Condenado e preso

'Hoje me sinto livre, minha luta não foi em vão', diz filha abusada na infância após prisão do pai

Ela sofreu abusos do próprio pai dos 9 aos 13 anos de idade.

Por Conteúdo AF Notícias 1.875
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15/01/2024 15h20 - Atualizado há 3 meses
Lívia fez um desabafo em suas redes.

"A Justiça foi feita. Eu achei que essa hora nunca fosse chegar. Meu sentimento é de dever cumprido". Esse é parte de um relato traumático e, ao mesmo tempo, de alívio feito pela jovem Lívia Fernanda Rodrigues Bahia, de 21 anos, que decidiu expor nas redes sociais o que sentiu durante os quatro anos em que foi abusada sexualmente pelo próprio pai quando ainda era criança. 

“Hoje eu posso contar para todos, pois a Justiça foi feita e eu me sinto no dever de inspirar outras mulheres que passaram pelo mesmo que eu a denunciar”, afirmou Lívia ao abrir mão do anonimato para revelar sua história. Ela mora na pequena cidade de Silvanópolis, na região central do Tocantins.

Foram quatro anos de sofrimento, angústia e dor. Os abusos começaram no início de 2011, quando Lívia tinha apenas 9 anos, e só cessaram no final do ano de 2015, quando a menina foi morar com a mãe e teve coragem de revelar os fatos.

Após sete anos de luta na Justiça, ela agora respira aliviada ao saber da prisão do pai, Jailton Conceição Bahia, de 41 anos. Ele foi capturado neste domingo (14/01) e vai cumprir pena de 14 anos de prisão.

Desabafo nas redes

Momentos depois da prisão do abusador, Lívia Fernanda postou um desabafo nas redes sociais e também procurou o AF Notícias para revelar a sua história. 

Com o título "A vida depois de ser estuprada", a jovem conta em detalhes todo o sofrimento de ter sido abusada por quem tinha o dever de protegê-la. 

No primeiro dia parece surreal, no segundo a ficha ainda não caiu, no terceiro vem o choro a insônia, insegurança e as crises (tive incontáveis crises de pânico e ansiedade) nas primeiras semanas você vive a vida se arrastando, sobrevivendo aos pensamentos e à depressão, e pedindo pra que seja tudo um pesadelo”, relata a jovem.

Em um mês você só chora, relembrando e vivendo tudo aquilo quando alguém toca no assunto. Em um ano você sorri, brinca, mas a dor e o medo ainda estão ali, e você chora em dias específicos”, segue o desabafo em suas redes.

Em 3 anos você percebe que não é mais a mesma, você prefere viver trancada, dormindo e não quer ver ninguém. Em cinco anos, a dor ainda está lá, na forma de pesadelos e de vez ou outra ter que topar com ele em alguma rua, mas você segue a vida, e faz dessa dor sua amiga”, conta a jovem.

A dor do abuso sexual e psicológico é insuportável e segue por toda a vida, não tem como superar ou esquecer, é uma dor, é uma tristeza que chega a falta o ar e a vista embaçar, mas a vida tem que continuar e está tudo bem, dói, mas você sobrevive, porque tem que viver”, expõe a jovem.

E hoje Lívia, depois da Justiça ser feita? Hoje me sinto livre e grata em saber que minha luta não foi em vão”, finaliza em seu texto.

A jovem afirmou que hoje respira aliviada. “De muita gratidão, pois eu achei que essa hora nunca fosse chegar, meu sentimento é de dever cumprido”, disse.

Ela disse que ainda não havia exposto o caso abertamente porque o processo estava em segredo de Justiça. “Hoje eu posso contar para todos, pois a Justiça foi feita, e me sinto no dever de inspirar outras mulheres que passam pelo mesmo a denunciar”, declarou a jovem.

Hoje, Lívia é casada e um filho de um ano e dois meses.

Os abusos

Segundo a denúncia apresentada à Justiça, os abusos ocorreram de 2011 até o final de 2015, em diversas localidades, mas principalmente na residência dos avós paternos, onde a vítima morava juntamente com o pai, no município de Silvanópolis (TO).

De acordo com a denúncia, Jailton Conceição Bahia praticou, reiteradamente, atos libidinosos contra a própria filha, que tinha 09 anos na data dos primeiros abusos, e 13 anos, quando cessaram.

A primeira vez em que os abusos ocorreram, no ano de 2011, o pai levou a filha a uma represa e, na volta, parou o carro em uma estrada deserta, deitou sobre a vítima e passou a mão em seu corpo. Ele só parou quando a criança começou a chorar e então ofereceu a quantia de R$ 5,00 para ela não contar a ninguém sobre os fatos. 

Posteriormente, por diversas vezes, no decorrer dos anos, o denunciado passou a frequentar o quarto da vítima quando esta estava dormindo, sendo que costumava acariciar seu corpo, desabotoava a roupa da vítima, a beijava, apertava os seios e esfregava o pênis em sua vagina. Consta ainda que os abusos somente findaram no final do ano de 2015, quando a vítima foi morar com sua mãe, e teve coragem de contar o acontecido”, detalha o processo sobre os abusos.

Em julho de 2022, a Justiça condenou Jailton Conceição a 15 anos e 09 meses de prisão, mas ele obteve o direito de recorrer em liberdade e conseguiu reduzir a pena para 14 anos após apresentar vários recursos. O mandado de prisão foi cumprido neste domingo (14/01).

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