Em Axixá (TO)

Filho de empresário beneficiado pelo orçamento secreto abre empresa de internet no Tocantins

Nova empresa tem sede da pequena cidade de Axixá do Tocantins.

Por Redação 8.743
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13/02/2024 10h22 - Atualizado há 2 meses
Nova empresa tem sede registrada em Axixá do Tocantins

A família que controla a empreiteira Engefort, vencedora em série de obras bancadas com o orçamento secreto, ampliou sua atuação para entrar no mercado bilionário da internet. O filho do dono da Engefort Construtora abriu uma empresa especializada em fibra óptica – a tecnologia de internet mais usada no País e que deve ser difundida em escolas públicas pelo governo Lula (PT).

A Engefort é controlada pela família Del Castilho e tem sede em Imperatriz (MA). Em maio do ano passado, Antônio Del Castilho Júnior registrou a Pegaso Net Fibra Óptica na Receita Federal. Ele é filho de Antônio Del Castilho, dono da Engefort, engenheiro da empresa e sócio-administrador de outras duas construtoras. 

A nova empresa foi aberta em um momento em que o mercado da conectividade previa bilhões para investimentos públicos e o governo petista discutia unificar diferentes fontes de recursos para levar ou melhorar a internet de mais de 138 mil escolas públicas do País. Ainda não há registro público de participação da Pegaso em licitações e obras federais.

A Pegaso Net Fibra Óptica informou à Receita que a sede fica na cidade de Axixá do Tocantins, a cerca de 40 quilômetros de Imperatriz, onde está a Engefort. Na prática, as empresas estão localizadas na divisa entre os Estados do Maranhão e do Tocantins. A empresa, cujo nome faz referência a um cavalo alado na mitologia grega, afirma ser especializada em serviços de telecomunicações por fio e comércio de equipamentos de informática, por exemplo.

Antes da Pegaso, Del Castilho Júnior chegou a abrir outra empresa de fibra óptica, a Hawknet, em abril do ano passado. Ambas tinham o mesmo capital social – R$ 20 mil – e funcionaram no mesmo endereço, em Axixá, até a Hawknet fechar “voluntariamente” em agosto.

A reportagem tentou contato com Antônio Carlos Del Castilho Júnior por meio do telefone cadastrado na Pegaso e também por intermédio da Engefort, mas não obteve retorno. Ja´a Engefort informou, em nota, que “não possui nenhuma relação com as empresas citadas de propriedade do Sr. Antonio Carlos Del Castilho Junior”. “Tais empresas correspondem a empreendimentos exclusivos e particulares do Sr. Antonio Carlos Del Castilho Junior”, registrou.

A Pegaso é a nova empresa do engenheiro Antonio Carlos Del Castilho Junior, do ramo de fibra óptica, aberta em maio

Governo já reservou mais de R$ 622 milhões para pagar a Engefort

Del Castilho Júnior também é dono de duas construtoras, a Fenix e a Del. Entre 2017 e 2021, a Del participou de 27 licitações, incluindo dez da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), e não venceu nenhuma. A estatal se tornou um duto para escoar recursos do orçamento secreto e atender interesses eleitorais do Centrão.

A Engefort é a empreiteira da família que obteve sucesso nas licitações do governo federal e já foi controlada por outros filhos de Antônio Carlos Del Castilho e por um sobrinho dele. A empresa foi vitoriosa em 24 pregões entre 2018 e 2021. Até o momento, os cofres públicos reservaram mais de R$ 622 milhões para pagar obras de pavimentação feitas pela empreiteira em Estados como Maranhão, Amapá, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Paraíba e Bahia.

Do total, a empreiteira recebeu R$ 142 milhões. Parte dos valores foi bancada com emendas do senador Davi Alcolumbre (União-AP) e do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e com o orçamento secreto – apenas por meio deste mecanismo de compra de apoio do Congresso, estabelecido no governo Jair Bolsonaro, a administração pública pagou R$ 59,4 milhões à empreiteira.

Centrão de olho no mercado da internet

Segundo o jornal Estadão, os recentes investimentos em conectividade levantaram a cobiça do Centrão. O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, conseguiu trocar, em janeiro, o presidente da Entidade Administradora da Conectividade de Escolas (Eace), que operacionaliza R$ 3,1 bilhões do Leilão do 5G. Segundo a Coluna do Estadão, quem acompanhou as discussões disse que o objetivo do ministro era direcionar os recursos aos prefeitos do seu partido, o União Brasil.

O Centrão colocou parentes e apadrinhados de políticos do grupo, sem experiência, na Telebras, com salários de até R$ 40 mil. A estatal integra um comitê do Governo Lula que vai definir como os bilhões da internet serão aplicados. No ano passado, expoentes do grupo político que integra o governo petista indicaram aliados para cargos-chave em diferentes níveis da companhia, por intermédio do senador Davi Alcolumbre (União-AP).

As informações são do Estadão.

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