Médica na Espanha

Marina Bucar tira dúvidas e passa 'receita ideal' para tratamento da covid-19 em Araguaína

Aplicação de corticoide e cloroquina é prática comum em todos os hospitais, diz.

Por Redação 7.428
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12/05/2020 18h25 - Atualizado há 3 anos
Marina Bucar é médica intensivista no Hospital HM Puerta del Sur, na Espanha

O novo protocolo adotado em Araguaína para tratamento de pacientes da covid-19 foi discutido em reunião on-line, nesta terça-feira (12), entre técnicos da saúde e a médica brasileira Marina Bucar, que mora na Espanha, onde atua no combate à doença.  

O modelo adotado em Araguaína prevê a medicação com hidroxicloroquina e zinco em pacientes com quadros leves e moderados para evitar o agravamento do quadro de saúde.

De acordo com o superintendente de projetos do ISAC, Alberto Aguiar, esse protocolo já é aplicado também em outros hospitais do Brasil. “Visitamos vários hospitais de campanha, de Manaus a Porto Alegre, e a menor taxa de ocupação foi em hospitais onde foi aplicado esse protocolo”, afirmou.

“Essa fase inicial é que a gente está mais preocupado, precisamos evitar a ocupação dos leitos”, alertou o prefeito Ronaldo Dimas.

Estudo e resultado

Marina mora em Madri, onde é coordenadora científica da Universidade de Zaragoza e médica intensivista no Hospital HM Puerta del Sur. Seus protocolos científicos trataram mais de 600 pacientes com o coronavírus, reduzindo a taxa de mortalidade de 20% para 1,8%.

“Não existe um protocolo único na Espanha, cada hospital tem o seu. Esse que passei é um resumo derivado de 100 médicos de Madri e depois de ver 46 mil pacientes”, explicou.
 
Conforme a médica, em momentos de epidemia não é possível fazer o acompanhamento individualizado de cada paciente e por isso o protocolo é importante. “Nossa mortalidade era de 50% porque muita gente aguardava vaga na unidade de tratamento intensivo (UTI). Era algo muito novo e não dava para comparar como a China, os chineses não tem as mesmas fases, não tem grande quantidade de trombose”, explicou.
 
Conjunto de medicamentos

A famosa hidroxicloroquica não é único fármaco do tratamento e só junto com outros apresenta controle da doença.

“Com a introdução do corticoide por pouco tempo, de 3 a 5 dias e com altas doses, baixamos a mortalidade, na época de 18%, para 3,5%”, detalhou.

O corticoide foi responsável também por esvaziar a UTI-Covid do hospital em que Marina trabalha, ficando até 15 dias sem nenhuma internação.

De acordo com a especialista, são muitas práticas diferentes, mas uma é a mesma em todos os hospitais: a aplicação de corticoide e cloroquina.  

“Se não existe uma contraindicação é a hidroxicloroquina ou a cloroquina, sendo que a hidroxi tem menos efeitos secundários, mais azitromicina, anticoagulante e zinco. Essa seria a receita ideal”, contou sobre a prescrição médica. “Os efeitos colaterais da hidroxicloroquina existem para grande período, mas não para poucos dias”, concluiu.
 
Na medida certa

Marina ainda ressalta que os pacientes da covid-19 que estão assintomáticos não precisam de tratamento e mesmo os que tiverem coinfectados por outras doenças, como a dengue, não terão problema com a medicação.

“A gente tem que presta atenção em pessoas têm problemas agravantes e não podemos colocar no mesmo saco que pessoas sem comorbidade”.
 
Em Araguaína, os pacientes em isolamento domiciliar são acompanhados diariamente para saber sobre a evolução dos sintomas, o que definirá quais medidas serão tomadas. “A Marina Bucar continuará como consultora para participar na adaptação local”, explicou o superintendente de projetos do ISAC.

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