Palmas

'Falta de respeito', desabafa lavrador que viajou 600 km e não foi atendido no INSS no Tocantins

Pacientes que haviam agendado perícia médica saíram sem ter sido atendidos na sede do INSS em Palmas.

Por Nielcem Fernandes 3.384
Comentários (0)

09/01/2020 17h00 - Atualizado há 4 anos
O lavrador não conseguiu passar pela perícia

“É triste. Eu não conhecia aquela realidade e fiquei muito sensibilizada com o que acontece ali dentro. Funcionários extremamente grosseiros, seguranças intimidando aquelas pessoas. Muito triste o que eu presenciei”.

O relato foi feito ao AF Notícias por uma mulher que precisou de atendimento na sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Palmas, na manhã desta quinta-feira (9).

DESCASO

A situação de outros assistidos é ainda pior. Com perícia médica agendada previamente, conforme os protocolos do órgão, pacientes que saíram do interior do Estado para serem atendidos em Palmas receberam a informação de que suas consultas tinham sido remarcadas.

Segundo atendentes do órgão, o médico responsável pela realização das perícias estaria de licença e, por isso, não atendeu na manhã desta quinta-feira.

INDIGNAÇÃO

O lavrador Gentil Ferreira Filho, de 51 anos, fraturou uma das pernas em um acidente de trabalho e agendou a perícia médica para esta quinta-feira (9), às 08h, em Palmas, com 20 dias de antecedência e ficou indignado ao ser informado que deveria reagendar a consulta.

Ele mora no Projeto de Assentamento Gameleira, localizado no município de Formoso do Araguaia, na região sul do Estado, e teve de viajar cerca de 600 km em vão, pois terá que retornar à capital em outra data para ser atendido.

“Estou me sentindo injustiçado, pois a gente gasta o que não tem para poder vir aqui. Marquei minha perícia tem uns 20 dias. É uma falta de respeito. Peguei dinheiro emprestado para vir. Quem é que vai me reembolsar o que eu gastei?”, desabafou.

FORÇA-TAREFA

A demora no atendimento junto ao órgão é um problema antigo e crônico. Menos de seis meses depois de anunciar a criação de uma estratégia para reduzir o estoque de pedidos de benefícios previdenciários à espera de uma resposta, o governo do presidente da República Jair Bolsonaro prepara um novo plano na promessa de solucionar a fila do INSS.

Segundo o Governo Federal, em média, 900 mil novos requerimentos entram por mês no INSS. Em novembro, 2,3 milhões de pedidos de benefícios sociais e previdenciários compunham o estoque.

O QUE DIZ O INSS NO TOCANTINS

A assessoria do INSS informou que a Perícia Médica Federal não está mais sob sua responsabilidade, porém, esclareceu que o perito médico responsável pelos atendimentos encontra-se de licença médica e teve seus agendamentos remarcados.

Conforme o órgão, a remarcação foi realizada antes da dada inicialmente agendada e a Agência da Previdência Social de Palmas tentou contato com os requerentes, com base nos dados informados no cadastro, sem sucesso.

O INSS disse ainda que os requerentes já estão cientes do novo agendamento e reforçou a importância do preenchimento correto do cadastro no ato da solicitação do benefício.

VIRTUAL

Para tentar zerar as filas, o Governo implantou um sistema virtual, onde os pedidos de benefícios, agendamentos de perícia e outros serviços só podem ser solicitados através do site Meu INSS, ou pelo telefone por meio da central 135.

NÚMERO DE BENEFÍCIOS

A previsão do governo é de que o número de benefícios aguardando resposta caia de 2,4 milhões em agosto de 2019 para 285 mil em agosto deste ano.

O presidente do INSS disse à Folha de S.P., em dezembro de 2019, que a produtividade tinha aumentado 84% entre os servidores que optaram por trabalhar em casa e que as decisões automáticas - aquelas em que o próprio sistema reconhece ou nega o direito ao benefício - passaram de uma média mensal de 9 mil para 73,7 mil.

Procurado, o INSS não deu explicações sobre o fracasso da força-tarefa do ano passado. "O INSS tem demanda variável de requerimentos e, por isso, torna difícil fazer qualquer afirmação sobre extinção do estoque de benefícios", informou, em nota.

A expectativa do governo é que a melhora na velocidade das concessões resulte em mais gastos previdenciários. Para equilibrar as despesas, deverá haver um esforço com a retomada no pente-fino nos benefícios por incapacidade, que será feito paralelamente à nova força-tarefa.

Somente neste ano, cortes de benefícios que dependem de avaliação médica para serem mantidos podem resultar em uma economia de R$ 5 bilhões. Na primeira etapa, prevista para este mês, 300 mil segurados que recebem auxílio-doença deverão ser chamados.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) pago a pessoas com deficiência também será incluído no pente-fino. Inicialmente, aposentadorias por invalidez ficarão de fora do novo programa de reavaliações. O pente-fino também é uma medida importada pelo governo Bolsonaro da gestão Temer.

VÍDEO

Vídeo

 

Comentários (0)

Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

(63) 3415-2769
Copyright © 2011 - 2024 AF. Todos os direitos reservados.