A empresa Brasil Pavimentação recebeu R$ 16,7 milhões em 2018 e mais R$ R$ 6,1 milhões neste ano.
O delegado Evaldo de Oliveira Gomes foi exonerado do cargo de Diretor de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) horas depois de prender um empreiteiro suspeito de corrupção e fraudes em contratos de obras do Governo do Tocantins e prefeituras do interior. A exoneração foi publicada no Diário Oficial do Estado na noite desta segunda-feira (4).
A nova diretora da Dracco é a delegada Cintia Paula de Lima, ex-presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindepol) e aliada da deputada Luana Ribeiro (PSDB), que nega interferência na indicação.
Evaldo já foi titular da DEIC em Araguaína e atuava como diretor da Dracco desde julho. Ele recebeu o comunicado de exoneração pessoalmente do secretário da Segurança Pública Cristiano Sampaio.
Apesar da coincidente exoneração com a operação que investiga contratos da Agência Tocantinense de Obras (Ageto) com a empresa Brasil Pavimentação, o secretário disse ao delegado que a dispensa é devido à notícia de um processo penal que ele responde desde 2004 por suposto recebimento de propina em Filadélfia.
A empresa Brasil Pavimentação recebeu R$ 16,7 milhões em 2018 e mais R$ R$ 6,1 milhões neste ano.
O empreiteiro é suspeito de fraudar a composição do asfalto aplicado nas obras, sem incluir todos os componentes previstos no contrato, para que o produto ficasse mais barato, perdendo, consequentemente, a qualidade dos serviços.
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SINDEPOL SAI EM DEFESA
Conforme o sindicato, desde 2004 o delegado aguarda o deslinde de um processo "baseado em acusações infundadas".
"Não houve condenação em âmbito administrativo e tampouco judicial. O que aconteceu foi uma tentativa de perseguição, com aplicação pela corregedoria de pena de suspensão que posteriormente foi anulada pelo Poder Judiciário em razão de haver vícios no processo", afirma o Sindepol.
Ainda segundo o sindicato, a "perseguição" contra o delegado deu-se justamente em virtude da sua atuação firme, técnica e eficaz. "Infelizmente, é prática comum dos investigados tentar atacar a honradez dos atos de seus investigadores como meio de conturbar processos, desviar o foco e atrapalhar as investigações", diz.
O QUE DIZ O GOVERNO
"A Secretaria de Estado da Comunicação esclarece que o cargo em comissão de diretor da DRACCO – Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado, é de livre nomeação e exoneração. Ressalta-se ainda que eventuais ajustes são normais na Administração Pública.
Cabe destacar que o ex-diretor não é o delegado responsável pela operação ocorrida na referida data, portanto, não cabe nenhuma associação entre os referidos acontecimentos. Considera-se ainda o fato do ex-diretor responder Ação Penal de nº 5000006-11.2008.827.2718, por suspeita de corrupção, o que inviabiliza sua manutenção no referido cargo em comissão, devido o mesmo ser destinado justamente à repressão à corrupção e combate ao crime organizado".