão ao controle externo.

Interceptações telefônicas

O delegado ressaltou que além das interceptações telefônicas, com as buscas e apreensões foi possível localizar outros elementos de convicção, principalmente nos aparelhos eletrônicos.

Embora parte dos indiciados tenham apagado conversas e mensagens, as provas colhidas e aliadas às comunicações interceptadas são mais que suficientes para se concluir, com a convicção necessária, que os vereadores recebiam as vantagens indevidas desde o início do mandato”, enfatizou o delegado.

Conforme Jacson, durante os 30 dias de vigência da medida cautelar de interceptação telefônica, chamou atenção o fato de que não houve qualquer conversa sobre projetos de lei ou outros interesses da comunidade local.

Mesmo com a interceptação de 16.444 chamadas e mensagens de texto dos membros da Casa, não houve qualquer discussão sobre interesses sociais, como a aprovação de projeto de lei que pudesse beneficiar os munícipes”, disse o delegado.

Por outro lado, a equipe de análise criminal preencheu mais de 120 páginas com diálogos transcritos versando as conversações interceptadas e interessantes à investigação essencialmente sobre conchavos políticos e a cobrança para o pagamento de vantagens indevidas em razão da função pública que exerciam na Câmara Municipal.

Entenda o caso

No dia 25 de janeiro, a Polícia Civil deflagrou a Operação Perfídia  para prender 10 dos 11 vereadores de Augustinópolis, no norte do Tocantins.

As investigações apontaram que os parlamentares cobravam propina para aprovar projetos enviados pela prefeitura. O esquema movimentava cerca de R$ 40 mil por mês.

Os pagamentos variavam de R$ 1 mil até R$ 8 mil por mês. Os valores seriam diferenciados e determinados em razão da força política que exercem dentro da estrutura administrativa e social. 

Todo o esquema seria "negociado, gerenciado e liderado" pelo vereador Edvan Neves da Conceição (MDB), conhecido como Neguin da Civil. Ele recebia em patamar superior por ser policial civil.

A vereadora Maria Luísa de Jesus do Nascimento, Luizinha (PP), também recebia valores mais expressivos em razão da sua força política, com ligações estreitas com o Palácio Araguaia. Segundo a denúncia, todos ou quase todos os vereadores teriam efetivamente envolvimento com a 'mesadinha'.  

Os pagamentos seriam realizados em espécie a partir do dia 20 de cada mês na própria sede da Prefeitura de Augustinópolis. 

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