Crise na saúde

Federação Médica diz que HGP parece cenário de guerra e catástrofes

Por Agnaldo Araujo
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03/09/2016 09h00 - Atualizado há 5 anos
A Federação Médica Brasileira emitiu um comunicado referente à grave situação da saúde pública no Estado do Tocantins. Após visita ao Hospital Geral de Palmas, a FMB afirmou que as condições na unidade são precárias e podem ser comparadas aos hospitais de campanha, que são montados durante conflitos bélicos e catástrofes. “Pacientes, inclusive crianças, são amontoados nos corredores e em uma tenda provisória montada ao final do ano de 2013. Um ambiente insalubre, seguramente prejudicial aos pacientes ali jogados e a todos os trabalhadores que ali labutam”, afirmou. A Federação afirmou ainda que o HGP se transformou em um local de “tragédia anunciada”, devido a insuficiência de profissionais, falta de condições de atenção, limitação de procedimentos, sobrecarga de demanda, ausência de insumos, entre outros. No comunicado, a FMB se solidarizou com os servidores públicos em greve geral e também ao médico de Araguaína, Roberto Corrêa Ribeiro de Oliveira, que entrou em greve de fome após quase um ano de pagamentos atrasados. “Reivindicamos o estabelecimento de política de recursos humanos que garanta qualidade e segurança a todos os servidores públicos. Rogamos às autoridades que prevaleça o bom senso e estabeleçam imediato diálogo que leve à solução destes conflitos”, finalizou a FMB. Visita ao HGP Representantes da FMB, Sindicato dos Médicos (SIMED-TO) e Conselho Regional de Medicina (CRM-TO) se reuniram, na manhã desta sexta-feira (02/09), com a direção do Hospital Geral de Palmas (HGP). Durante a reunião foram tratados assuntos como a regulação do atendimento, a referenciação de pacientes e a condição do anexo improvisado, uma grande área em tenda de lona, há quase três anos e que está em vias de ter interdição técnica por parte do CRM-TO nos próximos 12 dias. Após a reunião, os médicos seguiram em uma visita técnica em várias alas do HGP, entre elas a UTI, a Sala Vermelha e a tenda do anexo. Este anexo foi o que mais chamou atenção dos diretores da FMB pela insalubridade e superlotação do local. “O que vimos foram cenas dantescas. O anexo é um hospital de campanha, o que é aceitável em tempos de guerra, o que não é o caso”, descreveu Waldir Araújo Cardoso, presidente da FMB. De forma geral, o presidente da FMB avalia que o problema no HGP é sistêmico e mostra uma grave crise na gestão da saúde no Estado. Para Cardoso, o hospital é vítima da falta de um sistema de regulação que organize o fluxo de pacientes, de forma que, quando uma pessoa não encontra atendimento na sua cidade, às vezes até nos estados vizinhos,  não tenha como única opção se dirigir ao HGP. Outro ponto abordado foi que as duas Unidades de Pronto Atendimento de Palmas não são suficientes e que falta um hospital municipal para suprir a demanda da capital, uma vez que Palmas já tem um quantitativo populacional que pede esta estrutura. Confia a íntegra do comunicado Federação Médica Brasileira Comunicado à sociedade Tocantinense “A Federação Médica Brasileira vem a público manifestar sua preocupação com as condições de atenção à saúde no Estado de Tocantins, particularmente no Hospital Geral de Palmas (HGP). Em que pese os heroicos esforços da equipe médica e demais trabalhadores de saúde, as condições de assistência à saúde naquela unidade hospitalar são precárias e podem ser comparadas aos hospitais de campanha que são montados durante conflitos bélicos e catástrofes. Pacientes, inclusive crianças,são amontoados nos corredores e em uma tenda provisória montada ao final do ano de 2013. Um ambiente insalubre, seguramente prejudicial aos pacientes ali jogados e a todos os trabalhadores que ali labutam. Uma política de recursos humanos ineficiente, a falta de um modelo assistencial hierarquizado, descentralizado e  resoluto, uma política de financiamento insustentável; falta do acolhimento do controle social na construção das políticas públicas de saúde e efetiva fiscalização do cumprimento das mesmas, ausência de um modelo de gestão eficiente e  eficaz, bem como o descompromisso  com a defesa da dignidade do cidadão tocantinense . Assim, insuficiência de profissionais, falta de condições de atenção, limitação de procedimentos, sobrecarga de demanda, ausência de insumos, entre outros, transforma o HGP em local de uma tragédia anunciada.  Centro de agressão persistente aos direitos humanos de trabalhadores e usuários, reflexo do desmonte progressivo do SUS. A Federação Médica Brasileira, através do Sindicato dos Médicos do Tocantins, coloca-se à disposição das autoridades públicas e da sociedade tocantinense no sentido de contribuir para o equacionamento da grave situação em que se encontra a assistência à saúde no Estado. Na oportunidade, nos solidarizamos com os servidores públicos em greve geral e reivindicamos o estabelecimento de política de recursos humanos que garanta qualidade e segurança a todos os servidores públicos. Manifestamos ainda nossa mais profunda solidariedade com o colega médico de Araguaína que, há um ano sem receber seus vencimentos, entrou em greve de fome. Rogamos às autoridades que prevaleça o bom senso e estabeleçam imediato diálogo que leve à solução destes conflitos”.

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