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Historiador fala das lendas urbanas de Araguaína: Feiticeira, Homem do Dilúvio e Menino Epiléptico

Por Redação AF
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11/11/2016 15h18 - Atualizado há 5 anos
Completando 58 anos de emancipação política, Araguaína já possui as suas lendas urbanas, como em outras cidades que possuem grande processo histórico. A maioria da população não conhece as três lendas que abordam a época da formação de Araguaína, de quando os primeiros habitantes começaram a chegar à região. De acordo com o pesquisador e mestre em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Rayllin Barros da Silva, Araguaína as lendas urbanas são: a Feiticeira dos Bosques, o Homem do Dilúvio e o Menino Epiléptico.
Barros explica que as lendas são uma mistura de fatos reais com a imaginação das pessoas, dentro da tradição oral. No caso dessas três lendas, foram fenômenos culturais do povo que chegava ao então Norte Goiano, com o objetivo de morar e acabou criando uma disputa com o discurso dos primeiros religiosos, que também começaram a se instalar na região, especificamente, os orionitas. “A região onde fica Araguaína é de passagem, de transição e sob influência das regiões Norte, Nordeste e de Goiás. Nesse processo migratório foi construída a formação cultural da cidade, a qual prevaleceu a cultura nordestina e o catolicismo popular. Então, o discurso religioso popular sobrevive através das crenças; e com a falta da assistência religiosa na época, a população acabou indo atrás desses personagens que se mostravam como salvadores de fieis”, explicou o historiador. Feiticeira dos Bosques
Segundo Barros, uma mulher chamada pelos orionitas de Feiticeira, uma senhora conhecida como Dona Antônia, apareceu na região onde hoje fica o Distrito de Novo Horizonte, em 1957. Com um discurso religioso voltado para uma cruz que teria caído do céu e que as pessoas seriam salvas se a acompanhassem, a Feiticeira começou a envolver as famílias que moravam nas proximidades, conseguindo agregar em torno de 50 famílias.
Para combater este “fenômeno religioso” que não estaria dentro da Igreja Católica, o padre Pacífico fez um combate incisivo contra os trabalhos de evangelização da Feiticeira. “Este é o primeiro registro de uma lenda ligada ao discurso religioso em Araguaína”, explicou o historiador. A Feiticeira morreu quase um ano depois, após o início do combate do padre contra o seu trabalho de evangelização. “Pouquíssimas pessoas têm conhecimento dessa história, ela foi se perdendo ao longo da tradição oral, sendo registrada posteriormente nas memórias do Padre Quinto Tonini, o livro ‘Dom Orione, entre diamantes e cristais’”. Homem do Dilúvio
A segunda lenda urbana vem a ser registrada no ano seguinte, em 1958, entre os meses de fevereiro a abril, conta Barros. Um senhor de barba comprida que ficou conhecido como “Homem do Dilúvio” apareceu na região de Araguaína pregando que o mundo iria se acabar e começaria por esse local.Para as pessoas se salvarem, teria que ser construído um barco de pau de juriti e elas teriam que segui-lo em seus ensinamentos. “Logo esse Homem do Dilúvio desapareceu e como aconteceu com a Feiticeira, não se tem mais detalhes”, explicou o historiador. Menino Epiléptico
A lenda do Menino Epiléptico surge da mesma forma das outras duas, de forma inesperada e que tinha o discurso de salvação das pessoas, no ano de 1958. “Não se sabe se tinha realmente a doença, mas contavam que ele via Deus e que conversava com ele, transcrevendo os diálogos que tinha entre os dois”, contou Barros.“Assim como surgiu, desapareceu. E também não há registros documentais sobre esse menino”, concluiu. (Joselita Matos)

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