Um Novo Papa e uma questão: Qual a saída para a crise da Igreja Católica?

Por Redação AF
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03/05/2013 14h17 - Atualizado há 5 anos
<div style="text-align: justify;"> <u><strong><span style="font-size:14px;">Raylinn Barros da Silva</span></strong></u><br /> <br /> <span style="font-size:14px;">Nos &uacute;ltimos meses o mundo vem acompanhando pelos notici&aacute;rios a mudan&ccedil;a no comando do catolicismo com a elei&ccedil;&atilde;o de Francisco, o novo Papa. Ao aparecer na sacada da bas&iacute;lica de S&atilde;o Pedro e se apresentar ao mundo cat&oacute;lico, e n&atilde;o cat&oacute;lico, o novo Papa esbanjou um sorriso af&aacute;vel, animador e contagiante. Chamado da Am&eacute;rica Latina, o primeiro papa latino da hist&oacute;ria surpreendeu de novo pela escolha do nome: Francisco.<br /> <br /> A escolha desse nome para o mundo leigo tem o significado de simplicidade, humildade, popularidade em escala global, visto o nome Francisco ser um dos mais populares do mundo ocidental. Mas para os especialistas em religi&atilde;o em geral e em catolicismo em particular, a escolha desse nome tem muito a dizer &agrave; pr&oacute;pria igreja e ao mundo exterior. O novo papa &eacute; da ordem jesu&iacute;ta, antiga Companhia de Jesus fundada por In&aacute;cio de Loyola respons&aacute;vel pela expans&atilde;o da igreja na era moderna e no combate &agrave;s heresias que surgiam a partir da Reforma Protestante no in&iacute;cio do s&eacute;culo XVI.<br /> <br /> Por esse simples motivo a liga&ccedil;&atilde;o do nome do novo comandante da igreja com um ideal de expans&atilde;o do catolicismo, de reconfigura&ccedil;&atilde;o do mundo cat&oacute;lico e de uma aten&ccedil;&atilde;o especial ao problema da perca gradativa de cat&oacute;licos para as outras igrejas crist&atilde;s, sobretudo na Am&eacute;rica Latina nos ajuda a imaginar um direcionamento que o novo papa dar&aacute; &agrave;s a&ccedil;&otilde;es do l&iacute;der do catolicismo em escala global.<br /> <br /> Mas sabe-se que o novo papa tamb&eacute;m &eacute; devoto de S&atilde;o Francisco Xavier grande nome da evangeliza&ccedil;&atilde;o na seara crist&atilde; ao longo dos dois mil anos da igreja cat&oacute;lica. Com uma reputa&ccedil;&atilde;o mission&aacute;ria que o coloca talvez em igualdade de import&acirc;ncia evangelizadora de personagens do porte do ap&oacute;stolo Paulo, Xavier contribuiu de forma significativa na configura&ccedil;&atilde;o de um novo catolicismo mais ligado ao esp&iacute;rito de miss&atilde;o e de renova&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> O terceiro ponto a ser discutido a partir da escolha do nome do novo papa &eacute; a liga&ccedil;&atilde;o com outro santo, talvez o mais popular, mais corajoso e mais renovador na hist&oacute;ria da igreja. Trata-se de S&atilde;o Francisco de Assis. S&atilde;o Francisco entrou para a hist&oacute;ria como aquele que defendeu a todo custo um modelo de igreja que mais do que mission&aacute;ria e evangelizadora, deva ser uma igreja pobre e para os pobres. Esse ideal inclusive na &eacute;poca de Francisco de Assis chegou a incomodar grandemente a hierarquia cat&oacute;lica enclausurada dentro dos muros do Vaticano, hierarquia acostumada &agrave; ostenta&ccedil;&atilde;o e ao apego aos bens materiais e pouco espirituais.<br /> <br /> Mas para al&eacute;m das especula&ccedil;&otilde;es acerca do rumo que Papa Francisco deva empreender em seu pontificado que est&aacute; apenas come&ccedil;ando &eacute; a postura que o argentino quer d&aacute; &agrave; igreja diante da mais s&eacute;ria e profunda crise que o catolicismo passa nos &uacute;ltimos tempos. Herdeiro de um problema sem igual na hist&oacute;ria do cristianismo cat&oacute;lico caber&aacute; a ele enfrentar com ardor mission&aacute;rio de In&aacute;cio de Loyola, com o esp&iacute;rito evangelizador de Francisco Xavier e a humildade renovadora de Francisco de Assis os desafios que est&atilde;o &agrave; frente de seu pontificado.<br /> <br /> Acredito que a sa&iacute;da para essa crise estrutural que &eacute; mais moral do que qualquer outra, deva o papa Bergoglio enfrent&aacute;-la com a coragem de quem tem a &ldquo;chave&rdquo; de S&atilde;o Pedro nas m&atilde;os. Como quem det&eacute;m o poder da chave tem o poder de abrir e fechar, esperemos que o novo papa tenha coragem de abrir a igreja &agrave;s mudan&ccedil;as t&atilde;o necess&aacute;rias nesse momento hist&oacute;rico por qual passa o catolicismo e a determina&ccedil;&atilde;o de fechar as portas da igreja para realidades que vem ao longo dos s&eacute;culos afetando a igreja como a obrigatoriedade do celibato e a rigidez desnecess&aacute;ria dos dogmas.<br /> <br /> A hist&oacute;ria da igreja nos faz acreditar que &eacute; como resultado das crises pelas quais a igreja passou que ela foi buscar nos seus erros hist&oacute;ricos mecanismos de reflex&atilde;o para uma renova&ccedil;&atilde;o. Mas a crise que hoje mergulha a igreja em esc&acirc;ndalos de pedofilia, homossexualidade, disputas internas por poder e corrup&ccedil;&atilde;o financeira nos faz refletir que mais do que uma igreja crist&atilde; a igreja cat&oacute;lica precisa retomar seus valores crist&atilde;os que foram ao longo dos s&eacute;culos sendo deixados de lado diante dos olhos de todo o mundo.<br /> ______________</span><br /> <span style="font-size:12px;"><em>Raylinn Barros da Silva &eacute; Graduado em Hist&oacute;ria e P&oacute;s-Graduado em Ensino de Hist&oacute;ria pela UFT (Universidade Federal do Tocantins). Tem experi&ecirc;ncia na Hist&oacute;ria Regional, atuando principalmente na pesquisa dos temas que envolvem a Igreja Cat&oacute;lica e suas miss&otilde;es religiosas no extremo norte de Goi&aacute;s, hoje Tocantins.</em></span></div>
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