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Arnaldo Filho

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Denúncia

Médico famoso por crimes na década de 80 dá plantão em hospital público do Tocantins

O médico não tem vínculo com a Secretaria de Estado da Saúde.

Por Arnaldo Filho 11.693
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16/07/2021 10h30 - Atualizado há 2 anos
Hospital Regional de Paraíso do Tocantins

Médicos sem registro no Conselho Regional de Medicina (CRM-TO) ou sem nenhum vínculo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) estariam atuando no Hospital Regional de Paraíso do Tocantins. A denúncia foi enviada ao AF Notícias por servidores da unidade hospitalar.

Um dos casos envolve o cirurgião Hosmany Ramos, médico que virou notícia nacional na década de 1980 por uma série de crimes e passou 36 anos na cadeia.

Ele era assistente de Ivo Pitanguy, um dos maiores cirurgiões plásticos do mundo, e foi condenado por tráfico internacional de drogas, sequestros, roubos, assassinatos e acusado de mais de dez tentativas de fuga durante o tempo em que esteve na prisão. Em setembro de 2016, obteve do Tribunal de Justiça de São Paulo o alvará de soltura e hoje mora em Palmas (TO), cidade que escolheu para recomeçar sua vida ao lado da mãe. Hoje ele está com 74 anos.

Hosmany Ramos não tem nenhum vínculo com o Governo do Estado, mas deu plantão nos dias 3 e 4 de julho (sábado e domingo) no Hospital Regional de Paraíso. Entre os pacientes atendidos está uma criança de 10 anos. O carimbo e assinatura dele aparecem na ficha de atendimento. Contudo, o nome do médico não consta na relação de servidores no Portal da Transparência do Estado nem na escala do referido hospital. Segundo servidores, a direção da unidade teria total conhecimento do fato. A diretora é Carla Monise Grangeiro Viana.

Assinatura do médico Hosmany Ramos na ficha de atendimento de uma criança

OUTRO CASO

Além do caso de Hosmany Ramos, conforme a denúncia, um médico sem registro no CRM-TO estaria sendo plantonista no Hospital Regional de Paraíso. Esse profissional é cadastrado no Mais Médicos para atuar no programa Saúde da Família, mas foi cedido pela Semus – Secretaria Municipal da Saúde. Inclusive, o nome dele consta na escala de plantão do mês de julho. Ele possui registro apenas no Ministério da Saúde (RMS).

O médico é formado em uma instituição estrangeira e precisa ser aprovado no Revalida para obtenção de registro junto ao CRM.

Segundo os servidores da unidade, várias denúncias já teriam sido feitas no Conselho Regional de Medicina (CRM-TO) a respeito desses casos.

Escala de plantão com nome do médico Dr. Supercílio, cedido pela SEMUS de Paraíso do Tocantins

PROCEDIMENTOS PARTICULARES DENTRO DO HOSPITAL

Outro fato grave apontado na denúncia diz respeito à realização de procedimentos particulares dentro do hospital público.

“Médicos que atendem em consultórios particulares e sem nenhum vínculo com o Estado estão fazendo cesarianas durante os finais de semana, à noite, e cobrando das pacientes”, relatou o servidor.    

FURTO DE LIVRO DE OCORRÊNCIAS

Outras coisas estranhas também já aconteceram dentro do hospital como o sumiço misterioso do livro de Registro de Ocorrências das Assistentes da Sala de Ultrassonografia. O caso foi registrado como furto na Polícia Civil através de um boletim de ocorrência. O crime teria acontecido no período das 19h de 29 de junho às 7h do dia seguinte.

Os profissionais anotam no livro as ocorrências de cada plantão, tais como horários dos servidores administrativos e médicos plantonistas, bem como a quantidade de atendimentos realizados e as demais intercorrências do plantão.

BO sobre furto do livro de ocorrências

O QUE DIZ A SAÚDE DO ESTADO

"A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que o médico citado (H.R.) não possui vínculo com esta Pasta, tendo seu contrato de trabalho encerrado em junho de 2020, conforme comprovam os documentos anexos. A SES esclarece que, por meio de sua corregedoria, já abriu sindicância para investigar a situação e apurar eventuais responsabilidades.

No que concerne a atuação de outros médicos sem vínculo no Hospital Regional de Paraíso, que porventura tenha ocorrido, a SES esclarece que registrou Boletim de Ocorrência perante a Polícia Civil e, além disso, irá promover diligências paralelas, e se necessário, adotará todas as providências administrativas que o caso requer."

Hosmany Ramos teve contrato rescindido ainda em 2020
Hosmanu não tem vínculo com a Saúde do Estado

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