O jovem Enzo Franco, de 10 anos, tem uma vida igual a de qualquer criança. Logo cedo, ele acorda, veste o uniforme, toma café com os pais e segue para um dia inteiro de aulas e atividades na Escola Municipal de Tempo Integral William Castelo Branco. A única diferença é que, em 2019, Enzo foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista e Déficit de Atenção e Hiperatividade.

A mãe, Andréa Christina Mendes, conta que, quando percebeu alguns comportamentos diferentes, levou o filho para Goiânia para buscar um diagnóstico. “Porém, voltamos para Araguaína frustrados e sem nenhuma resposta. Foi quando eu comentei sobre minha situação com os colegas do mestrado e lá estava presente o então diretor da Clínica Escola Mundo Autista e nos deu a oportunidade de conhecer os serviços”, comentou.

Atendimento especializado

Em 9 de dezembro é celebrado o Dia Nacional da Criança com Deficiência e a Prefeitura de Araguaína estruturou, nos últimos anos, uma rede completa de acolhimento e atendimentos aos alunos da rede municipal de ensino que demandam atenção diferenciada. Em Araguaína, 30 escolas e creches de Araguaína são referência em Educação Especial e é onde o estudante começa a receber todo o suporte necessário para acompanhar as aulas regulares e desenvolver outras habilidades na sala de recursos multifuncionais do Atendimento Educacional Especializado (AEE ) voltada para alunos da Educação Especial da cidade.

A diretora da Educação Especial da Secretaria da Educação de Araguaína, Ana Paula Oliveira, explica que objetivo do AEE é criar um ambiente acolhedor em todas as instituições escolares, estimulando uma visão de respeito à diversidade, autonomia e inclusão.

“Por isso a Educação Especial oferece vários serviços e atendimentos para toda a rede de ensino municipal, como os serviços de psicologia escolar, fonoaudiologia, psicopedagogia e serviço social. Os profissionais também ampliam os atendimentos para crianças em vulnerabilidade social e em casos de infrequência escolar no combate à evasão”, completa a diretora.

Respeito à individualidade

Assim que o aluno é encaminhado para às salas do AEE, professores, escola e família participam ativamente do estudo de caso da criança. “Diante desse estudo, nós elaboramos o Plano Educacional Individual, no qual são traçadas todas as habilidades que o aluno precisa desenvolver, que são os aspectos cognitivos da linguagem, de conhecimento lógico-matemático, psicomotores e socioafetivos”, ressalta a professora de AEE, Adriana Barbosa Lagares.

Dependendo da necessidade do aluno, a escola, em parceria com a diretoria de Educação Especial, faz o encaminhamento das crianças para unidades de apoio, como o Centro Especializado em Reabilitação (CER), ou para Clínica Escola Mundo Autista. No Tocantins, somente Araguaína oferece esses serviços integrados.

Na Mundo Autista, referência para todo o Estado, os alunos recebem os serviços de atendimento médico em neurologia e psiquiatria, neuropsicopedagogia, odontologia, nutrição, estimulação precoce, educação física, arteterapia e musicoterapia, assim como atendimentos em psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia e serviço social, tanto na clínica escola, como na diretoria de Educação Especial.

Cegueira e baixa visão

Alunos cegos também contam com todo o suporte da rede municipal de ensino.  Hoje, cerca de 40 crianças com algum grau de deficiência visual estão matriculadas nas escolas e creches de Araguaína.

Por meio do Núcleo de Apoio Pedagógico aos deficientes visuais, os alunos recebem os materiais de estudo já impressos em Braile, além de livros que trazem figuras e desenhos confeccionados em alto relevo e com textura. Tudo com o acompanhamento de professores capacitados periodicamente nos cursos de braile ofertados pelo Município.

Deficiência auditiva

O ensino de Libras (Língua Brasileira de Sinais) é outro investimento que coloca Araguaína como referência no Estado. A partir do quinto ano do ensino fundamental, as crianças da rede municipal já cursam Libras como disciplina obrigatória e os alunos com surdez são assistidos pelo intérprete ou profissional de apoio capacitado em Libras. Caso haja a necessidade, o aluno também é referenciado para tratamentos de reabilitação do CER.

Preparação dos professores

Diante de todo o investimento público na Educação Inclusiva e Especial, Araguaína tornou-se referência para 36 municípios do Tocantins na capacitação de profissionais e compartilhamento de estratégias de atuação. Os professores da rede recebem capacitações e atualizações periódicas, como o encontro de formação para os professores do AEE, cursos de libras e braile, Fórum da Educação Inclusiva, Jornada Pedagógica, Fórum Permanente da Educação Infantil, formação continuada dos profissionais de apoio, entre tantos outros.

“Essas formações que recebemos são contínuas e dão a possibilidade para que o professor se especialize e conheça novas formas de interagir mais com esse aluno que demanda uma atenção diferenciada”, conta a professora de AEE, Elisiene Ferreira.

Investimentos que não param

Hoje, a rede municipal de ensino de Araguaína conta com 81 escolas e creches e 30 delas são referência para a educação especial. Cerca de 40 professores são preparados para acolher e alfabetizar mais de 600 alunos com deficiência. A secretária da Educação, Elizângela Moura, reforça que o Município mantém os investimentos ativos porque a inclusão sempre será o melhor caminho.

“É um grande investimento intelectual e financeiro do Município, além dos outros investimentos na acessibilidade dos prédios das escolas, entre outras ações inclusivas, porque acreditamos que é fundamental construirmos um mundo mais inclusivo. Dessa forma, queremos garantir que nossas crianças tenham acesso efetivo ao direito básico da educação”, diz a secretária.

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Profissionais da Educação passam por capacitação. / Foto: Marcos Sandes / Prefeitura de Araguaína

Andrea com seu filho Enzo. / Foto: Marcos Sandes / Prefeitura de Araguaína