Desde a quarta-feira (14), mais de 30 relatos de assédio foram registrados no campus da Universidade Federal do Tocantins (UFT) em Palmas. Todos os casos têm o envolvimento de uma mesma pessoa, um suposto estudante do curso de medicina.

Várias alunas relataram nas redes sociais que também tinham sido assediadas pelo mesmo acadêmico. Geralmente, o crime acontece dentro do próprio campus, no ônibus que faz a rota da universidade e, em casos específicos, o suspeito segue as garotas até suas casas.

Bruna Cunha de Mello é presidente do Centro Acadêmico de Medicina e está juntando relatos das situações para denunciar formalmente à direção da UFT. ‘‘A questão é que assédio é crime, e recentemente o C.A. foi procurado por inúmeras meninas do próprio curso e de outros cursos (mais de 30) com queixas, relatos dos mais leves aos mais abusivos, e nós não podemos nos calar diante disso”, disse.

A estudante também reclamou da falta de segurança. ‘‘Vivemos com medo de ir embora às 22h dentro do ônibus ou ficar no campus sem iluminação, com poucos seguranças fazendo ronda, acesso livre para qualquer pessoa, e o pior, enorme burocracia para relatar e sanar esses problemas’’, frisou.

Ainda segundo a presidente de Centro Acadêmico, uma reunião com representantes da UFT está prevista para a próxima segunda-feira (19) para tratar do assunto.

“Como presidente do C.A., estou tomando as medidas cabíveis dentro da UFT, levando os relatos e Boletins de Ocorrência para a ouvidoria da instituição", finalizou.

Um espaço online foi criado para que casos parecidos sejam denunciados aos Centros Acadêmicos com o objetivo de facilitar a identificação e punição dos responsáveis.

A UFT foi procurada, mas ainda não se manifestou. 

NOTA DE REPÚDIO DO C.A.

“Um clamor público com teor de denúncia chamou a atenção deste centro acadêmico. Chegou ao nosso conhecimento que estudantes se uniram contra um estudante de medicina da UFT, a acusação que lhe pesa: assédio sexual contra alunas do próprio curso e de outros cursos. 

Em primeiro lugar, o curso de medicina da UFT NÃO concorda com atos que ferem a imagem de QUALQUER PESSOA, nesse caso exclusivo, às mulheres, e nunca vamos tolerar isso. Saibam que, toda e qualquer vítima desse tipo de violência (nesse caso) que quiser ser acolhida ou denunciar suas ações dentro do nosso centro acadêmico será bem-vinda, independente de pertencer ao curso de medicina ou não, conte com nosso apoio.

Em segundo lugar, queremos deixar claro que também não temos competência para declarar alguém como culpado, porém faremos o possível para encaminhar as denúncias para os órgãos responsáveis e capazes de julgá-los.

TODA E QUALQUER DENÚNCIA SERÁ ACOLHIDA PELO CENTRO ACADÊMICO E LEVADO ADIANTE PARA COMPETÊNCIAS SUPERIORES DO CURSO (podem ser anônimas) de forma impressa, para que a coordenação também saiba dos ocorridos.  Além disso, aconselhamos que façam boletim de ocorrência da delegacia da mulher, pois esse tipo de atitude é crime”.