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Tocantins, Acre e Distrito Federal lideram taxas de estupro coletivo no Brasil

Por Agnaldo Araujo
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21/08/2017 14h58 - Atualizado há 5 anos
O Tocantins, Distrito Federal e o Acre lideram as taxas de estupro coletivo por cem mil habitantes. Em 2016, 4,31 crimes dessa modalidade foram registrados no Tocantins. Os outros Estados registraram 4,23 e 4, 41, respectivamente.  Esse tipo de crime representa hoje 15% dos casos de estupro atendidos pelos hospitais –total de 22.804 em 2016. A taxa tocantinense está bem acima da média brasileira, que é de 1,71. Está maior também do que Estados mais populosos, como São Paulo (1,58), Rio de Janeiro (1,46) e Minas Gerais (1,94). Em cinco anos, mais do que dobrou o número de registros de estupros coletivos no país feitos por hospitais que atenderam as vítimas. Os dados inéditos do Ministério da Saúde e obtidos pela Folha de S.P. apontam que as notificações pularam de 1.570 em 2011 para 3.526, em 2016. São em média dez casos de estupro coletivo por dia. Os números da saúde, contudo, representam só uma parcela dos casos. Primeiro porque a violência sexual é historicamente subnotificada e nem todas as vítimas procuram hospitais ou a polícia e, em segundo lugar, porque 30% dos municípios ainda não fornecem dados ao Sinan (Sistema de Informação de Agravos e notificação). "Infelizmente, é só a ponta do iceberg. A violência sexual contra a mulher é um crime invisível, há muito tabu por trás dessa falta de dados. Muitas mulheres estupradas não prestam queixa. Às vezes, nem falam em casa porque existe a cultura de culpá-las mesmo sendo as vítimas", diz Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). SUBNOTIFICAÇÃO Estudos feitos pelo Ipea mostram que apenas 10% do total de estupros são notificados. Considerando que há 50 mil casos registrados por ano (na polícia e nos hospitais), o país teria 450 mil ocorrências ainda "escondidas". Segundo a socióloga Wânia Pasinato, assessora do USP Mulheres, os dados da saúde sobre estupro coletivo mostram que o problema existe há muito tempo, mas só agora está vindo à tona a partir de casos que ganharam destaque na imprensa nacional. "O estupro coletivo é um problema muito maior e que permanecia invisível. Há uma dificuldade da polícia e da Justiça de responder a essa violência", diz Wânia "É a festa do machismo, de colocar a mulher como objeto. O interesse não é o ato sexual, mas sim ostentar o controle sobre o corpo da mulher", diz Cerqueira, do Ipea.

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