Kylian Mbappé Lottin tem apenas 19 anos e já é uma das estrelas da Copa do Mundo da Rússia. Mas o garoto prodígio francês é mais que um craque. Ele tem um coração gigante. O salário que recebe da seleção francesa por jogo, equivalente a 20 mil euros ou cerca de R$ 90 mil reais, ele tem doado integralmente para instituições de caridade em seu país. A cada partida, uma entidade é contemplada. Foi o que revelou esta semana o jornal francês
L’Equipe, sem dizer quais são as entidades. Até agora, ele jogou quatro partidas, portanto, já doou 80 mil euros ou R$ 360 mil reais. Que maravilha! Já pensou se nossos jogadores multimilionários fizessem o mesmo? Mas a bondade de Mbappé não para por aí. Ele prometeu doar também todos os bônus oriundos da Copa 2018 para uma organização que atende crianças com deficiências físicas diversas, a
Premiers de Cordées. A recuperação dessas crianças é realizada por meio da prática de algum esporte, de acordo com suas possibilidades físicas e emocionais. O que Mbappé faz é louvável e deveria servir de inspiração para os demais jogadores de todos os times do mundial, mas é um absurdo a realidade que vivemos, não? Com tanta gente miserável no mundo, como é que podem existir salários de R$ 90 mil reais por 90 minutos de trabalho (o tempo de uma partida, sem prorrogação)? Desapegar e compartilhar, como esse moço de apenas 19 anos faz, é um caminho para tentar reduzir a desigualdade.
Negro e francês Tem gente que, quando vê Mbappé, não diz que ele é francês. Como se essa nacionalidade só fosse possível para pessoas brancas de pais franceses… Pois Mbappé é filho de pai camaronês e mãe argelina, mas nasceu na França. Portanto, é francês como qualquer nacionalista fanático que brada contra os imigrantes nesse país. E grita para Mbappé marcar gol na Copa ou se é torcedor do PSG, time que ele defende. Mais ou menos como acontece com Jimmy Durmaz, da Suécia, mesmo sendo branco. Ele é sueco e um dos maiores jogadores do país. Mas, quando provocou uma falta no jogo contra a Alemanha, criando uma chance para o adversário fazer o gol da vitória, foi xingado e ameaçado de morte pela torcida. Contei esta história na semana passada. Interessante a Copa nos esfregar na cara, pelas telas da TV, que está tudo junto e misturado, que somos um povo só, sem distinção de origem, classe social, cor. Só não vê quem não quer. Por Mônica Nunes