A Associação Vitória dos Bichos tem feito um trabalho que serve de exemplo para vários municípios tocantinenses. A organização não governamental foi criada em 2012, em Gurupi, através da união de voluntários com o mesmo objetivo em comum: resgatar animais de rua na cidade, tanto cães como gatos. 

Segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos Para Animais de Estimação), o Brasil é o terceiro país do mundo com maior população de animais domésticos. São 54,2 milhões de cães e 23,9 milhões de gatos (dados divulgados em junho de 2021).

A partir de 2014, o foco foi ampliado, pois ação de resgate talvez não conseguisse diminuir a quantidade de animais que viviam em situação de rua, correndo riscos, e também por ser uma questão de saúde pública. Então, no início de 2015, a associação montou um centro de castração. 

A presidente da associação, Diane Perinazzo, explicou ao portal AF Notícias, que o trabalho desenvolvido pela organização também busca a conscientização e o envolvimento tanto do poder público como da própria comunidade com relação aos animais de estimação e os que vivem nas ruas.

ABANDONO DE ANIMAIS

Por conta desse trabalho, um dos problemas enfrentados pela associação é o abandono de animais na porta do local. A presidente conta que já registrou o terceiro Boletim de Ocorrência (BO) contra pessoas que abandonam os animais, pois abandono é crime. A ideia é que a pessoa bata à porta e peça ajuda. 

“O que é essa ajuda? Não podemos abrigar esses animais porque não temos espaço físico para isto. Mas ele pode ficar na casa da pessoa que o encontrou, enquanto isso, procuramos alguém que possa adotá-lo. Se o animal está pronto para castrar, a gente castra. Tira fotos, divulga”, contou Diane.

“A ideia é envolver a comunidade de uma forma geral para que todo mundo abrace a causa. Precisava de mais apoio do poder público, da própria comunidade para evitar abandono e ela mesma mobilizar e castrar os animais de rua”, afirmou a presidente da associação.

CASTRAR: ATO DE AMOR E QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

"A ideia da associação é castrar. Castrar o maior número de animais possíveis”, informou Diane. Até 2021, a associação tinha um médico veterinário que atuava duas vezes por semana. “De meados de 2021 em diante, nós angariamos mais duas veterinárias, então somos três veterinários que atuam e hoje o trabalho de castração é feito de segunda a quinta-feira”, explicou. 

Segundo Diane, em média são castrados de 8 a 15 animais por noite. “O trabalho é realizado à noite porque durante o dia todo mundo trabalha, então é feito à noite”, pontuou.

MAIS DE 6 MIL ANIMAIS CASTRADOS

Desde a implantação do centro de castração, a associação já conseguiu esterilizar 6.017 animais. Foram 1.944 cães, sendo 609 machos e 1.335 fêmeas; e 4.023 gatos, dos quais 1.443 machos e 2.630 fêmeas.

Só nos meses de janeiro e fevereiro deste ano foram 334 animais castrados, entre cães e gatos (machos e fêmeas). Até o último levantamento, no mês de março já haviam sido feitas 120 castrações. 

“Entre eles, são muitos os animais de rua. Gatos de rua a gente tem feito um trabalho de captura, que nós chamamos de CED - Captura, Esteriliza, Devolve. Devolve para o mesmo habitat em que ele está acostumado a viver”, explicou a presidente da associação.

EQUIPE DE VOLUNTÁRIOS

A associação conta atualmente com o apoio de 30 pessoas, sendo que algumas moram fora da cidade. “Temos voluntários em Alvoradas, em Cariri, Formoso, Figueirópolis, Dueré”, informou Diane.

Ela explica que os voluntários que atuam em outras cidades fazem um trabalho de conscientização sobre a castração de animais. “São várias cidades que sempre tem uma ou duas pessoas pensantes que tem incentivado as pessoas de lá a trazerem os animais para serem castrados aqui. Normalmente a gente organiza um dia para uma cidade, tipo atender os animais de Formoso. Eles organizam um carro e trazem os animais para serem castrados aqui”, explicou.

CUSTOS PARA MANTER O CENTRO

Conforme, para manter os serviços de esterilização é cobrada uma pequena taxa dos donos dos pets. “Não posso abrir todas as vagas para os animais de rua, pois nós temos que pagar os custos do centro de castração”, ressaltou.

“Nós não recebemos nenhuma ajuda de nenhum órgão público, a não ser pessoas que querem contribuir, aí a gente faz uma rifa a cada seis meses para ajudar. Vende plaquinha de identificação, coleirinhas, para ajudar a custear esses valores”, explicou a presidente da associação.

Associação busca apoio do poder público e também da comunidade para castração de animais domésticos e de rua. / Foto: Divulgação

Centro de Castração da Associação Vitória dos Bichos já esterilizou mais de seis mil animais. / Foto: Divulgação

30 voluntários atuam junto à associação. /

Centro de Castração foi implantado pela associação no início de 2015. /