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Arnaldo Filho

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Protesto

Após sindicância, policiais repostam comentário mais de 200 vezes no perfil da SSP-TO

Postagem em massa foi um protesto contra a Corregedoria da Polícia.

Por Arnaldo Filho 3.716
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27/01/2022 16h03 - Atualizado há 2 anos
Foto que gerou polêmica: Secretário de Segurança Pública prestigiando posse do presidente da OAB-TO

Um comentário feito em uma postagem no perfil oficial da Segurança Pública do Tocantins (SSP-TO), no Instagram, foi repostado por centenas de internautas, muitos deles policiais civis, em forma de protesto, depois que a Corregedoria-Geral da Polícia Civil decidiu abrir um procedimento investigativo para apurar infração disciplinar cometida pela servidora que fez a crítica inicialmente.

Na postagem, a SSP destacou que o novo secretário, delegado Wlademir Costa, prestigiou a solenidade de posse do presidente reeleito da OAB-TO, Gedeon Pitaluga.

Nos comentários, uma policial civil fez o seguinte questionamento: "Mas ele responde alguns processos criminais??? E Delegado está prestigiando??? Algo errado não está certo... Pelo visto, daqui pra frente é só pra trás mesmo.... triste", escreveu, referindo-se ao fato de que o mandatário da OAB-TO responde a processo criminal.  

No último domingo (23), o Corregedor-Geral da Segurança Pública, Wanderson Chaves de Queiroz, disse que estava acessando a rede social e visualizou o referido comentário, razão pela qual determinou a instauração de procedimento para apurar possível infração administrativa por parte da autora do comentário.

PROTESTO

Em reação à atitude do Corregedor-Geral, centenas de policiais e internautas postaram também o mesmo comentário. A crítica já aparece mais de 200 vezes na postagem da SSP. Seguindo a lógica, serão mais de 200 novos procedimentos administrativos. Para a categoria, a Corregedoria está tentando cercear a liberdade de expressão dos policiais civis.

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SINDICÂNCIA

Esse é o segundo procedimento aberto recentemente por causa de comentários e opiniões manifestadas por membros da Polícia Civil. Recentemente, o alvo de sindicância foi agente Dalberto Silva Júnior, que é presidente da Associação dos Policiais Civis com Deficiência, Acidentados em Serviço e Portadores de Doenças Graves (Aprovida-PC).

Ele teria distribuído e-mail aos associados criticando a postura do secretário, que estaria agindo como “sindicalista de delegados insensíveis”, e sugeriu protocolar ofício no governo pedindo o afastamento dele do cargo.

REPERCUSSÃO

A nova onda de sindicâncias contra policiais civis tem gerado repercussão negativa. O afastamento do ex-secretário Cristiano Barbosa Sampaio, por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tranquilizou inicialmente a categoria, pois muitos policiais e delegados estavam sendo alvos de perseguição desde a edição da chamada 'Lei da Mordaça'.

Contudo, os policiais afirmam que a atual gestão estaria começando a adotar os mesmos procedimentos da Corregedoria para cercear a liberação de expressão da categoria.

O vereador de Palmas e policial civil Moisemar Marinho divulgou nota de repúdio ao que ele classificou como "perseguição e instauração de procedimento relâmpago" contra os agentes Dalberto Júnior e Chislaine Cardoso, fazendo uso da Lei da mordaça.

Moisemar Marinho, que já foi presidente do Sinpol-TO, cobrou imediatamente a revogação do ato. “O motivo mais estranho deste procedimento instaurado é que no passado, quando os delegados também foram perseguidos e tiveram a Lei da Mordaça como justificativa, eles criticaram o ato. Vale lembrar que a liberdade de expressão é uma garantia constitucional, tanto que os procedimentos instaurados na gestão anterior, foram arquivados”, diz o vereador-policial.

Segundo ele, a alegação do Corregedor é que Dalberto Júnior é investigado por suposta infração de insubordinação, fato não verídico e de interpretação equivocada. “O ato do Corregedor é visto como uma cortina de fumaça de caráter puramente ideológico, que encobre os reais e mais urgentes problemas da categoria. Além de atacar o pensamento crítico e o pluralismo de ideias dos Policiais acusados injustamente. Portanto, uma ação como está é uma atitude não republicana por parte dos Delegados, que estão perseguindo os Policiais Civis”, argumenta.

Moisemar Marinho destaca que o governador Wanderlei Barbosa, sempre se mostrou sensível à causa, recebendo os representantes da Polícia Civil com presteza e atenção necessária, ouvindo os motivos pelos quais os servidores buscam a alteração do plano de carreira.

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