<div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:14px;"><u><strong>João Gomes da Silva</strong></u><br /> <br /> A maioria da cristandade imagina que o diabo está preso no inferno e que sai de lá temporariamente para executar algumas ações e depois volta novamente. Pura ingenuidade! A teologia bíblica o aponta como um ser livre, atuante e perspicaz.</span><br /> <br /> <span style="font-size: 14px;">A idéia de um diabo com chifres, rabo, pés de pato e um enorme tridente na mão foi inspirada nas diversas mitologias e autenticada pela igreja da Idade Média, com a finalidade de assustar os religiosos e os forçar a aproxima-se da fé pelo medo.</span><br /> <br /> <span style="font-size: 14px;">Mas o diabo, teologicamente falando, não é bem assim!...No livro de Jó 1.6 diz: “E vindo um dia em que os filhos de Deus (anjos) vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles”. Ora, se ele (Satanás), foi capaz de ousadamente tentar participar de reuniões angelicais e, se foi audacioso ao tentar Jesus lá no deserto, o que pensar de suas ações neste mundo de frágeis criaturas? </span><br /> <br /> <span style="font-size: 14px;">O apóstolo Paulo, em II aos Coríntios 4:4, faz uma alusão a Satanás, chamando-o de “deus deste século”, pois segundo as Escrituras Sagradas, ele é capaz de se transformar em anjo de luz e enganar até os escolhidos. Tamanha é a sua capacidade de atuação</span><br /> <br /> <span style="font-size: 14px;">Mas tal qual um pescador, ele utiliza-se de iscas bem convenientes para “pescar” no aquário humano e, especialmente, no religioso, sendo que uma delas é o dinheiro, que na condição de moeda de troca é benéfico até o ponto da realização das necessidades essências do ser humano. Daí para frente passa-se ao campo do acúmulo ganancioso, da avareza insaciável, desajustando socialmente o agora seus escravos.</span><br /> <br /> <span style="font-size: 14px;">Não é diferente com a religião.</span><br /> <br /> <span style="font-size: 14px;">O desespero por dinheiro e poder que tomou conta de certos líderes religiosos nos dias atuais é assustador. A igreja se transformou num balcão de negócios onde os fiéis são manipulados a doar tudo que tem para conseguir alcançar supostos benefícios divinos. Chega-se ao cúmulo de se “vender” travesseiros dos sonhos, lenços da benção, sabonete do descarrego, água do Jordão, cinzas da fogueira santa, tijolos para a construção divina e até lotes no céu. Arre!</span><br /> <br /> <span style="font-size: 14px;">Trata-se de um jogo de ganhadores e perdedores. O altar ganha. A platéia perde. É a falsa doutrina que superlota o caminho do inferno com seus transeuntes decepcionados por não terem realizados seus sonhos utópicos. </span><br /> <br /> <span style="font-size: 14px;">A igreja onde se encontrava o lenitivo para a alma cansada, o bálsamo vindo do altar em forma de cânticos, orientação, orações em adoração, se transformou em empresa onde seus ministros são assalariados com altas somas de dinheiro. Os que estão no topo da pirâmide religiosa são detentores de fazendas, emissoras de rádio e TV, jatinhos, mansões nas ilhas do Caribe e outras bens em nome de terceiros, os chamados “ laranjas”.</span><br /> <br /> <span style="font-size: 14px;">Certamente o inferno deve está em festa já que, ao que parece, o diabo se infiltrou de forma sutil e cegou as lideranças da igreja como o fez na idade média com a venda de relíquias e indulgencias. Hoje é assim: quem não for a favor do capitalismo religioso vai pra fogueira, não a da Santa Inquisição, mas de um sistema muito mais perverso que se prolifera com disfarces capazes de enganar até os escolhidos. </span><br /> <span style="font-size: 14px;">-------------------------------------------------------------------------------</span><br /> <span style="font-size:14px;"><u><strong>João Gomes da Silva</strong></u> <em>é escritor, teólogo e titular da Academia Gurupiense de Letras. E-mail: revjoaogomes@gmail.com</em></span></div>