Greve da educação

Prefeita instaura PAD contra professores grevistas em Gurupi; Sintet repudia: 'ato arbitrário'

Sindicato disse que Josi Nunes está fazendo uma gestão com 'mão de ferro'.

Por Redação 1.099
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28/08/2022 11h10 - Atualizado há 1 ano
Prefeita Josi Nunes durante coletiva de imprensa para falar sobre a greve

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Tocantins (Sintet) afirmou que a gestão da prefeita Josi Nunes, de Gurupi, abriu processo administrativo disciplinar contra os diretores eleitos que estão reivindicando melhores salários. A categoria está em greve desde o dia 17 de agosto e cobra o reajuste do piso nacional, de 33,24%.

Em nota de repúdio, o Sintet disse que a decisão tomada pela prefeita e pelo secretário Davi Pereira de Abrantes, que também é professor e vereador, é uma atitude "intimidadora e não democrática".  

“O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”, afirma a nota do Sintet, parafraseando a filósofa Simone de Beauvoir.

A abertura dos referidos processos administrativos contra os professores grevistas foi publicada no Diário Oficial do Município n° 0573, publicado nesta sexta-feira (26) de agosto. A gestão também afastou diretores de escolas, e ainda realizou a contratação temporária de novos professores para assumirem os postos dos grevistas.

"O ato praticado é abusivo e arbitrário, uma vez que viola o princípio da dignidade humana, a valorização do trabalho, a Lei de greve nº 7.783 de 28 de junho de 1989 e a sumula 316 do STF, disposições previstas na Constituição Federal de 1.988 e no Plano de Cargo e Salários dos Professores", disparou o Sintet.

O sindicato ainda questiona se slogan de "gestão humanizada" foi apenas propagada em período de campanha. "A gestão humanizada se baseia em um modelo de liderança que se fundamenta na garantia das boas condições de trabalho para os trabalhadores, no bem-estar do servidor e em uma gestão próxima, que entenda as necessidades dos trabalhadores, mas não é o que se vê atualmente na gestão municipal", afirma o Sintet na nota de repúdio.

"A prefeita Josi Nunes não esboça qualquer reação de empatia por aqueles e aquelas que em campanha eleitoral se colocavam como iguais, prometendo respeitar e valorizar a educação básica pública, bem como os profissionais do magistério. Para os professores, as medidas tomadas pela gestão são sorrateiras e não condizem com a imagem da gestão municipal".  

Conforme o Sintet, os professores em greve estão perplexos com a "mão de ferro" que hoje conduz Gurupi, e aguardam que a prefeita retorne as falas de campanha, onde portava-se democraticamente e sem ameaças, bem como retome a sua amistosa afetividade por essa categoria.

A assessoria jurídica do sindicato já analisa as medidas judiciais a serem tomadas em defesa dos trabalhadores afetados pelo decreto municipal.

"Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor", finalizou Gabriela Zanina, presidente do Sintet em Gurupi, citando Paulo Freire.

O QUE DIZ A PREFEITURA?

"A Prefeitura de Gurupi tem como princípio assegurar o acesso à educação na rede municipal de ensino. Com o impacto da paralisação, essa que foi considerada ilegal pela justiça no último dia 20 de agosto, a gestão tomou medidas administrativas para garantir o retorno das aulas, sem prejuízo para a comunidade, uma vez que alguns professores continuam paralisados.

O canal de diálogo continua aberto com a categoria para as negociações. A gestão propôs a criação de uma comissão mista de negociação, com a participação de membros do sindicato, que até o momento não responderam a solicitação. Essa comissão será responsável para analisar os impactos orçamentários e buscar a possibilidade de atendimento da reivindicação da classe."

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