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Clima quente e covid-19: estudo de pesquisadores do Tocantins tem destaque internacional

Trabalho foi publicado em um dos mais respeitados periódicos na área ambiental do mundo.

Por Redação 16.928
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06/05/2020 10h54 - Atualizado há 3 anos
Teste de covid-19

Uma pesquisa realizada por dois professores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) chegou à conclusão que regiões mais quentes resistem, mas não evitam a propagação do novo coronavírus (covid-19).

O estudo foi feito por David Nadler Prata (ciências da computação) e Waldecy Rodrigues (economia), com a colaboração do professor Paulo Bermejo, da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo a UFT, os pesquisadores coletaram dados oficiais divulgados diariamente pelo Ministério da Saúde (MS) sobre o número de infectados nas 27 capitais brasileiras e compararam com as relações climáticas das cidades. Isso permitiu que eles referendassem o que tem sido publicado mundialmente e publicassem um artigo na revista Science of The Total Environment.

Para fazer essa relação, os dados foram rodados em modelos estatísticos sofisticados. “Criamos um modelo aditivo generalizado explorando características lineares e não-lineares de fatores ambientais como temperatura, umidade e altitude, e, também dados demográficos como população e densidade demográfica. Além disso, para dar suporte a modelos preditivos, criamos um modelo polinomial de regressão linear multivariada”, explicou Prata.

A junção dos dois modelos permitiu ver o efeito individual das variáveis para essa expansão em cada cidade pesquisada.

CONCLUSÃO 1

A principal conclusão da pesquisa é que no Brasil, nas regiões mais quentes, há uma certa tendência de redução dos casos da covid-19, cerca de 4% por grau Celsius de temperatura média compensada, mas isto é condicionado por outros fatores, como por exemplo, a umidade relativa do ar. 

Estes resultados estão de acordo com outros testes realizados no mundo, como China, Oceania, Europa e Estados Unidos. Desta sorte, mesmo nas regiões quentes e secas, como é o caso do Tocantins, esta pequena proteção natural pode se esvair muito rapidamente dada a concentração de pessoas e o comportamento social”, ressaltou Rodrigues.

CONCLUSÃO 2

Outra conclusão é que em temperaturas mais baixas, clima subtropical do Brasil, há um índice maior de infecção da covid-19. Porém, ponderou Prata, o estudo não conseguiu evidências que deem suporte de que em regiões mais quentes, acima de 24 graus Celsius, haveria uma redução no índice de infestação do vírus. Ou seja, estudos para temperaturas mais altas precisam ser melhor investigados, pois o clima quente resiste, mas não barra a covid-19.

De forma prática, para a saúde pública do Brasil, é preciso destacar, segundo Prata, que as regiões com clima quente não estão livres do vírus. O vírus não desaparecerá simplesmente por causa de um clima mais quente, com média de temperaturas acima dos 25 graus centígrados.

Destaque mundial

O trabalho publicado pelos pesquisadores em um dos mais respeitados periódicos na área ambiental do mundo contribui para a compreensão mundial do comportamento do novo coronavírus em diferentes condições climáticas e ambientais e se destaca por haver poucos estudos científicos para o hemisfério sul.

A maior parte dos estudos são para China, Estados Unidos e Europa. Como o vírus chegou no hemisfério norte no inverno, as políticas públicas de saúde do mundo têm interesse em saber como esse vírus vai reagir no verão, com climas mais quentes”, esclareceu Prata.

O artigo com o resultado completo da pesquisa estará aberto gratuitamente para todos até 18 de junho através deste link.

Teste de covid-19

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