Ele já se reuniu com todo o secretariado para fazer o 'alinhamento' da gestão.
O governador interino Wanderlei Barbosa (sem partido) deverá manter o secretariado escolhido por Mauro Carlesse (PSL), mas precisa designar substitutos para os servidores afastados por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), nesta quarta-feira (20). Ele já recebeu ofício do ministro Mauro Campbell Marques com a relação de nomes.
Um deles é o secretário de Estado de Parcerias e Investimentos, Claudinei Aparecido Quaresemin. Ele é sobrinho do governador afastado e era considerado o 'primeiro-ministro' do Governo do Tocantins. Agora, Wanderlei deverá escolher um substituto para dar andamento a projetos como o que prevê a concessão do Jalapão e outros parques estaduais.
Já na Segurança Pública, a situação é ainda mais emblemática, pois toda a cúpula de comando foi afastada, do secretário a agentes de polícia.
Portanto, o governador interino precisará escolher um novo gestor da pasta; um secretário executivo; diretor-geral da Polícia Civil; diretor da Espol (Escola Superior); Corregedor-Geral e vários outros.
Wanderlei ainda deverá avaliar a situação do secretário de Estado da Saúde, Edgar Tollini, que foi colocado de férias em meio a denúncias de violência doméstica contra a esposa e vem sendo alvo de críticas da opinião pública.
Na manhã desta quinta-feira (21), Wanderlei Barbosa já se reuniu com todo o secretariado para fazer o 'alinhamento' da gestão.
Veja a lista completa dos afastados na SSP:
Cristiano Barbosa Sampaio, secretário de Segurança Pública
Raimunda Bezerra de Souza, Diretora-geral da Polícia Civil
Cinthia Paula de Lima, Diretora da ESPOL e delegada de Polícia Civil
Gilberto Augusto Oliveira Silva, Chefe da Divisão Especializada de Repressão à Corrupção (DECOR) e delegado de Polícia Civil
Servilho Silva de Paiva, Secretário Executivo da SSP
Ronam Almeida Souza, Corregedor-Geral da SSP e delegado de Polícia Civil
Enio Walacer de Oliveira Filho, Delegado Chefe da 1ª Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos
Vitor Vandré Sabará Ramos, Escrivão de Polícia Civil e Assessor do secretário estadual de Educação
José Mendes da Silva Júnior, Agente de Polícia Civil e Gerente do Núcleo de Inteligência do DETRAN-TO
Antônio Martins Pereira Júnior, Agente de Polícia Civil, atualmente cedido para o MPTO
Carlos Augusto Pereira Alves. Agente de Polícia Civil, atualmente cedido para o MPTO
Rudson Alves Barbosa, Gerente de Inteligência da Casa Militar e Major da Polícia Militar
ENTENDA
Por unanimidade, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nesta quarta-feira (20), manter a decisão individual do ministro Mauro Campbell que determinou a afastamento do governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), por seis meses. Ele é investigado pela Polícia Federal sob suspeita de tentar obstruir apurações e chefiar suposto esquema de propinas relacionadas ao Plano de Saúde dos Servidores do Estado do Tocantins (Plansaúde).
O ministro também decretou o afastamento do Secretário de Segurança do Estado, Cristiano Barbosa Sampaio, e também do Secretário Estadual de Parcerias e Investimentos Claudinei Aparecido Quaresemin. Eles ficam proibidos de manter contato com os demais investigados e de acessar as dependências do governo.
A Polícia Federal chegou a requerer a prisão temporária do governador e de outros investigados. O Ministério Público Federal deu parecer contrário às medidas e o pedido acabou negado pelo tribunal. A Corte Especial entendeu que, neste momento, a medida não é imprescindível para resguardar a investigação.
Conforme as decisões de Campbell, relatórios de inteligência financeira apontaram movimentações de ‘vultuosas quantias’ em espécie por pessoas diretamente ligadas a Carlesse, inclusive familiares. Os investigadores também identificaram a falsificação de notas fiscais para dar aparência de legalidade ao pagamento de propinas.
De acordo com o magistrado, relatórios do Coaf apontam que empresas das quais Carlesse e Quaresemin são ou já foram sócios, movimentaram R$ 9.581.800,54 – o que ‘denota a possível prática do crime de lavagem de dinheiro’, segundo o ministro do STJ.
Campbell ainda citou o recebimento, pelo governador, em sua conta particular, de um depósito em espécie de R$ 200 mil feito em março pela Secretária Particular do Governador, da Secretaria Executiva da Governadoria.
Em outra linha de apuração, os investigadores que a Segurança Pública do Estado estaria sendo usada para blindar o grupo político de Carlesse. As intervenções políticas teriam permitido o direcionamento de apurações contra os adversários do chefe do Executivo do Tocantins e a ‘modificação de normas que regem a estrutura funcional da Polícia Civil do Estado do Tocantins, retirando garantias dos delegados de polícia e que possibilitavam investigações sem interferências políticas’.