NO FANTÁSTICO

Do tigrinho ao aviãozinho: polícia revela nova plataforma de jogos ilegais e influenciadores envolvidos

Participantes realizam apostas à medida que um avião virtual decola e o prêmio aumenta progressivamente.

Por Eduardo Azevedo 770
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18/12/2023 08h51 - Atualizado há 4 meses
Jogo do aviãozinho foi destaque em matérias do Fantástico

Após a prisão de influenciadores digitais envolvidos no 'Jogo do Tigrinho', um game ilegal que fez vítimas perderem dinheiro em todo país, neste domingo (17), o programa Fantástico divulgou detalhes de outra investigação realizada em São Paulo, revelando informações sobre uma nova plataforma digital que promove jogos ilegais. Conhecida como Blaze, ela foi alvo de uma operação policial que resultou no bloqueio de mais de R$ 100 milhões pela Justiça.

O foco da investigação recaiu sobre um dos principais jogos oferecidos pela plataforma, o "Crash" ou "Jogo do Aviãozinho". Neste jogo, os participantes realizam apostas à medida que um avião virtual decola, e o prêmio aumenta progressivamente. Os jogadores devem decidir quando encerrar o voo, antes que a palavra "Crashed" apareça; do contrário, perdem suas apostas.

Embora a Blaze ofereça diversos jogos similares, a prática dessas atividades é ilegal no Brasil. As penalidades podem abranger tanto as empresas envolvidas quanto os apostadores e os indivíduos responsáveis por sua promoção, incluindo vários influenciadores presentes nas redes sociais. A investigação teve início após relatos de jogadores que indicaram não receberem os prêmios prometidos pela plataforma, levantando a suspeita de práticas fraudulentas, como o estelionato.

Uma das vítimas relatou que "eu cheguei a ganhar muito dinheiro, mais de R$ 100 mil. Eu consegui sacar R$ 20 mil. O resto ficou tudo lá, e era uma manipulação atrás da outra".

Outro apostador denunciou que "teve um dia que eu vi que estava pagando bastante, eu falei: 'vou colocar um valor de R$ 2.800 na plataforma'. Eu tive um retorno de R$ 98 mil. Quando eu fui tentar realizar o saque desses R$ 98 mil, eles colocaram que eu fraudei a plataforma e tiraram o dinheiro da minha conta".

A Justiça bloqueou R$ 101 milhões da Blaze e determinou a retirada do site do ar, porém, essa ordem não teria sido atendida. Embora um dos endereços eletrônicos tenha sido desativado, outros surgiram em seu lugar, permitindo a continuidade dos jogos online. A falta de sede ou representantes legais da empresa no Brasil tem dificultado o trabalho da polícia para identificar os responsáveis. Segundo relatórios financeiros, parte dos lucros da Blaze é direcionada a três brasileiros, suspeitos de serem os proprietários ocultos da empresa, conforme apontado pelas autoridades.

Os advogados que representam a Blaze argumentam que a empresa está sediada em Curaçao (uma ilha do Caribe) e que, portanto, suas atividades não configuram infração penal, mesmo que os jogadores sejam brasileiros. Eles também destacaram um caso semelhante em que o Ministério Público de São Paulo solicitou o arquivamento do inquérito, e um juiz reverteu a decisão de bloqueio do site.

Todos os influenciadores mencionados na reportagem do fantástico estão sob investigação. Alguns deles se pronunciaram. Viih Tube disse que solicitou o encerramento do contrato com a Blaze após tomar conhecimento das denúncias; Juju Ferrari afirmou que não promove mais a plataforma, mantendo apenas relação publicitária; Jon Vlogs afirmou que tem contrato desde 2021, exclusivamente como influenciador, sem participação acionária na empresa. Mel Maia, por meio de seus advogados, declarou não ter conhecimento das investigações envolvendo o site, sendo contratada apenas para fins publicitários. Alguns influenciadores, como Rico Melquiades, MC Kauan e Juju Salimeni, não responderam aos contatos realizados.

Deputado do Tocantins

O deputado federal Ricardo Ayres (REP) reforçou sua posição sobre os jogos ilegais, enfatizando a exposição feita pelo Fantástico. Ele salientou a distinção entre as apostas esportivas, recentemente aprovadas pelo Senado, e os cassinos online, ainda proibidos no Brasil, reforçando a necessidade de regulamentação para evitar enganos e prejuízos aos cidadãos.

"Mais uma vez, o Fantástico expôs os influenciadores e plataformas que insistem em promover jogos fraudulentos em suas redes. A reportagem destacou que, ao contrário das apostas esportivas, recentemente aprovadas pelo Senado, os cassinos online continuam proibidos no Brasil e sem perspectiva de regulamentação. Estamos firmemente comprometidos em avançar com nossa proposta, que visa pôr fim à divulgação desses jogos ilícitos, responsáveis por enganos e prejuízos significativos a muitas pessoas".

(Com informações do Fantástico)

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