A janela de transferências partidárias se fechou na sexta-feira (3) para os detentores de mandato eletivo e no sábado (4) para aqueles que estão sem mandato, mas que pretendem concorrer no pleito de outubro. Algumas surpresas, no entanto, deixaram até mesmo os analistas políticos espantados.

Os vereadores Filipe Fernandes e Lucio Campelo custaram achar partidos que os recebessem e, no apagar das luzes, se filiaram ao DEM e ao MDB, respectivamente. Já Claudemir Portugal, que já havia declarado que não seria candidato à reeleição, foi convencido a se filiar ao PSDB. 

Parlamentares de Palmas fazem dança das cadeiras

Se algumas mudanças partidárias eram muito mais do que esperadas – face à insatisfação declarada dos detentores de mandato com suas siglas, como no caso de Marilon Barbosa e Major Negreiros no PSB e Diogo Fernandes no PSD – outras foram surpreendentes. 

Até às 19h de sexta-feira (3), nem os vereadores Lúcio Campelo e nem Filipe Fernandes, dois fervorosos defensores da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), não haviam definido para quais partidos migrariam.

O prazo venceria às 00h. Sem filiação, ambos estariam fora da disputa de outubro, visto que haviam sido “expulsos” de suas siglas. Lúcio foi convidado a se desfiliar do PL e 'Filipão' do DC. 

Quem tem amigos, não morre pagão

Lúcio apelou para seu amigo senador, Eduardo Gomes (MDB). Após articulações do líder do Congresso com o presidente nacional do partido, Baleia Rossi, o vereador foi admitido ao MDB pelo presidente metropolitano, deputado estadual Valdemar Junior. 

Já “Filipão”, antes cogitado no PSD de Irajá Abreu, conseguiu seu ingresso no DEM por volta de 20h do dia 03/04, após articulações de Marilon Barbosa e do vereador Etinho Nordeste junto à presidente estadual, a deputada federal Dorinha Seabra. Apesar do apoio da deputada à gestão municipal, não foi em razão de apelos da prefeita que Filipe Fernandes adentrou ao DEM. 

Corre à “boca miúda” que, na verdade, ambos foram 'rifados' pela prefeita Cinthia Ribeiro, que não estaria disposta a "mover uma palha" por nenhum dos dois. Não se sabe se ambos, doravante, permanecerão na base da prefeita após esse episódio, mas o certo é que a relação ficou abalada. 

Portugal prestigiado

Em contrapartida, surpreendentemente o vereador Claudemir Portugal, eleito pelo PRP – que não estava na base da prefeita e sequer tinha interesse de se candidatar à reeleição – foi chamado ao Paço Municipal na quinta-feira (2).

Ele foi convidado pela própria prefeita a migrar para o PSDB, partido que ela comanda no Estado do Tocantins, como também para que ele passasse a integrar a base dela no parlamento municipal. Com isso, Claudemir "voltou ao jogo". 

Fontes que participaram da referida reunião afirmam que Cinthia deixou a candidatura dele "em aberto" para ser pensada e decidida posteriormente. Em suma: se ele quiser ser candidato, ótimo. Se não topar o desafio, está firmado o compromisso para que ele mobilize suas bases e preste apoio a outro candidato tucano. 

Barbas de molho

Avaliando tudo isso, a conclusão que fica é que a prefeita de Palmas não fez questão dos seus ferrenhos aliados, Filipão e Lúcio Campelo, uma vez que – em nenhum momento – houve convite para que se filiasse ao PSDB ou nos partidos aliados da gestão. 

Agora é colocar as barbas de molho e aguardar o desenrolar dos acontecimentos. Uma coisa é certa: Lúcio Campelo como oposicionista é um fardo muito mais pesado que o combativo Milton Néris, que a prefeita também desprezou. Ao fim e ao cabo, ela pagou muito caro por isso. Logo, “lição não aprendida é lição repetida”.