Alerta

Após morte de escrivão da PF, médico alerta sobre atividades físicas de alto rendimento

O médico sinalizou que em alguns casos os exercícios de alta performance são contraindicados.

Por Nielcem Fernandes 2.731
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29/11/2018 09h02 - Atualizado há 5 anos
Durante a realização desse tipo de provas podem acontecer intercorrências

Após a morte do escrivão da Polícia Federal, Adailson Brasileiro Pereira, de 40 anos, que passou mal durante uma trilha no cerrado com 15 km de percurso em Araguaína, o AF Notícias entrevistou o médico cardiologista Daniel Janczuk para saber os cuidados que devem ser tomados pelos atletas que se submetem a esse tipo de esforço extenuante.

O cardiologista disse que o primeiro cuidado para prevenir esse tipo de incidente é a avaliação pré-participação. “Essa é uma avaliação que deve ser feita com o atleta antes de se submeter a esse esforço. Às vezes, dependendo da idade e das comorbidades, temos que realizar exame de eletrocardiograma, ergométrico e dependendo dos resultados até um ecocardiograma. Isso falando apenas na parte cardiovascular", explicou.

O especialista também alerta para as intercorrências que podem acontecer durante a realização de uma prova dessa natureza. "Durante o esforço físico, o participante pode se desidratar, o que pode levar a uma arritmia. Pode também acontecer de o competidor ser acometido de uma hipertermia maligna relacionada ao esforço extenuante que também é grave e pode levar ao desmaio e complicações cardíacas", esclareceu.

"Em muitos lugares do mundo se faz um teste ergométrico para avaliar o comportamento do paciente frente a esse esforço que tentamos estimar para observar se o paciente vai apresentar alguma alteração, principalmente de doenças coronarianas, como arritmia. Também é aconselhado fazer uma avaliação bioquímica básica como função renal, hemograma, colesterol e glicemia", acrescentou o médico.

Conforme nota divulgada pela organização do 'Desafio: Trilha no Cerrado', o escrivão da PF teve acesso a pontos de hidratação, assim como os outros participantes, porém já tinha histórico de perda de sais minerais e havia passado por problema semelhante numa corrida de rua em 2017.

Para o cardiologista, essa condição pode ter agravado o quadro do atleta pela falta de compensação da perda de sais minerais. O médico sinalizou que em alguns casos os exercícios extenuantes de alta performance são contraindicados.

"Existem causas de perda de minerais que contraindicam a prática de exercícios extenuantes. Tem que avaliar como o paciente se comporta. Se ele nunca consegue compensar essa perda, ai ele não pode ser exposto a esse tipo de exercício", avaliou.

Para finalizar, o Dr. Daniel lembrou que a prática de exercício é excelente desde que orientada corretamente. "Vale apena reforçar que 0,75% dos atletas de alto rendimento são acometidos por morte súbita, por isso a avaliação é importante. Isso é o que pode-se fazer para tentar prevenir eventos catastróficos dessa natureza", concluiu.

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