Colheita maldita

Por Redação AF
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19/11/2012 13h03 - Atualizado há 5 anos
<div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:14px;"><u><strong>Alexandre Garcia</strong></u><br /> <br /> O mundo assiste horrorizado &agrave; matan&ccedil;a na S&iacute;ria. Em 19 meses de lutas entre governo e rebeldes, morreram 32 mil pessoas, segundo a ONU. Pois aqui no Brasil, no mesmo per&iacute;odo, foram assassinadas 85 mil pessoas, segundo proje&ccedil;&atilde;o de dados do IBGE e do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de. Abro jornais, revistas, ligo a TV, ou&ccedil;o o r&aacute;dio, e o que mais aparece s&atilde;o conselhos de como se precaver de assaltos e sequestros. A sensa&ccedil;&atilde;o que se tem &eacute; que, se os governos n&atilde;o t&ecirc;m compet&ecirc;ncia para cumprir seus deveres de dar seguran&ccedil;a aos cidad&atilde;os, ent&atilde;o empurram a responsabilidade para as v&iacute;timas. As pessoas que se acautelem e se defendam como puderem. Vale lembrar que um dos conselhos que as autoridades d&atilde;o &eacute;: &quot;N&atilde;o reaja.&quot;<br /> <br /> O pa&iacute;s, al&eacute;m de n&atilde;o ter compet&ecirc;ncia para conter o crime e as drogas que em geral est&atilde;o na raiz da viol&ecirc;ncia, ainda pede que n&atilde;o reajamos. A turba de incompetentes avisa os bandidos: podem assaltar, sequestrar, que estamos recomendando passividade aos cordeiros. No referendo de 2005, 64% dos eleitores disseram &quot;n&atilde;o&quot; ao desarmamento porque sabem que os bandidos n&atilde;o s&atilde;o desarmados. E que n&atilde;o se deve deixar o assaltante com a certeza de que a v&iacute;tima est&aacute; desarmada e n&atilde;o vai reagir. Os bandidos percebem a confus&atilde;o das autoridades e matam at&eacute; policiais. J&aacute; s&atilde;o cerca de 90 policiais mortos neste ano em S&atilde;o Paulo.<br /> <br /> Armas e drogas entram no pa&iacute;s com facilidade e v&atilde;o para os bandidos e traficantes. Os viciados sustentam os traficantes e seus ramos criminosos. E o resultado &eacute; a falta de seguran&ccedil;a em todas as cidades, n&atilde;o importa o tamanho. Quando se come&ccedil;a a ler os dec&aacute;logos das autoridades, sobre tudo que temos que fazer para nos prevenir, talvez a gente conclua que o melhor &eacute; se mudar para o Chile, por exemplo. O Brasil &eacute; uma consequ&ecirc;ncia do enfraquecimento da lei. E n&atilde;o podemos dizer que a culpa &eacute; s&oacute; daqueles que assumem cargos sem compet&ecirc;ncia. A responsabilidade tamb&eacute;m &eacute; nossa, quando n&atilde;o fazemos a nossa parte. Ou ser&aacute; que &eacute; apenas o outro que sonega, passa sinal fechado, faz barulho para o vizinho, joga papel na rua e vota em safado? N&oacute;s somos parte da bagun&ccedil;a nacional.<br /> <br /> Estamos num beco sem sa&iacute;da. Cedemos, nos alienamos, calamos, deixamos nossa energia em clubes de futebol. Estamos com 150 homic&iacute;dios por dia. A S&iacute;ria &eacute; fichinha, perto da nossa matan&ccedil;a. Sem contar mais de 200 mortos por dia no tr&acirc;nsito sem lei. E esse fruto amargo e sangrento que estamos colhendo n&atilde;o aparece de repente. Foi resultado de uma longa semeadura - e durante anos adubamos as sementes do mal. Agora a&iacute; est&aacute; a colheita, a nos oferecer a paz de cemit&eacute;rio.<br /> <br /> <em>Alexandre Garcia &eacute; jornalista em Bras&iacute;lia. Texto publicado originalmente em S&oacute; Not&iacute;cias</em></span></div>
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