Paternidade exemplar

'Ser pai não é somente um elo sanguíneo', diz terapeuta que adotou meninos com 10 e 14 anos

Fernando realizava trabalhos voluntários, quando conheceu Lúcio e Ângelo.

Por Redação 1.117
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18/08/2023 15h47 - Atualizado há 8 meses
Fernando, o pai (no centro), Lúcio e Ângelo

‘Você está doido?’. ‘Vai estragar a sua vida!’. ‘Não vai dar conta’. Essas foram frases que o terapeuta holístico Fernando Caetano, de 43 anos, contou ter escutado das pessoas quando falou do desejo de adotar um filho. Ele é o segundo personagem da série de histórias sobre paternidades exemplares neste mês dos pais.

Fernando lembra que as críticas não foram empecilhos para tomar a decisão que mudou sua vida, em 2017. “Eu sempre fui muito corajoso, porque, junto dos problemas, vem a solução e são as dificuldades que nos tornam melhores. Hoje eu sou uma pessoa muito melhor por causa dos meus filhos”, contou.

Solteiro, o processo de adoção levou quatro meses, e a chegada dos filhos Ângelo e Lúcio, que na época tinham 10 e 14 anos, trouxe ensinamentos, mais alegria e encantou todos ao seu redor. “Eles são incríveis, sempre foram muito gentis e cativantes. Sempre agregaram. Então, o amor dos meus irmãos, tios, primos, mãe e pai com eles foi imediato”, afirmou Caetano.

De ‘Tio Fernando’ para pai
 
Com um instinto e desejo paterno presente desde a infância, Fernando reconheceu Lúcio e Ângelo como filhos antes mesmo da decisão de adotá-los. Ele realizava com frequência trabalhos voluntários na Casa Ana Caroline Tenório, era conhecido no local como ‘Tio Fernando’. A conexão entre os três foi imediata e notada pelos servidores.
 
“Quando eu cheguei lá, a primeira criança que eu vi foi o Lúcio. Eu olhei para ele e ele para mim e todos perceberam. A partir daí ele começou a ficar do meu lado. Conheci o Ângelo semanas depois, ele notou a nossa união e foi se aproximando também”, contou.

Pai e filhos
 
 

A decisão
 
Fernando contou que não sabia da possibilidade judicial de adotar as crianças da Casa de Acolhimento e, quando foi informado, ficou feliz e ao mesmo tempo inseguro, pois adiou o sonho da paternidade com o medo dos desafios financeiros.
 
“Eu achava que não tinha estrutura e que não estava pronto. Mas me falaram o seguinte: ‘Eles precisam de amor, você tem para entregar?’. Eu respondi que tinha”, ressaltou.
 
Adoção e desafios superados
 
A família passou pela fase de adaptação, teve suporte psicológico, além do respeito de Fernando em lidar com a personalidade e traumas que os filhos carregavam por terem vivido em situação de vulnerabilidade social. Juntos também enfrentaram a pandemia e, segundo ele, essas dificuldades foram superadas.
 
“Teve uma época em que eu estava muito apertado e falei ‘O papai agora não pode comprar isso’. O Lúcio respondeu assim: ‘Pai, o importante não é o dinheiro que o senhor tem, e sim que estamos juntos e podemos passar por todos os problemas’”, relembrou.
 
Fernando ainda conta que, nesse período, descobriu uma nova profissão e absorveu diversas lições. “Eu era comerciante, tinha um aplicativo e precisei me reinventar. Passei a trabalhar como terapeuta holístico e hoje estou melhor que antes. A gente só conhece a si próprio quando temos os nossos filhos. Ser pai não é somente um elo sanguíneo, mas um sentimento”, expressou.
 
Ensinamentos
 
Ter um lar, suporte, receber amor, carinho e educação são motivos de muita alegria para os irmãos. Atualmente, Lúcio está com 21 anos e Ângelo, com 16. Eles contam o quanto aprendem com o pai.
 
“Ele é acolhedor, o meu porto seguro, me ensinou a ter responsabilidade, o poder das palavras e o cuidado nas escolhas, pois tudo tem uma consequência”, contou Lúcio.
 
“Meu pai é uma motivação para eu viver e continuar com os meus objetivos. Penso em terminar os meus estudos e seguir os meus sonhos”, finalizou Ângelo.

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