Com dez dias de filmagens, o longa-metragem O Barulho da Noite, de Eva Pereira, ganha contornos e revela alguns dos traços mais marcantes da cultura tocantinense. Nesta semana, o trabalho foi centralizado na reprodução da Folia do Divino Espírito Santo, com a participação dos foliões de Natividade, cidade histórica localizada a 220 km de Palmas.

As cores e cantos tradicionais, os benditos, bem como a dança da suça revelam a religiosidade do sertanejo, representada pelo personagem Agenor, um folião e agricultor apaixonado por suas filhas, vivido pelo ator Marcos Palmeira.

No filme, que tem previsão de lançamento em 2019, o público poderá acompanhar cenas de um legítimo “pouso”, quando os foliões do Divino partem para uma peregrinação de 40 dias por fazendas em busca de donativos para a Festa do Imperador. Além da presença de foliões reais e da participação de figurantes locais que acompanham os festejos, Marcos Palmeira ainda aprendeu a tocar alguns instrumentos, como a caixa.

A folia é apenas um dos elementos que compõem o roteiro assinado por Eva Pereira e amadurecido ao longo de 15 anos. O cenário é outro destaque, e revela a vegetação ressecada do cerrado no período da seca, aliviada apenas pelas flores dos ipês. Todas as cenas serão gravadas até o final de setembro, em uma fazenda próxima a Palmas.

O sotaque, o figurino, as crenças religiosas e costumes sociais ainda preservados no interior do Brasil são o pano de fundo deste drama que traz como personagens principais, além de Marcos Palmeira, Emanuelle Araújo (Sônia) e Patrick Sampaio (Athayde), que vivem uma história de amor e traição acompanhada pelo olhar inocente das filhas Agenor e Sônia, Maria Luiza (Alícia) e Ritinha (Ana Alice).

PRODUÇÃO

O projeto foi um dos vencedores do edital Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Brasileiro (Prodecine 01), referente ao programa Brasil de Todas as Telas, da Agência Nacional de Cinema (Ancine), no valor de R$ 2 milhões. Tem produção da MZN Filmes e coprodução da Bananeira Filmes.

"Conseguimos a aprovação por meio de uma produtora local, a MZN Filmes, e depois fechamos parceria com a Vânia Catani (Bananeira Filmes), que é uma das maiores produtoras de cinema do país", conta Eva Pereira, sobre esta importante parceria que possibilitou o filme acontecer em padrões muito além do esperado, como a formação de uma equipe técnica com larga experiência, incluindo a própria Vania Catani como produtora do filme ao lado de Márcio Mazaron (Mzn filmes) e Tarcila Jacob como produtora executiva. O  diretor de fotografia é Fabrício Tadeu (O Matador, Aquarius, Trash - A esperança vem do lixo), vencedor de melhor fotografia em 2017 no festival de gramado com o filme O Matador.  A mão de obra tocantinense esta sendo contemplada em todos os departamentos do filme, com profissionais locais atuando da parte artística a técnica.

Defensora do audiovisual tocantinense, Eva Pereira também trouxe para o filme técnicos e atores locais, como Léo Pinheiro, Mercês Campelo, Cícero Belém,  Antista do Acordéon, Wetemberg Nunes e Chiquinho Chocolate. Sem contar as atrizes mirins, Alícia Santana, 8 anos, de Mateiros, e Ana Alíce Dias, de apenas 4 anos, de Miracema.