Investigação no Tocantins

STF suspende Operação Ápia no Tocantins que investiga desvios de R$ 200 milhões

Por Agnaldo Araujo
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26/04/2018 10h30 - Atualizado há 5 anos
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma liminar em habeas corpus em favor do empreiteiro e militar da reserva Geraldo Magela Batista de Araújo, preso na Operação Ápia da Polícia Federal. O inquérito do caso será paralisado. A Ápia investiga uma suposta organização criminosa que teria fraudado licitações relacionadas a obras de terraplanagem e pavimentação no Tocantins. A suspeita é de que um grupo formado por políticos e empresários teria desviado cerca de R$ 200 milhões. Geraldo Magela era sócio representante da Construtora Barra Grande e foi preso na mesma época que o ex-governador Sandoval Cardoso, em outubro de 2016. A decisão do ministro do STF atende a um pedido dos advogados Rodrigo Mudrovistch e George Andrade Alves. Os advogados entraram com habeas corpus contra decisão do Superior Tribunal de Justiça que não reconheceu ilegalidades praticadas pelo juiz da primeira instância ao desmembrar a investigação. A PF também teria cometido ilegalidade ao investigar pessoas com foro privilegiado. O ministro Celso de Mello concordou que o juiz de 1ª instância usurpou a competência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) ao desmembrar o inquérito. Na operação, os investigadores chegaram a representar por medidas cautelares contra pessoas com foro. O juiz de 1ª instância negou e atendeu ao pedido do MPF para desmembrar o caso e enviar ao TRF-1 a parte sobre o deputado José Eduardo Siqueira Campos e o então secretário de Infraestrutura Sergio Leão. Para o ministro, essa decisão sobre o desmembramento só poderia ter sido tomada pelos desembargadores do TRF-1, e não pelo juiz de primeiro grau. Por meio da concessão da liminar, o ministro suspendeu, até o final do julgamento do HC, a tramitação do inquérito contra o empreiteiro e todos os outros investigados. ESQUEMA Segundo informações da Polícia Federal, a organização suspeita de fraudar licitações de terraplanagem e pavimentação asfáltica no Tocantins funcionava em três núcleos compostos por políticos, servidores públicos e empresários. A suspeita é de que o grupo tenha desviado cerca de R$ 200 milhões. Entre os investigados está o ex-governador Sandoval Cardoso, que teve prisão preventiva decretada e se apresentou no dia 13 de outubro. Além do ex-governador Siqueira Campos, que já cumpriu um mandado de condução coercitiva e foi levado para prestar depoimento. Segundo o superintendente regional da PF no Tocantins, Arcelino Vieira, os núcleos eram formados com a intenção de fraudar e burlar a fiscalização de forma a conseguir lucrar com os serviços, que muitas vezes não eram executados. "O núcleo político era composto por pessoas que compunham o alto escalão do Estado, dois ex-governadores [Sandoval Cardoso e Siqueira Campos] que, através de contratos com Banco do Brasil, conseguiram empréstimos internacionais", disse. O superintendente explicou que os empréstimos estavam fundamentados em uma lei estadual, a qual também autorizou o estado a criar um comitê executivo que gerava os recursos e os distribuía para várias secretarias estaduais. Uma delas era a Secretaria de Infraestrutura (Agetrans) que fazia a licitação e o acompanhamento de todas as obras. Segundo a investigação da PF, os recursos adquiridos através de três linhas de crédito somavam R$ 1,2 bilhão. Deste valor, a Agetrans ficou com R$ 850 milhões para investir em obras nas rodovias, mas os contratos receberam aditivos que se computados, ultrapassariam R$ 1 bilhão. "Os editais eram recheados de cláusulas restritivas à concorrência que favoreciam empresários do grupo. Ao final se constatou que havia ajuste de preços para dividir o lote entre seis empresas. Está bem clara a existência de um cartel para o fim de fraudar as licitações e desviar dinheiro público federal", explicou o procurador da república José Ricardo Teixeira. (Com informações - Estadão) Relacionadas http://afnoticias.com.br/justica-decreta-prisao-de-ex-secretarios-engenheiros-e-donos-de-construtoras-dois-sao-de-araguaina/ http://afnoticias.com.br/sandoval-marquinhos-da-mvl-e-outros-suspeitos-vao-ficar-presos-por-tempo-indeterminado-decide-justica/ http://afnoticias.com.br/justica-federal-prorroga-prisao-de-sandoval-marquinhos-da-mvl-rossini-e-de-outros-oito-suspeitos/

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