Tocantins

Pistoleiros atacam famílias camponesas a mando de fazendeiros, denuncia Comissão Pastoral da Terra

Por Agnaldo Araujo
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19/07/2016 17h29 - Atualizado há 5 anos
Pistoleiros estão atacando famílias camponesas a mando de fazendeiros na região norte do Tocantins. Foi o que denunciou a Comissão Pastoral da Terra Araguaia-Tocantins (CPT). Conforme a denúncia, existe uma onda de violência contra os moradores, devido ao que chamou de acirramento das agressões dirigidas contra trabalhadores e trabalhadoras em luta por terra. De acordo com a CPT, na manhã da última segunda-feira (18/07), um jovem, de 17 anos de idade, foi baleado por um pistoleiro na ocupação rural denominada Capela, no município de Piraquê (TO). Ele teve um dos dedos da mão decepado com o disparo. Segundo relatos de moradores, três pistoleiros fortemente armados chegaram na área e, após balearem o rapaz, disseram que caso os outros ocupantes continuassem naquelas terras, eles iriam matar todos. Outros conflitos A CPT afirmou que há outros conflitos. Conforme informado, no dia 15 de julho, famílias sem terra foram surpreendidas por pistoleiros que invadiram seu acampamento, fazendo uso inclusive de violência brutal. Elas ocupam uma área da União, conhecida como Tubarão, no interior do município de Wanderlândia. As famílias relataram que, por volta das 15h, homens encapuzados e armados atacaram o lugar, incendiaram seis barracos, efetuando disparos de armas de fogo contra as pessoas e amarraram cinco delas. Por último obrigaram as famílias a saírem da área usando agressões físicas e ameaças psicológicas. Informada sobre os casos, a Delegacia Estadual de Repressão a Conflitos Agrários (Derca) disse que enviou três agentes para averiguar a situação na região. A CPT afirmou ainda que em meados do mês de maio de 2016, o acampamento instalado às margens da fazenda Mata Grande, no município de Santa Fé do Araguaia, foi palco de uma bárbara agressão comandada pelo próprio fazendeiro. Pistoleiros encapuzados teriam adentrado efetuando disparos. Em seguida teriam ameaçado as famílias e agredido a pauladas quatro lideranças do grupo. Já no mês de junho, outros dois grupos, em Carrasco Bonito e Boqueirão, teriam sofrido o mesmo processo de violência, com pistoleiros atacando o acampamento, fazendo ameaças e praticando barbaridades contra as famílias. Caso em Araguaína No dia 08 de julho, Genivaldo Braz, uma liderança da ocupação Gurgueia, no município de Araguaína, foi assassinado enquanto dormia em seu barraco. “Este trabalhador - bem como outras lideranças da comunidade - vinha sofrendo ameaças há vários meses”, disse. O crime está sendo investigado pela Polícia Civil. “Há informações de que, no fim de junho, foi organizada uma reunião no município de Carrasco Bonito com mais de 50 pessoas, dentre elas fazendeiros e pistoleiros de cidades do Bico do Papagaio. As informações sugerem que o propósito do grupo seria articular uma força para matar famílias sem terras daquela região”, afirmou a CPT. A CPT demonstrou apoio e solidariedade às pessoas agredidas. “Diante da onda de violência que se alastra entre comunidades camponesas em luta por terra, a CPT vem expressar seu apoio e sua solidariedade às pessoas agredidas e externar seu repúdio contra os autores e cúmplices dessas violências. Este é um cenário que infelizmente constatamos também em outras regiões do país”, disse.

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